A regra 80-10-10 do investimento

A carteira de investimentos pode ser vista como o conjunto de todos os seus ativos financeiros (incluindo até outros como o imobiliário).

Mesmo restringido essa definição apenas à parte financeira continua a ser muito abrangente. Por isso, é importante cumprir as regras básicas para investir da melhor forma.

Primeiro constitua o fundo de emergência e depois, ao restante património, aplique a regra de 80-10-10.

80-10-10

Os números são as percentagens que deve alocar a cada componente da carteira, incluindo investimentos extra, mais ou menos especulativos.

É uma regra com tradição e vem do inglês Core-Satellite, onde o “core” (núcleo) é a parte mais importante e deve representar a percentagem predominante (80%) dos seus investimentos.

A outra é denominada de "satélite" precisamente para representar que estes investimentos são uma parte marginal em órbita do núcleo.

80 no Core

O “core” deve representar 80% das suas poupanças e tem de ser composto por investimentos diversificados e, de preferência, realizados numa ótica de longo prazo.

São exemplos, as três carteiras de fundos/ETF recomendadas pela Proteste Investe. Ou as ações individuais com conselho de compra desde que adquiridas e mantidas de forma conjunta (mínimo de 10 empresas de diferentes mercados e setores).

Se quiser um nível de risco mais reduzido (e menor rendimento potencial) diminua a exposição aos mercados financeiros. Assim, aloque parte dos 80% a produtos de capital garantido, como Depósitos a prazo, Certificados de Aforro e Certificados do Tesouro.

Na estratégia 80-10-10, os 80% devem ser vistos como um mínimo que é importante respeitar, mas não há inconveniente de ir até aos 100%.

Nada o impede de investir tudo o que tem à disposição nesta componente e não ter investimentos extra.

20 de Extras

Tendo composto os 80% da forma descrita, pode dedicar os restantes 20% a outro tipo de ativos. Estes extras devem ser, por sua vez, repartidos em 10% em posições não especulativas e outros 10% em especulativos.

No seu conjunto são todos aqueles que se referem a mercados ou instrumentos que não estão presentes na estratégia “core”.

Claro que poderá se ficar apenas pelos primeiros e expandir o seu peso até 20%, mas é muito pouco prudente exceder os 10% destinados à especulação.

Porquê? Porque o risco torna-se excessivo e desequilibra toda a carteira. O quadro em baixo identifica onde se incluem os principais tipos de ativos.

Por exemplo, fundos setoriais não são tipicamente especulativos porque assentam numa aposta de longo prazo e estão, por natureza, diversificados por muitas empresas.

Vantagens do 80-10-10

A inclusão de investimentos complementares ao Core pode melhorar a totalidade dos ativos investidos ou reduzir o risco.

Por exemplo, pode incluir investimentos mais adequados a situações de mercado específicas (exemplo: setores mais defensivos em caso de recessão) ou empresas, sobre as quais pode valer a pena especular, para explorar um maior crescimento.

Há também motivos psicológicos. Muitos investidores seguem de perto o mercado e adquirem o hábito de realizar transações para tentar aproveitar oportunidades.

Por isso, a regra protege o core 80 e garante que não irão gerir de forma demasiadamente ativa (e contraproducente) a maior parte das suas poupanças.

Ao mesmo tempo, a margem de manobra dos 10+10 permite que façam pontualmente apostas em ativos que considerem apelativos a curto e médio prazo e, dessa forma, obtenham a satisfação adicional que surge das suas próprias decisões de investimento.