Após um 2022 muito negativo tanto para as ações como para as obrigações, 2023 voltou a fazer sorrir os investidores. Em primeiro lugar, porque já se perspetivam cortes das taxas de juro em 2024, depois do mais rápido ciclo de subida das taxas, de um lado e do outro do Atlântico. A inflação baixou significativamente na maioria dos países europeus e nos EUA, embora ainda não tenha atingido a meta dos 2%. Em segundo lugar, a política monetária mais restritiva adotada pelos bancos centrais não afetou o crescimento económico tanto como se temia.
Apesar de estarmos perto da recessão na Europa, ela deverá ser ligeira e de curta duração, pelo que se conseguiu o melhor de dois mundos: reduzir bastante a inflação sem comprometer demasiado o crescimento.
Assim, apesar dos conflitos geopolíticos, que geraram instabilidade e volatilidade no preço do petróleo (-11,6%), as bolsas fecharam o ano em alta, com o Nasdaq (+38,6%) a liderar e a aproximar-se dos máximos do final de 2021. O S&P 500 também teve uma subida assinalável de 20% e o mítico Dow Jones, embora tenha subido menos (+9,9%), fixou novos recordes.
Na Europa, as subidas não foram tão altas, com o Stoxx Europe 600 a valorizar 12,7%. Mas, as praças de Milão (+28%) e de Madrid (+22,8%) estiveram em destaque, tal como Frankfurt e Paris, que subiram 20,3% e 16,5% e fixaram novos máximos de sempre. Fora da zona euro, Zurique (+10,2%) e Londres (+6,3%) tiveram ganhos mais modestos.
No resto do mundo, realce para a Bolsa de São Paulo (+28,4%). Em contraciclo com os restantes, o mercado chinês fechou negativo (-16,1%), penalizado pela crise do setor imobiliário e pelo menor vigor do crescimento económico no país.
Grandes tecnológicas lideraram as bolsas
As tecnológicas foram as principais responsáveis pelos ganhos bolsistas de 2023, mas a sua evolução não foi homogénea, com as empresas ligadas à inteligência artificial e as sete magnificas em particular (Alphabet: +53%; Amazon: +74,8%; Apple: +43,2%, Meta Platforms: +184,2%; Microsoft: +51,5%; Nvidia: +228,6%; e Tesla: +94,9%) a explicarem boa parte da subida dos índices, (variações calculadas em euros).
De resto, os setores mais cíclicos, como o automóvel (+32,1%), liderado pela Tesla mas também pela Stellantis (+59,5%), Ferrari (+52,4%) e Paccar (+43%), ou o da construção (+25,9%), com a Mota-Engil e ACS (+60,2%) em destaque, tiveram um bom ano, já que as perspetivas iniciais de forte abrandamento económico e até recessão não se verificaram.
A banca europeia (+22,4%) beneficiou da subida das taxas. BCP, UBS (+61,1%), BBVA (+46%) Santander (+34,9%) destacaram-se.
Ao invés, os setores defensivos fecharam em queda, já que os investidores privilegiaram os ativos com maior risco: alimentação e bebidas (-5,1%), bens de consumo (-4,7%), serviços públicos (-2,1%) e farmacêuticas (-0,4%).
Mota e BCP foram estrelas em Lisboa
A bolsa de Lisboa (+11,7%) fechou o ano em alta e atingiu novos máximos desde julho de 2014. As grandes estrelas nacionais foram a Mota-Engil (+238,5%), cuja cotação mais do que triplicou, e o BCP (+87,4%), que beneficiou da melhoria dos resultados originada pela subida das taxas de juro.
Em forte alta, esteve também a Cofina (+74,5%), após a sua administração ter aceite a proposta de compra da Cofina Media feita pelo MBO. Realce ainda para a Novabase (+32,7%), que seguiu a toada positiva do setor.
Pela negativa, a NOS (-15,4%) liderou as quedas, devido às dúvidas face à rentabilidade do 5G. Algumas empresas de energia foram pressionadas pela subida das taxas de juro.
Foram os casos da EDP Renováveis (-8,8%), da EDP (-2,2%) e da própria REN (-7,7%) que foi penalizada pelo maior apetite dos investidores pelo risco. A GreenVolt (+4,9%; escapou às quedas no final do ano, devido à OPA que a americana KKR irá lançar sobre a empresa a 8,30 euros por ação.
