8 ETF para os setores mais promissores
Os fundos e ETF vocacionados para os setores tendem a ter mais flutuações do que os fundos ligados à geográfia global
Os fundos e ETF vocacionados para os setores tendem a ter mais flutuações do que os fundos ligados à geográfia global
A euforia em torno do potencial da inteligência artificial (IA) tornou-se o principal motor de valorização dos mercados. A Nvidia, expoente máximo deste fenómeno, vale agora mais de 5 biliões de dólares em bolsa, sendo a empresa mais valiosa do mundo em capitalização bolsista.
Depois do lançamento do ChatGPT, a IA nunca mais deixou de estar na moda. Os gigantes tecnológicos, como a Microsoft, a Meta Platforms (Facebook), a Alphabet (Google)… e alguns países, como a China e os EUA, querem investir maciçamente para manterem a liderança nesta área. A Europa também não quer ficar demasiado para trás.
Com este impulso, o mercado acionista global está a ganhar, em média, 13% em 12 meses. Naturalmente, nem todos os setores beneficiam de igual forma desta tendência.
Quem já lucra efetivamente com a IA são as empresas de semicondutores, pois fornecem a infraestrutura necessária para “correr” os modelos. Comparativamente ao índice do setor tecnológico global, que valorizou 24% só nos últimos 12 meses, o dos semicondutores disparou 39%.
O setor da defesa e aeroespacial continua imparável desde a guerra na Ucrânia, tendo valorizado 41% no mesmo período.
Já a energia fóssil está num momento menos favorável (-1%). O petróleo não está "morto", mas a decisão da OPEP+ de aumentar a produção tem deprimido o preço do crude, penalizando os resultados das petrolíferas. Desta vez, nem o conflito no Médio Oriente impulsionou a cotação do barril.
Por sua vez, as utilities (11%) beneficiaram da descida global das taxas de juro, mas este ano o imobiliário (-5%) ficou para trás. Os EUA, com um grande peso neste setor, enfrentam taxas de juro de longo prazo ainda elevadas devido à política monetária da Fed e aos gastos de Washington.
Por último, os cuidados de saúde (-8%) e os bens de consumo essencial (-3%) têm sido relegados para segundo plano. Sendo atividades mais defensivas, estão afastadas da euforia da IA.
Na saúde, o resultado médio também foi influenciado pela pressão de Trump sobre o preço dos medicamentos, a imposição de tarifas e a queda da cotação de dois pesos pesados do setor, a Novo Nordisk e a UnitedHealth.
Os conselhos da DECO PROteste Investe assentam em pressupostos de longo prazo, o que significa que não se focam no passado recente e vão além das perspetivas para os próximos trimestres.
Para avaliar o investimento nas empresas é também imprescindível ter em conta o nível que as cotações já atingiram. Se já tiverem uma valorização muito elevada, será preciso os lucros manterem um crescimento assinalável para sustentar as cotações e permitir uma rentabilidade atrativa. Nessas situações, o nível de risco é mais elevado para o investidor.
É importante não esquecer que as flutuações dos fundos e ETF vocacionados para os setores tendem a ser superiores às dos fundos com abordagem geográfica global. Devido a esse risco, limite a aposta a 5% em cada setor. No total da carteira, não exceda os 25%.
No momento atual, em que a maioria dos ativos está em máximos históricos, redobre a prudência.
O setor das utilities integra empresas responsáveis por serviços essenciais, como redes de gás, fornecimento de água e distribuição de eletricidade.
Estas atividades, desenvolvidas em mercados maduros e fortemente regulamentados, distinguem-se por uma estabilidade significativa. Em muitos casos, as tarifas estão indexadas à inflação, o que garante receitas mesmo em períodos de conjuntura económica desfavorável.
A necessidade de investimento contínuo em infraestruturas penalizou estas empresas quando as taxas de juro subiram, mas a conjuntura tornou-se mais favorável com os cortes de taxas na Europa e nos Estados Unidos.
