O fenómeno da queda do dólar em 2025 não deve gerar alarme nem uma redução das posições nos investimentos norte-americanos. Pelo contrário, a conjuntura atual oferece uma oportunidade para adquirir ações e obrigações americanas a níveis mais atrativos.
Quando se compara a evolução do câmbio de duas divisas, há sempre a questão: qual é “forte” e qual é “fraca”?
Como a maioria das moedas ganhou ao dólar (real brasileiro +14,1% franco suíço +12,1%, peso mexicano +12,4, libra +4,5% yuan chinês 2,7%...) é legítimo falar de um dólar fraco em 2025. Foi um relativo choque porque, até pouco tempo antes, o dólar dominava. Os ativos norte-americanos atraíam investidores de todo o mundo.
Impacto das políticas de Trump no câmbio e na confiança dos investidores
Então, como explicar a inesperada fraqueza recente do dólar? Sem dúvida, algumas das medidas do Presidente Donald Trump abalaram a confiança dos investidores no estatuto de refúgio do dólar.
- A decisão de impor tarifas aduaneiras surpreendeu pela sua dimensão, unilateralidade e abrangência. O papel dos EUA como pilar do comércio global foi posto em causa.
- A crítica e a pressão de Trump sobre as decisões da Reserva Federal põem em causa a independência desta instituição, a qual tem sido basilar para a credibilidade monetária dos EUA ao longo das últimas décadas.
- Os cortes de impostos em conjunção com o aumento da despesa pública, definidos pela “Big, Beautiful Bill” de Trump, fazem aumentar o endividamento dos EUA (124% do PIB). O problema não é novo, mas agrava-se.
Porque a queda poderá ter terminado e onde surgem sinais de estabilização
Perante este cenário, não é impossível que Trump dê novos motivos para que o dólar continue a descer. Contudo, a maior parte da queda já deverá ter ocorrido. Porquê? Trump já avançou com as principais medidas do seu programa.
E, com efeito, após o impacto inicial de algumas decisões, o dólar não tem acentuado a queda. Nos últimos três meses, tem permanecido muito mais estável e no horizonte não se antecipam fatores que prolonguem a descida. Há até indícios em sentido contrário:
- O recuo do dólar é benéfico para as exportações dos EUA. Em simultâneo, o volume de negócios das empresas norte-americanas com operações internacionais aumenta quando convertido em dólares.
- A reforma fiscal de Trump, o acesso fácil e barato ao crédito e uma economia dinâmica (crescimento do PIB de 3,8% no segundo trimestre) criam um cenário que atrai capitais estrangeiros para os mercados dos EUA.
- Especificamente face ao euro, há ainda outro fenómeno, O BCE poderá ter de cortar mais as taxas diretoras para combater uma procura anémica e as pressões deflacionistas provocadas pelos produtos chineses a preços muito baixos (os fabricantes procuram mercados alternativos face às tarifas dos Estados Unidos).
E mesmo que se reduza, o diferencial de taxas de juro relativamente ao euro continua a favorecer o dólar. A diferença da yield nas obrigações a 10 anos é de 1,4%, o suficiente para atrair mais investidores.
Histórico do dólar desde 2015
- 2015-2016: +14,7% face ao euro
O dólar assentou nas expectativas mais favoráveis das taxas e as obrigações em dólares ofereciam rendimentos muito superiores às denominadas em euros.
- 2017-2019: -6% face ao euro
O dólar registou alguns momentos de apreciação, mas a incerteza política e os conflitos comerciais acabaram por pesar na taxa de câmbio.
- 2020-2021: -1,3% face ao euro
A pandemia de covid-19 provocou o repatriamento dos capitais para os países de origem. Mesmo assim, o dólar recuou apenas marginalmente.
- 2022-2024: +9,8% face ao euro
As pressões inflacionistas e o maior dinamismo da economia americana levam a Reserva Federal a aumentar as taxas de juro de forma muito mais agressiva do que na zona euro, favorecendo o USD.
- 2025: -10% face ao euro
Diminuição esperada das taxas da Reserva Federal e as políticas de Donald Trump (comercial, interferência na Fed e aumento da dívida pública americana).
Como investir em dólares: ações, obrigações e os melhores ETF
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