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Jorge
Duarte
Analista financeiro independente registado na CMVM.
Licenciado em Economia pelo ISEG.
Membro da Ordem dos Economistas.
FMI: Portugal afunda 8% com o Grande Confinamento, a pior recessão desde 1929
Há 2 anos - 15 de abril de 2020
Jorge
Duarte
Analista financeiro independente registado na CMVM.
Licenciado em Economia pelo ISEG.
Membro da Ordem dos Economistas.

Para Portugal, o FMI estima que o desemprego atinja 13,9% este ano contra 6,7% no final de 2019.
O Fundo Monetário Internacional apresentou ontem as suas mais recentes previsões para a economia mundial. A crise atual, causada pela pandemia de Covid-19, foi apelidada de Great Lockdown, o “Grande Confinamento” e o cenário traçado foi sombrio: em 2020, a economia mundial deverá conhecer uma recessão de 3%. Durante a crise financeira, a contração do PIB global saldou-se por apenas 0,8% em 2009. Pior só durante a Grande Depressão do final da década de 20, no século XX, onde a economia terá acumulado uma queda de 16% entre 1929 e 1932.
A crise será mais acentuada entre as economias desenvolvidas com uma contração de 6,1%, enquanto os emergentes se saldam por uma quebra de 1%. A zona Euro deverá encolher 7,5% e os Estados Unidos 5,9%. Portugal ficará pior do que os seus parceiros do euro com o PIB a recuar 8%.
O pior ano para Portugal, durante a vigência da troika foi 2012, tendo a economia contraído, na altura, 4,1%. Se o nosso país depois pôde recuperar, sobretudo, graças às exportações e ao turismo, agora essa parece uma solução pouco viável dado que o resto do mundo está no mesmo barco.
A crise será igualmente preocupante em termos de desemprego. Para Portugal, o FMI estima que atinja 13,9% este ano contra 6,7% no final de 2019, ou seja, mais do dobro, sendo um dos maiores agravamentos dentro da zona Euro. As previsões do FMI são bastante mais sombrias do que as do Banco de Portugal. Recorde-se que esta instituição estimou, no seu cenário base, uma contração do PIB de apenas 3,7% e uma taxa de desemprego em 10,1%.
Emergentes fazem economia recuperar em 2021
E a recuperação? O FMI prevê que, em 2021, a economia global cresça 5,8% sobretudo graças a uma evolução mais favorável dos emergentes. Entre os países desenvolvidos, o crescimento será claramente insuficiente para recuperar as quedas de 2020. Portugal não escapa a essa previsão, pois após o recuo do PIB de 8% em 2020, crescerá apenas 5% em 2021. A taxa de desemprego recuará de 13,9% para 8,7%.
Dada a incerteza quanto à evolução da pandemia do novo coronavírus, o FMI alerta que está a assumir uma recuperação da atividade já a partir do segundo semestre deste ano. Caso contrário, a recessão de 2020 poderá ser ainda mais severa e também não exclui um ressurgimento do coronavírus em 2021.
Pela positiva, o FMI refere a intervenção massiva dos Governos e dos bancos centrais para apoiar as economias. As preocupações orçamentais não devem constituir um travão, até porque as taxas de juro permanecem baixas e a recuperação que se seguirá permite ir diluindo o maior peso da dívida.
Para os investidores, as previsões do FMI realçam bem a incerteza e a dimensão da crise. Neste contexto, a recuperação dos mercados nas últimas semanas deve ser vista com prudência. As hipóteses de surgirem surpresas desagradáveis no curto prazo são elevadas. Os efeitos que o Grande Confinamento terá no PIB do segundo trimestre é uma incógnita e terá também repercussões desconhecidas no segundo semestre.
Se aconselhámos a não ceder ao pânico, agora é importante que não vá na euforia de uma recuperação rápida das economias e uma subida sustentável das bolsas. Novas quedas não são de excluir, contudo, a longo prazo, a recuperação será certa. Por isso, mantenha uma carteira diversificada tal como preconizado pelas nossas estratégias recomendadas. O único fator positivo é que a inflação deverá ser negativa em 2020 em Portugal (-0,2%), o que aumentará o rendimento real das aplicações.
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