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Tiago
Martins
Economista
Mestre em Economia Monetária e Financeira pelo ISCTE-IUL.
Queda da FTX afunda o mercado de criptomoedas
Há 2 meses - 29 de novembro de 2022
Tiago
Martins
Economista
Mestre em Economia Monetária e Financeira pelo ISCTE-IUL.
Na sexta-feira, dia 11, Sam Bankman Fried renunciou ao cargo de CEO e a FTX acionou o chamado “chapter 11”, dando início ao processo de insolvência nos EUA.
A empresa vai continuar a operar, enquanto elabora um plano para pagar aos credores.
As primeiras declarações do novo CEO, John J. Ray III, foram contundentes: "Nunca na minha carreira vi uma tão completa falta de controlo empresarial e uma tal ausência de informação financeira fidedigna".
O que aconteceu?
O início deste processo foi uma notícia avançada pela Coindesk (site de notícias cripto), de que parte significativa do balanço da Alameda Research era composta por FTT e Solana, o que levantou preocupações entre os investidores sobre a possível falta de liquidez do braço de investimento e investigação da FTX.
A FTX usava, portanto, o próprio token FTT e outra moeda com pouca estabilidade (Solana) como colateral, uma prática irresponsável que tem vindo a ser bastante criticada e que despoletou toda a derrocada da FTX.
No entanto, isso foi só o começo, dados mais recentes indicam que a FTX violou os seus próprios termos de serviço e fez uso indevido de fundos dos utilizadores.
Terá colocado milhares de milhões de dólares pertencentes a clientes em apostas arriscadas através da Alameda Research.
Quais são as consequências?
Já avançou um processo em tribunal com visados como Steph Curry, Shaquille O’Neil e Tom Brady, pela promoção desta plataforma.
O fundador e ex CEO da FTX Sam Bankman-Fried é quem tem mais holofotes apontados neste momento e está na mira dos reguladores e procuradores.
A acusação diz que a empresa se tratava de um esquema fraudulento com práticas que pretendiam enganar investidores inexperientes.
Cada vez parece mais provável que muitos, se não todos os investidores da FTX incorram em perdas totais ou parciais de capital.
A estimativa atual indica que só os investidores dos EUA terão perdas a rondar os 11 mil milhões de dólares.
Também preocupante é o contágio a outras plataformas, a genesis, blockfi e salt já interromperam levantamentos por dificuldades de liquidez.
Efeitos no mercado dos criptoativos
Como já havíamos feito referência, a queda da FTX levou a um efeito em cadeia que afundou todo o mercado de criptomoedas atirando-o para valores que já não se viam há anos.
A falência de uma das maiores plataformas de trading de criptomoedas do mundo relembra-nos dos perigos existentes neste mercado.
É a prova que até os intervenientes mais respeitados e de maiores dimensões podem esconder práticas questionáveis ou até ilegais. Algo difícil de identificar devido à opacidade e por vezes obscuridade deste mercado.
Outras plataformas destes ativos têm sido categóricas ao distanciar-se desta situação e das alegadas práticas da FTX.
Por exemplo, o CEO da Binance, Changpeng Zhao, já veio tranquilizar os clientes afirmando que a Binance não usa o seu token BNB como colateral.
Neste momento, nada indica que outras plataformas de dimensão comparável com a FTX como a Binance, Coinbase ou Crypto.com venham a seguir o mesmo caminho.
No entanto, é inegável que a instabilidade do mercado é ainda mais vincada que o normal.
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