Análise

Qual a melhor criptomoeda para investir em 2023?

criptomoedas promissoras

As criptomoedas podem ter sofrido um abalo, mas não está em causa a tecnologia que lhe está subjacente, a blockchain.

Publicado em: 27 abril 2023
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As criptomoedas podem ter sofrido um abalo, mas não está em causa a tecnologia que lhe está subjacente, a blockchain.

2022 foi um ano de quedas para as criptomoedas. Este ano o desempenho de alguns ativos tem melhorado. Saiba quais os investimentos mais promissores nesta área.

Em 2021, as criptomoedas atingiram máximos históricos, atraindo investidores incautos, ansiosos por lucros fáceis. O sonho ruiu, contudo, no ano passado, quando vários escândalos minaram a credibilidade das moedas digitais. Muitos intervenientes do mercado, especialmente mineradores de criptomoedas, estão agora em dificuldades. Depois deste expurgo, será o momento para tentar uma aposta nesta área?

Como funcionam as criptomoedas?

As criptomoedas podem ter sofrido um abalo, mas não está em causa a tecnologia que lhe está subjacente, a blockchain. Esta consiste num sistema informático que oferece a possibilidade de eliminar intermediários e ou terceiros para validar determinadas operações. Por exemplo, uma transferência de dinheiro não precisa de passar por um banco, ou o contrato da venda de um imóvel dispensa um notário. 

As criptomoedas, surgidas em 2008, foram as precursoras desta tecnologia blockchain. Não necessitam de um banco central, funcionando através de uma rede de computadores descentralizada. A Bitcoin e a Ethereum, por exemplo, permitem que o dinheiro seja transferido do individuo A para o B sem intermediários ou comissões, sendo atualmente o uso mais emblemático da tecnologia blockchain. 

O campo de utilizações é, no entanto, bem mais vasto e tem potenciais aplicações em muitos outros campos, que vão desde a logística aos dados médicos. 

Como funciona? Imagine peças de lego, que vão encaixando à medida que ocorre uma operação, formando blocos que contêm centenas de transações. Daí o termo blockchain (cadeia de blocos, em português). 

Para garantir todo esse processo, indivíduos ou empresas mineradoras disponibilizam o poder de computação dos seus computadores para realizar as operações e validações necessárias para cada operação. Esses mineradores são pagos em criptomoedas e garantem a fiabilidade de toda a rede. 

As vantagens da blockchain são inúmeras, pois agilizam operações, simplificam o comércio, reduzem custos e conferem maior segurança às transações. 

O que aconteceu às criptomoedas em 2022? 

Tal como aconteceu com os mercados acionistas, o ano de 2022 foi um pesadelo para as moedas digitais. As políticas monetárias dos bancos centrais, que aumentaram as taxas de juro, a guerra na Ucrânia e as suas consequências na inflação, bem como os receios sobre uma eventual recessão económica, criaram um ambiente hostil à assunção de riscos.
Ao longo do ano passado, o valor da Bitcoin passou de cerca de 46 mil dólares para pouco mais de 16 mil, uma queda de 64 por cento.

A falência, em meados de novembro, da FTX, uma plataforma americana suspeita de desvio de fundos de clientes, gerou receios de um eventual efeito bola de neve no universo cripto. De facto, várias empresas faliram, incluindo o banco californiano Silvergate Capital, importante financiador da indústria cripto. Este escândalo levou a uma forte desvalorização da Bitcoin.

Todavia, a intervenção das autoridades norte-americanas no sistema bancário e as expectativas do mercado relativas às taxas de juro futuras ajudaram a Bitcoin a disparar 40%, em março, para 28 mil dólares.

O que esperar do mercado cripto em 2023? 

É difícil antecipar a evolução dos criptoativos e da tecnologia blockchain. É certo que o desempenho dos chamados “ativos de crescimento” tem melhorado desde o início do ano, devido à esperança de uma flexibilização das políticas monetárias restritivas dos bancos centrais. 

Houve um impulso em algumas ações do setor, massacradas em 2022, bem como na Bitcoin, cuja cotação permanece, no estado atual, o termómetro de todo o ecossistema blockchain. 

Mas é impossível estabelecer um preço de equilíbrio sobre este ativo muito especial. As previsões são díspares. Por exemplo, Cathie Wood, do fundo ARK Investment, vaticina que o valor da Bitcoin atingirá o milhão de dólares em 2030, enquanto a BCA Research prevê um preço de 5 mil dólares dentro de dois anos. 

Uma coisa parece clara. Se os bancos centrais abrandarem o aumento das taxas de juro nos próximos meses, isso poderá espoletar uma nova subida da Bitcoin. Todavia, neste momento, é pura especulação. Se a inflação continuar a ser uma preocupação e as taxas subirem acentuadamente, os ativos de risco serão penalizados. 

Neste tipo de conjuntura, os investidores preferem refúgios seguros, mais previsíveis. Note-se que a tecnologia blockchain – o coração do reator – não está em causa nem é afetada pelos vários escândalos. A sua utilização está a progredir noutros setores, como a distribuição (Walmart), o luxo (Prada) ou as finanças (J.P. Morgan). 

De acordo com um estudo da consultora Accenture, os bancos de investimento poderão poupar 10 mil milhões de dólares com o uso da blockchain nas operações. Subsistem, no entanto, grandes desafios para a sua adoção em larga escala. 

O processo de blockchain requer um consumo de energia significativo, o tempo de latência para validar as operações continua a ser relevante e muitas questões legais e fiscais estão ainda a ser resolvidas. 

Por último, o setor sofre com a falta de experiência. Portanto, tenha cuidado. 

Como investir em criptomoedas?