Perspetivas para 2024
Para 2024, as perspetivas são positivas para os mercados de ações e de obrigações. O fim do ciclo de subida das taxas de juro e os cortes esperados já para este ano são o principal motivo para o otimismo moderado. A descida das taxas de juro de mercado estimula a cotação das obrigações.
Para as ações, a descida das taxas tem vários efeitos positivos: torna menos atrativos outros tipos de investimento; estimula o crescimento económico e reduz os custos financeiros das empresas e, por consequência, aumenta os lucros. Por exemplo, o setor das energias renováveis, que foi penalizado pela subida dos juros em 2023, pois é muito intensivo em termos de capital, poderá agora beneficiar dos cortes de taxas que estimularão novamente investimento em novos projetos.
Ainda assim, não se esperam ganhos tão altos como em 2023 e ainda há muitas incertezas no horizonte, como os conflitos bélicos, que podem alastrar-se e ter efeitos globais mais negativos, a evolução da inflação, que ainda não está totalmente controlada e que pode alterar as perspetivas quanto às taxas de juro, e o próprio crescimento, que pode trazer surpresas por ainda não refletir totalmente as subidas das taxas e pela menor dinâmica da China.
Mas, se tem uma carteira de ativos diversificada, como as da PROTESTE INVESTE, não há razões para alterar de forma significativa os seus investimentos.
Números do ano
+238,5%
A Mota-Engil (+238,5%) foi a empresa da nossa seleção que mais valorizou em 2023, a beneficiar da melhoria dos resultados e sobretudo do forte incremento da carteira de encomendas, que atingiu níveis recorde e que lhe abre boas perspetivas de crescimento no futuro.
+38,6%
Impressionante subida do índice tecnológico Nasdaq, em 2023, medido em euros, estimulado pelos ganhos das sete magnificas (Alphabet, Amazon, Apple, Meta Platforms, Microsoft, Nvidia e Tesla). Ainda assim, fechou o ano 7% aquém do máximo de novembro de 2021.
3,1%
Taxa de inflação homóloga nos Estados Unidos, em novembro. Apesar de ainda estar acima da meta dos 2%, representa uma descida muito significativa face ao pico de 9,1% atingido em junho de 2022. Na zona euro, a taxa de inflação está agora nos 2,4% e em Portugal nos 1,8%.
5,5%
A taxa de juro diretora da Reserva Federal norte-americana atingiu os 5,5% em 2023 e deverá agora começar a baixar, esperando-se que os cortes tenham início já em 2024. O mesmo deverá acontecer na zona euro, onde a taxa de juro do BCE deverá começar a baixar dos atuais 4,5%.
42 085 $
Depois de um pico superior a 67 000 dólares atingido no final de 2021, a bitcoin caiu a pique em 2022, para pouco mais de 16 000 dólares. Porém, em 2023 voltou a reerguer-se e valorizou 147,6% a fechar o ano nos 42 085 dólares, com a criação de ETF’s de bitcoin a estimular o preço. Não aconselhamos o investimento em criptomoedas devido ao seu caráter especulativo e elevada volatilidade.
Top subidas
Mota-Engil +238,5%
Meta Platforms +184,2%
Tesla +94,9%
BCP +87,4%
Intel +83,7%
Amazon.com +74,8%
Cofina +74,5%
UBS Group +61,1%
Applied Materials +60,8%
ACS +60,2%
Top descidas
Atenor -72,7%
Euroapi -58,6%
Pfizer -45,7%
Agfa-Gevaert -44,9%
Anglo American -37,7%
VF Corp -34,2%
Bayer -30,4%
Diageo -19,9%
Chevron -19,7%
PostNL -16,9%
O ano em números
Principais dados e bolsas | |
Dólar EUA (câmbio) | -3,4% |
Ouro (onça) | +9,9% |
Petróleo (brent) | -11,6% |
Juros (OT a 10 anos) | -70 P.B. |
Europa Stoxx 600 | +12,7% |
EUA S&P 500 | +20,0% |
EUA Nasdaq | +38,6% |
Lisboa PSI | +11,7% |
Frankfurt DAX | +20,3% |
Londres FTSE 100 | +6,3% |
Tóquio NIKKEI 225 | +16,0% |
Variação das cotações entre 31/12/2022 a 31/12/2023, em euros.
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