Japão: nova liderança e bolsa em máximos históricos
O potencial económico do Japão é cada vez menor
O potencial económico do Japão é cada vez menor
A bolsa japonesa é uma boa oportunidade de investimento?
A resposta é incerta. Os níveis de valorização parecem aceitáveis, mas o entusiasmo dos investidores foca-se apenas nos pontos positivos e ignora os riscos estruturais (dívida pública, depreciação do iene, demografia). As ações nipónicas estão, portanto, mais vulneráveis a correções.
Desde 21 de outubro, o Japão é chefiado, pela primeira vez na sua história, por uma mulher: Sanae Takaichi.
Takaichi apresenta-se como herdeira política de Shinzo Abe, responsável pela recuperação da economia nipónica na década de 2010 através de despesa pública massiva e uma política monetária extremamente flexível.
Seguindo os passos do seu mentor, a nova chefe do Governo prepara um vasto plano de estímulo equivalente a 79 mil milhões de euros. Fundos suplementares serão igualmente desbloqueados para aumentar as despesas de defesa até 2% do PIB já em 2026, em vez de 2028 como inicialmente previsto.
Além disso, está em preparação um plano de 10 anos no valor de 565 mil milhões de euros para reforçar as infraestruturas.
Contudo, o contexto atual é muito distinto. Ao contrário de Abe, Takaichi governa em minoria. O Partido Liberal-Democrata perdeu grande parte da sua influência e terá de negociar as medidas.
Além disso, as receitas do passado não se aplicam ao momento atual. Há uma década, a prioridade era combater a deflação. Hoje, a inflação supera os 2% e penaliza o poder de compra das famílias que já não estavam habituadas à subida dos preços.
A primeira-ministra tenta atenuar o problema com reduções fiscais na energia, mas a consequente expansão orçamental pode, ao invés, agravar o problema. Além disso, devido à necessidade de financiar a enorme dívida pública (superior a 230% do PIB) a política monetária está limitada no combate à inflação. Ao ser mais expansionista do que o desejável contribui para a depreciação do iene e encarece as importações.
Os investidores parecem ignorar esses desafios estruturais, preferindo concentrar-se nos fatores conjunturais que favorecem a bolsa de Tóquio. A desvalorização do iene, que ultrapassou os 150 ienes por dólar, melhora artificialmente os lucros das empresas exportadoras, criando uma ilusão de maior solidez financeira.
Soma-se a isso a melhoria da relação entre Tóquio e Washington, reforçada pela visita de Donald Trump. O Japão promete investir 550 mil milhões de dólares nos Estados Unidos para obter um acordo comercial com tarifas de 15% para as suas exportações.
O índice Nikkei demorou 34 anos a regressar ao nível pré-bolha de 1989, mas bastaram 20 meses para ultrapassar os 50000 pontos.
Os rácios de valorização também permanecem em níveis aparentemente aceitáveis. O rácio cotação/lucro esperado está muito abaixo da respetiva média histórica (16,1 contra 18,8). No entanto, o potencial económico do Japão é também cada vez menor e as estimativas dos investidores presentes neste indicador arriscam-se a embater numa realidade menos risonha.
Em suma, o potencial do mercado parece insuficiente para compensar os riscos de uma economia em declínio estrutural. Não incluímos ETF de ações nipónicas nas nossas estratégias.
Se, apesar disso, quiser apostar na bolsa de Tóquio, os ETF mais bem classificados e com acumulação de rendimentos são:
WisdomTree Japan Equity UCITS ETF USD Acc
Amundi Prime Japan UCITS ETF DR C
Vanguard FTSE Japan UCITS ETF USD Acc