Alphabet, Anglo American, Aperam, Nestlé
Autor: Análise da equipa internacional de analistas da Euroconsumers

Nestlé demite o CEO
Autor: Análise da equipa internacional de analistas da Euroconsumers
Nestlé demite o CEO
Alphabet
Manter
As ações do gigante tecnológico norte-americano Alphabet deverão abrir em alta. Um juiz de Washington decidiu, no final de um processo judicial de cinco anos por práticas anticoncorrenciais, que a Alphabet pode manter o seu sistema operativo Android e o navegador Chrome. No entanto, já não poderá celebrar acordos de exclusividade destinados a reforçar a sua posição dominante na pesquisa online.
A Alphabet poderá igualmente continuar a remunerar fabricantes de smartphones, como a Apple, no âmbito da partilha das receitas publicitárias geradas pelas pesquisas realizadas nos respetivos dispositivos.
Em contrapartida, a Google terá de partilhar dados com os concorrentes para estimular a competição nos segmentos da pesquisa e da publicidade online. Esta decisão representa um novo risco concorrencial, embora não imediato.
As medidas judiciais foram menos severas do que o receado, em parte, pelo surgimento da inteligência artificial, que altera a dinâmica do setor e ameaça o quase monopólio da Alphabet no domínio da pesquisa online. É, contudo, improvável que o processo termine. A Alphabet pode recorrer e atrasar a implementação destas medidas por vários anos.
A Alphabet continua a ser uma ação de qualidade, cuja cotação se encontra no máximo histórico, mas que, ainda assim, não nos parece sobreavaliada.
Anglo American
Manter
O grupo mineiro Anglo American acumula contratempos. Os resultados semestrais foram dececionantes. O volume de negócios caiu 7% e o EBITDA operacional recuou 20%, para 2,95 mil milhões de dólares.
A atividade do cobre registou uma redução de 13% da produção (-25% só no Chile). Mas são dificuldades transitórias e o minério mantém um papel central na transição energética.
A situação é mais complicada nos diamantes (De Beers), onde a atividade registou uma perda de 189 milhões de dólares no semestre (-25 milhões em 2024). A procura estagna e a oferta de pedras sintéticas mantém-se elevada. Não surpreende que a Anglo American tenha dificuldades em vender esta atividade.
Os resultados dececionantes levaram o grupo a reduzir o dividendo para 0,07 dólares no semestre (0,42 dólares no primeiro semestre de 2024). Além disso, a Anglo American falhou a venda das minas de carvão australianas à Peabody Energy, operação que teria permitido avançar mais no processo de foco no cobre e no minério de ferro, com melhores perspetivas. Outros grupos poderão mostrar interesse por estes ativos.
À incerteza sobre a economia mundial juntam-se as dificuldades em encontrar compradores para os ativos que a Anglo American pretende alienar. O plano de recentrar as atividades, contudo, mantém-se.
Aperam
Comprar
O grupo especialista em inox e ligas apresentou um segundo trimestre fraco, mas acima das estimativas. Com a conjuntura difícil na Europa, o desempenho foi salvo pelo crescimento no Brasil e a entrada da norte-americana Universal Stainless, adquirida em 2024, no perímetro de consolidação. O lucro operacional atingiu 112 milhões de euros (86 há um ano e 85 no trimestre anterior).
A Aperam espera um segundo semestre medíocre. A evolução favorável da procura e dos preços de venda no Brasil não será suficiente para compensar as dificuldades europeias ao nível dos volumes e dos preços, devido às importações chinesas.
Os clientes da construção e dos bens de consumo mantêm-se muito prudentes nas encomendas. No entanto, a procura mostra-se mais sólida no setor aeronáutico, onde acaba de investir e oferece um motor de crescimento.
As margens serão também sustentadas pelo plano de corte de custos de 200 milhões de euros em 2024-2026 (136 milhões até ao momento). 2026 deverá ser melhor após as medidas europeias destinadas a proteger o mercado interno. Estimamos lucros por ação de 0,6 euros em 2025 e 2 euros em 2026.
As dificuldades de Aperam em melhorar os lucros de 2025 e as incertezas económicas continuam a pesar sobre a cotação. 2026 deverá ser o ano da recuperação.
Nestlé
Manter
A Nestlé demitiu o seu CEO após uma investigação interna revelar uma relação com um funcionário, violando o código de conduta da empresa. A decisão, tomada sobretudo pelo presidente do conselho de administração, também em fim de mandato, ocorre enquanto o gigante alimentar procura reestruturar-se face ao fraco desempenho de várias atividades.
Estas saídas consecutivas levantam questões sobre a estabilidade da gestão e a visão de longo prazo do grupo suíço. O responsável pela divisão de café (Nespresso) assume agora o lugar de CEO.
Dada a rapidez desta nomeação, parece pouco provável que a Nestlé altere radicalmente a estratégia atual, que visa redimensionar o conglomerado e torná-lo mais eficiente.
Está prevista a venda de algumas marcas com fraco desempenho na divisão de vitaminas e nas águas minerais. Resta saber se o novo CEO conseguirá inverter a situação.
Para já, os mercados parecem céticos. Não alteramos o conselho.