Um investimento em criptomoedas ou mais amplamente na tecnologia blockchain não é, certamente, para todos. Só os especuladores deverão apostar, e apenas com dinheiro de que possam prescindir. 

Mal regulamentada, a blockchain está na sua infância. Se, apesar das advertências da PROTESTE INVESTE neste tipo de investimento, quiser apostar, limite o investimento a um máximo de 5% da sua carteira. 

Mesmo dentro do investimento nas criptomoedas é possível diversificar, de modo a reduzir o risco, adquirindo, por exemplo, participações em ETF que sigam a performance de várias criptomoedas. Pode também comprar mais do que uma moeda digital. Uma vantagem é a questão fiscal.

A partir de 2023, as mais-valias geradas com a venda de criptoativos passam a ser tributadas, mas apenas as detidas há menos de um ano. Portanto, se detiver, por exemplo, Bitcoin por mais de um ano e obtiver ganhos com a venda estará isento de imposto. 

Esta atualização da lei cria uma situação de desigualdade fiscal, dado que os restantes produtos financeiros, como fundos de investimento, ações e ETF, continuam a ser tributados a 28%, mesmo que detidos por mais do que 365 dias. Não importa que também eles invistam em criptoativos. 

A PROTESTE INVESTE sempre defendeu a equidade e a neutralidade fiscais na tributação dos rendimentos provenientes de produtos financeiros. Os criptoativos, por terem cariz especulativo e não serem regulamentados, comportam riscos acrescidos para o investidor e não deveriam receber tratamento fiscal mais favorável do que ações ou ETF.

É mais justo estender a isenção de tributação também a estes produtos, no caso de serem detidos por mais de um ano, para incentivar a poupança e o investimento responsáveis.

Investir através de ETF 

Dos vários ETF existentes, com posições em empresas de tecnologia, mineradoras de criptomoedas ou empresas de serviços financeiros e plataformas de pagamento cripto, há dois disponíveis em Portugal que se destacam pela importância e ou representatividade. 

Criado em 2021, o ETF VanEck Crypto e Blockchain tem como principais posições o grupo de pagamentos eletrónicos e móveis Block e a plataforma de criptomoedas Coinbase. Contempla ainda a Applied Digital, a Riot Blockchain, a Microstrategy, a Silvergate, a Cleanspark, a Galaxy Digital Holdings Ltd e a Bitcoin Group. 

São todos investimentos de alto risco e muito dependentes do comportamento das criptomoedas. 

No ano passado, este ETF caiu 72 por cento. Não invista. 

Por ser mais diversificado, o ETF Invesco CoinShares Global Blockchain é um pouco menos arriscado. Tem um peso menor de mineradores e mais gigantes da tecnologia, incluindo fabricantes de semicondutores, como a Nvidia. Outros nomes são a Coinbase Global, a Monex, a SBI, a Microstrategy, a Samsung, a Intel e a Meta Platforms. 

O valor caiu 34%, no ano passado, mas para quem pretende investir no setor através de um ETF sem correr riscos excessivos, este é o melhor compromisso.

Investir através de ações 

Atingido pela crise de 2022, que levou ao aumento dos preços da energia, o setor de mineração é composto por empresas financeiramente muito frágeis e altamente endividadas. Por essa razão, deve ser evitado. 

As ações da americana Core Scientific, ex-líder na área, caíram, no ano passado, de 10,5 dólares para 0,09 dólares. Em Londres, a cotação da mineradora Argo Blockchain, que subiu de 11 libras, no final de 2020, para 240 libras, em fevereiro de 2021, ronda atualmente as 14 libras. 

Se a legislação sobre criptomoedas for fortalecida ou houver aumento dos preços da energia, novas dificuldades surgirão. Para piorar, o Governo americano anunciou um imposto adicional de 30% sobre os custos da eletricidade usada na mineração de ativos digitais. 

Block e Coinbase, uma compra especulativa 

Muitos grupos financeiros ou plataformas de pagamentos tentaram surfar a onda da blockchain e das criptomoedas. Entre eles está a Coinbase. Apesar da queda acentuada na cotação, a ação ainda está sobrevalorizada. Se as criptomoedas se afirmarem no mundo financeiro, a concorrência colocará, inevitavelmente, as margens do grupo, já de si baixas, sob forte pressão. Se detém ações, é aconselhável vendê-las. 

Outro peso-pesado é a Block, uma empresa americana de pagamentos eletrónicos encontrada, frequentemente, em ETF temáticos. A sua app permite, entre outros, o pagamento entre particulares e comerciantes e a compra e venda de ações e Bitcoin. O ano de 2022 terminou no vermelho para a Block, pressionada pela queda da Bitcoin, que representa 40% do volume de negócios. Excluindo esta criptomoeda, o crescimento é robusto. As receitas aumentaram 37%, e as transações 20 por cento. A sua Cash App ainda tem espaço para crescer, tendo em conta a tendência para a utilização cada vez menor do dinheiro físico. A ação é, no entanto, muito arriscada devido à dependência da evolução da Bitcoin. Só é interessante para especuladores. 

Nvidia, líder nos chips 

Se a blockchain passar por um desenvolvimento em larga escala, os fabricantes de semicondutores, ao fornecerem componentes essenciais e cada vez mais eficientes para servidores, estão entre os potenciais beneficiários.

A Nvidia, uma gigante de semicondutores, possui chips eletrónicos com alto desempenho e eficiência energética, particularmente adequados para computadores que mineram criptomoedas. 

A cotação sofreu fortemente em 2022 (-50%), mas recuperou no início de 2023 (65%) graças, em parte, à evolução positiva da Bitcoin. 

Mesmo que as perspetivas de crescimento dos lucros sejam altas para o grupo, a ação parece um pouco cara para uma compra, mas se tiver ações, mantenha-as.

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