Entre as opções de investimento, destacamos o subsetor da água. Além de uma valorização mais atrativa (rácio cotação/lucro (PER) de 14,1), é um recurso que se tornará ainda mais valioso com o agravamento das alterações climáticas (é um dos fatores que sustentam o seu potencial). Além disso, este subsetor está escudado das oscilações que atingem o mercado energético, em particular o da eletricidade.
L&G Clean Water UCITS ETF USD Acc
As grandes farmacêuticas atravessam um momento conturbado. Nos EUA, a política de vacinas está a ser questionada pela administração Trump, e o setor é um alvo privilegiado das tarifas da Casa Branca, que pretende, em troca de isenções, investimentos maciços das empresas no território norte-americano.
Após a euforia inicial com os tratamentos contra a obesidade, os líderes Novo Nordisk e Eli Lilly estão, agora, sob maior pressão. Ainda assim representa enormes oportunidades para o setor.
Os grandes grupos não descartam aquisições e estão a trabalhar em permanência para o desenvolvimento de novos medicamentos, para compensar a perda de patentes expiradas e a concorrência dos genéricos. Um risco que é mitigado numa carteira diversificada subjacente aos fundos e ETF.
O setor dos cuidados de saúde assenta em fatores robustos e de longo prazo, como o crescimento da população mundial, o aumento da longevidade, a prevalência de doenças crónicas e o combate à obesidade, que continuam a dar suporte à sua sustentabilidade.
Xtrackers MSCI World Health Care UCITS ETF
2025 tem sido particularmente positivo para as seguradoras europeias, refletindo a robustez do setor, apoiada por rácios de solvabilidade elevados, estabilidade na remuneração aos acionistas e resiliência perante uma conjuntura económica exigente. As estratégias de diversificação, a disciplina operacional e o crescimento dos mercados reforçam a solidez das contas.
Em termos de avaliação, o setor está com um rácio cotações/lucros esperados de apenas 11,3, ligeiramente aquém da sua média histórica e muito abaixo da média global dos mercados (18,1). O rendimento do dividendo de 4,4% é um dos mais elevados em termos de setores.
Há vários fatores que podem impulsionar mais a valorização do setor. Primeiro, o crescimento regular dos prémios. Segundo, as estratégias centradas na gestão prudente dos riscos, no reforço das reservas técnicas e na disciplina financeira. Terceiro: balanços sólidos, com rácios de solvabilidade em níveis elevados e forte geração de caixa.
Em suma, o setor segurador europeu é uma alternativa estável para investidores que privilegiam consistência e distribuição de dividendos.
Invesco STOXX Europe 600 Optimised Insurance UCITS ETF Acc
O setor da tecnologia tornou-se dominante. O seu peso no índice global de ações MSCI World é de 28%, mas supera os 35% se incluirmos os serviços de comunicações, no qual estão agora empresas como a Meta (Facebook) e a Alphabet (Google). Até na Europa, a alemã SAP (software) e a holandesa ASML (equipamento para semicondutores) tornaram-se as maiores cotadas.
Porém, a relação cotação/lucro esperado para os próximos 12 meses é atualmente de 28,4. É inquestionável que está bem acima da média global do mercado acionista, de 18,6, e da sua própria média histórica (20,8).
Tendo em conta estas limitações, uma aposta geral na tecnologia é arriscada, mas pode focar-se no subsetor dos semicondutores, essenciais para as infraestruturas e a digitalização da economia.
Os apoios públicos ao setor, nos Estados Unidos, Europa e China, evidenciam o cariz estratégico crítico desta atividade para as grandes economias. No entanto, não invista mais de 5% da carteira.
VanEck Semiconductor UCITS ETF USD A
A nível global, as tensões estão em crescendo. Conflitos latentes em regiões como Taiwan, o Mar da China, o Sahel em África e o Médio Oriente continuam a alimentar a necessidade de investimentos em defesa.
