Apesar de Biden ser defensor da transição energética, os EUA tornaram-se o maior produtor mundial de gás e petróleo e, por isso, beneficiam de energia abundante a preços baixos.
Na Europa, com a invasão russa da Ucrânia, chegou ao fim a era do barato gás russo. A Europa ainda importa 15% do gás da Rússia (40% antes da guerra), mas dispararam as importações de gás natural liquefeito dos Estados Unidos e do Catar. Uma opção muito mais cara e que não resolve completamente a situação no mercado europeu de gás. De facto, o fenómeno de gás mais caro e de forma permanente é um enorme problema, sobretudo, para a indústria pesada europeia.
Verdadeiro mercado único
É raro uma fábrica sair da Europa para os Estados Unidos porque mudar uma instalação industrial é um processo complexo e muito dispendioso. Porém, os novos investimentos na produção são regularmente feitos em detrimento do Velho Continente e a favor dos Estados Unidos.
Além do preço vantajoso da energia, a Administração Biden lançou generosos subsídios, nomeadamente nos semicondutores. A União Europeia tentou reagir, mas tem menos recursos e menor coordenação.
Em primeiro lugar, os Estados Unidos podem financiar facilmente grandes défices públicos graças ao papel do dólar como moeda de reserva internacional. Muitos países europeus não se podem dar a esse luxo sem provocar uma crise da dívida.
Em segundo lugar, as preocupações nacionais continuam a distorcer a economia da União Europeia e a impedir a criação de um verdadeiro mercado único. Por exemplo, os mercados financeiros europeus continuam organizados numa base nacional e com uma miríade de bolsas. Nos EUA, o mercado de capitais está mais concentrado, sendo muito mais líquido, o que facilita a obtenção de capital e financiar a inovação.
Mais investimento, mais crescimento
A facilidade de financiamento nos EUA incentiva o surgimento de novas empresas e potencia as despesas em investigação e desenvolvimento de novas tecnologias. E é, por isso, que a produtividade do trabalho tem crescido mais rapidamente nos EUA do que no Velho Continente.
A evolução da população ativa evolui igualmente de forma mais favorável do outro lado do Atlântico. Há um idêntico envelhecimento da população, mas graças ao afluxo massivo de imigrantes, a população dos EUA é significativamente mais jovem e a força de trabalho continua a crescer enquanto está a estagnar na maior parte da Europa.
O mercado laboral é também mais flexível nos Estados Unidos permitindo a reafetação rápida da mão-de-obra dos setores em crise para setores em crescimento. Mais pessoas, a trabalhar mais tempo, de forma mais eficiente, e centradas nos setores promissores é uma fórmula que permite aos Estados Unidos ter um maior potencial económico do que a Europa.
E, por sua vez, melhores perspetivas atraem investidores estrangeiros, o que reforça a vantagem americana em termos de financiamento, inovação, competitividade e, portanto, potencial económico… Um círculo virtuoso.
Mercado incontornável
Os Estados Unidos têm um ecossistema abrangente propício à inovação tecnológica, ao lançamento de novos negócios e ao crescimento económico. É um verdadeiro mercado único de grande dimensão, com regras comerciais uniformes e uma língua única.
Não é o caso da Europa, que está fragmentada em muitas áreas e onde ainda subsistem preferências e interesses nacionais. Uma desvantagem que constrange o aparecimento de mais empresas com capacidade de conquistar o mercado global. Enquanto o top 10 do mercado norte-americano são empresas tecnológicas relativamente jovens, na Europa predominam as empresas “idosas” e ativas em setores tradicionais.
Conselho
Devido a esta discrepância no potencial económico de longo prazo, preferimos os fundos/ETF de ações norte-americanos aos seus congéneres europeus, nomeadamente da zona euro.
Continuam a existir oportunidades de compra de ações individuais na Europa, mas, no global, se investe via fundos/ETF deve dar preferência aos ativos norte-americanos.
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