Airbus, Atlas Copco, Autodesk, Bayer
Autor: Análise da equipa internacional de analistas da Euroconsumers
A Airbus continua assente num nível elevado de encomendas
Autor: Análise da equipa internacional de analistas da Euroconsumers
A Airbus continua assente num nível elevado de encomendas
Airbus
Manter
Os problemas recentes da Airbus, como o software (efeito das radiações solares) e o defeito de qualidade em painéis de fuselagem do A320 são sérios, mas não comprometem a viabilidade do modelo nem as perspetivas industriais de médio e longo prazo.
No entanto, são um risco acrescido para o cumprimento dos objetivos de 2025, em especial a entrega de 820 aviões, sobretudo se as correções na fuselagem se alargarem para além de algumas dezenas de aparelhos ou perturbarem um dezembro já muito preenchido.
A médio e longo prazo, os fundamentais da Airbus continuam a assentar num nível recorde de encomendas, numa visibilidade plurianual sobre a família A320 e na confirmação dos planos de aumento de produção (A320 a um ritmo de 75 unidades/mês em 2027), apesar das limitações na cadeia de produção.
Os dois incidentes enquadram-se numa sucessão de problemas industriais típicos de um processo de aumento de produção no limite das capacidades e não colocam em causa a estratégia.
Podem pesar na perceção de qualidade e na rentabilidade no curto prazo, através de custos de retoma, penalizações e perturbações, mas não alteram a procura estrutural nem a posição concorrencial da Airbus tendo em conta que a Boeing ainda está fragilizada.
O alerta relativo ao software, assim como o problema dos painéis de fuselagem, acrescentam problemas num sistema já sob pressão. Embora estes problemas possam gerar volatilidade e penalizar pontualmente a cotação e os objetivos anuais, não colocam em causa as perspetivas estruturais da Airbus.
Atlas Copco
Comprar
A Atlas Copco reafirmou os objetivos financeiros, nomeadamente um aumento anual de 8% do volume de negócios a médio prazo. Apesar de um crescimento atualmente modesto (+1% em orgânico no terceiro trimestre), a Atlas Copco tem um um histórico de 5% de crescimento orgânico, que a administração estima poder continuar.
O grupo complementa este crescimento orgânico com aquisições, elemento central da estratégia de expansão, para alcançar o objetivo de crescimento de 8%. A taxa de distribuição de dividendos, equivalente a 50% do lucro, mantém-se.
A política de aquisições é possível devido ao reduzido endividamento. Além disso, as diversas operações de crescimento externo (impacto de +3% no volume de negócios do terceiro trimestre de 2025) incidem sobre empresas de pequena dimensão, o que facilita a integração.
Embora positivas, estes últimos dados da Atlas não são espetaculares e revelam a gestão muito prudente. Mantemos as estimativas de lucro por ação para 2025 (5 coroas suecas) e 2026 (5,5 coroas).
2025 tem sido dececionante para a cotação da Atlas Copco (-5,1%) devido às recentes incertezas sobre a economia mundial e, consequentemente, sobre as encomendas. O grupo tem fundamentos sólidos e, com o episódio das tarifas ultrapassado, estimamos um enquadramento mais favorável.
Autodesk
Manter
O especialista em software de modelação 3D superou novamente as expectativas. No terceiro trimestre de 2025/26, o volume de negócios aumentou 18% e o lucro por ação 23% em base comparável. Estes resultados confirmam a dinâmica dos últimos trimestres, a qual se deverá manter nos próximos meses.
As encomendas também ultrapassaram as previsões, o que leva a Autodesk a prever agora um aumento de 25% para o exercício de 2025/26, contra 16% em 2024/25.
Outra indicação positiva, os seus produtos para arquitetura, engenharia e construção, a principal área de atividade (50% das receitas), registam também o ritmo de crescimento das vendas mais elevado com 23%.
A Autodesk parece continuar a ganhar quota de mercado, tendo igualmente em conta as dificuldades do concorrente francês Dassault Systèmes. A rentabilidade acompanha o movimento com uma margem operacional estimada em 37,5% em 2025/26 (36% no ano anterior), aproximando-se do objetivo para 2028/29 fixado em 41%.
Revemos em alta as previsões de lucro por ação: 5,35 dólares em 2025/26 e 7,1 dólares em 2026/27. Os resultados superam as expectativas, crescimento permanece significativo e os fundamentos da Autodesk são de qualidade, mas a ação parece atualmente demasiado valorizada para justificar a compra.
Bayer
Vender
Ainda envolvida nos litígios relacionados com o glifosato (RoundUp), a Bayer congratulou-se com o apoio da administração Trump para que o Supremo Tribunal se pronuncie sobre o pedido do grupo alemão destinado a limitar o impacto destes litígios.
Uma decisão favorável do Supremo Tribunal permitiria resolver mais rapidamente as dezenas de milhares de queixas às quais a Bayer continua exposta. Estas já custaram mais de 10 mil milhões de dólares e o grupo voltou a constituir provisões significativas no terceiro trimestre.
Nas últimas duas semanas, a Bayer beneficiou também de várias notícias positivas sobre o seu pipeline. O Lynkuet (menopausa) recebeu a aprovação europeia.
O Hyrnuo (cancro do pulmão) obteve o estatuto de “terapia revolucionária”, o que deverá acelerar o seu processo de desenvolvimento e de pedido de homologação nos Estados Unidos. O anticoagulante Asundexian apresentou resultados favoráveis num estudo clínico de fase final.
Por fim, a Bayer inicia um estudo de fase final para o Mirena no tratamento da hiperplasia endometrial não atípica na mulher, uma doença para a qual as necessidades terapêuticas continuam elevadas. No imediato, as perdas de patentes vão continuar a penalizar os resultados da divisão farmacêutica.
A cotação da Bayer avança mais de 10% graças ao apoio da administração Trump nos litígios do glifosato. No entanto, o desfecho permanece incerto e 2026 continuará difícil, nomeadamente devido à concorrência dos genéricos na área farmacêutica. Não alteramos o conselho.