Na Europa, a guerra na Ucrânia e a mudança do inquilino na Casa Branca, com um discurso bastante diferente do seu antecessor, imprimiram uma mudança profunda nos europeus. O último ano ficou marcado por promessas de aumento dos orçamentos de defesa e áreas como a cibersegurança.
Durante a última cimeira da NATO, foi decidido que os países europeus da organização deveriam dedicar 5% do seu produto interno bruto (PIB) à defesa comum, dos quais 3,5% em armamento e 1,5% às infraestruturas. No final de 2024, a média europeia era de apenas 1,9%, ou seja, 326 mil milhões de euros.
Como este esforço orçamental implica um aumento dos impostos ou uma redução das despesas, a União Europeia propôs o programa SAFE e que contempla 150 mil milhões de euros.
Os resultados das empresas ainda não refletem o aumento dos gastos militares, mas as carteiras de encomendas comprovam que o longo prazo está garantido. Os grupos de Defesa, que estão a investir maciçamente para poderem aumentar e acelerar os ritmos de produção, trabalham frequentemente com contratos plurianuais garantidos pelos Governos. Isto proporciona fluxos de caixa estáveis e margens de lucro seguras.
Não são de excluir fusões entre os intervenientes europeus, que poderão conduzir a economias de escala, permitindo às empresas do setor "armarem-se" melhor face à concorrência americana.
O ETF WisdomTree Europe Defence foi criado há escassos meses (março de 2025), mas concentra-se apenas em empresas europeias. Estas poderão oferecer maior potencial de crescimento. Para um investimento diversificado à escala global, incluindo os grandes grupos militares norte-americanos, dispõe do ETF VanEck Defense.
Em suma, o setor da defesa continuará a beneficiar do aumento das tensões geopolíticas, sendo um mercado atrativo para quem não tem reservas éticas sobre este tipo de investimentos.
Os Estados Unidos mobilizaram milhares de milhões para apoiar o setor nuclear e a inteligência artificial – uma notícia positiva para toda a indústria nuclear.
Washington anunciou oficialmente um vasto plano de relançamento nuclear, prometendo, pelo menos, 80 mil milhões de dólares na construção de dez novos reatores, em parceria com a Westinghouse, especialista em tecnologia nuclear, e a Cameco, produtora canadiana de urânio.
Esta decisão confirma a viragem na política energética dos Estados Unidos, que não construía uma central nuclear desde 2009. Washington compromete-se a financiar os projetos e a desregulamentar para acelerar os prazos e garantir segurança aos investimentos do setor.
A postura de Washington explica-se pela crescente procura de eletricidade, impulsionada pelo desenvolvimento de data centers e da inteligência artificial, para os quais a segurança do abastecimento energético se tornou um desafio estratégico.
A China, por seu turno, já há muito que investe fortemente no nuclear, como forma de diversificar o seu "mix" energético.
Na União Europeia, os Governos estão a reconsiderar o papel da energia nuclear como fonte limpa e estável. A UE classificou a energia nuclear como "verde" (na taxonomia sustentável, em certas condições).
Uma das grandes promessas atuais são os Small Modular Reactors (SMR), reatores nucleares mais pequenos, baratos e rápidos de construir.
O investimento no urânio e no nuclear em geral é, no entanto, apenas indicado a investidores menos avessos ao risco, capazes de lidar com a volatilidade das cotações. Por exemplo, os ETF beneficiam das notícias positivas do setor e da subida acentuada da cotação da Cameco, grupo com grande peso nas carteiras.
Contudo, o risco mantém-se elevado para muitas das empresas do setor. O nuclear permanece controverso e muitas das novas tecnologias e projetos, que estão a ser desenvolvidos, não têm provas dadas, sendo de viabilidade duvidosa.
VanEck Uranium and Nuclear Tech UCITS ETF USD A
Global X Uranium UCITS ETF USD Acc