Mota-Engil: lucros semestrais sobem 20,5%

A Mota- Engil apresenta resultados sólidos
A Mota- Engil apresenta resultados sólidos
O primeiro semestre de 2025 confirmou a resiliência da Mota-Engil, que apresentou uma evolução positiva dos principais indicadores financeiros. O resultado líquido atingiu 59 milhões de euros (0,197 euros por ação) o que representa um crescimento do lucro de 20,5% face ao primeiro semestre 2024.
O volume de negócios manteve-se estável nos 2 745 milhões de euros, com uma variação positiva de meio por cento. Relativamente ao EBITDA, o mesmo subiu 13% em termos homólogos, fixando a margem EBITDA em 16%.
O crescimento da Mota-Engil no semestre foi alavancado pela região africana, onde a Engenharia & Construção registou aumentos de 59% em receitas e 77% em EBITDA. Nigéria, Angola e Moçambique assumiram papel de destaque neste desempenho.
Em contrapartida, a América Latina registou uma queda de 27% no volume de negócios, redução que ficou a dever-se sobretudo à conclusão do projeto Tren Maya, no México.
A empresa conseguiu reforçar a sua posição através de uma gestão disciplinada da dívida, de uma carteira de encomendas robusta e de uma diversificação geográfica equilibrada, com especial destaque para o contributo da região africana, que continua a afirmar-se como o principal motor de crescimento do grupo.
Os resultados revelaram-se sólidos apesar da volatilidade dos mercados e do contexto económico global desafiante, marcado pela persistência de taxas de juro elevadas, pela incerteza geopolítica e pela pressão inflacionista sobre custos de matérias-primas e energia.
O aumento do EBITDA, a melhoria da margem operacional e a redução gradual da dívida líquida evidenciam uma estratégia consistente de crescimento sustentável e de reforço da solidez financeira.
No final do 1.º Semestre de 2025 a carteira de encomendas totalizou 14,7 mil milhões de euros, menos 6% face a 2024, mas reforçada por novas adjudicações de 1,7 mil milhões no semestre.
O projeto da nova linha ferroviária de alta velocidade irá também beneficiar de fundos da União Europeia através do “Mecanismo Interligar a Europa”, cujo montante ascende a €480 milhões.
Além deste contrato onde a participação da ME ascende a 800 milhões de euros, a empresa realizou este ano também outros contratos diversificados por diferentes continentes que em si totalizam em 1 980 milhões de euros.
A empresa continua empenhada na redução do seu endividamento, uma prioridade estratégica definida até 2026. No final de junho, a dívida líquida situava-se em 1 695 milhões de euros, menos 37 milhões face a dezembro, fixando o rácio dívida líquida/EBITDA em 1,7x, abaixo da meta definida de 2x. A dívida bruta estava em 2 968 milhões de euros, equivalente a um rácio de 2,9x (também dentro da meta de <4x).
O custo financeiro, contudo, voltou a pressionar resultados, com encargos líquidos de -128 milhões de euros no semestre.
A construtora continua a focar-se na rendibilidade, crescimento sustentado com ênfase na performance, alinhado com a estratégia financeira, para assegurar o compromisso de cumprimento dos rácios de dívida definidos para 2026, sendo eles como referido acima, uma divida líquida sobre EBITDA menor que 2, e uma dívida bruta sobre o EBITDA menor que 4.
O trading especulativo foi uma das causas que fez desvalorizar a cotação da Mota-Engil, empurrando-a para uma descida de 20%, que a levaram dos 5,77 euros desde 18 de agosto para 4,70 euros até dia 27 de agosto, dia em que divulgaram os resultados positivos do 1º semestre.
A ação regista uma valorização de 69,75% desde o início do ano de 2025.
Os resultados do semestre ficaram dentro das nossas expectativas. Apesar do contexto incerto global, a empresa reforçou a sua posição com gestão disciplinada da dívida, carteira de encomendas robusta e diversificação geográfica, consolidando a solidez financeira e uma estratégia de crescimento sustentável.
Ainda assim, revemos as nossas estimativas ligeiramente em baixa para 2025, situando o resultado por ação estimado nos 0,46 euros (antes 0,47), e revemos ligeiramente em alta para 2026, para 0,52 euros (antes 0,50).
A empresa apresentou resultados sólidos, com métricas operacionais e financeiras consistentes, que não trouxeram surpresas relevantes ao mercado. A ação tem um risco superior à média do mercado mas pode mantê-la em carteira.