A dúvida entre
amortizar crédito ou investir é comum a quem dispõe de poupanças e quer tomar a melhor decisão financeira. A resposta depende essencialmente das taxas de juro envolvidas: se a do crédito for superior à do produto de poupança, amortizar é a escolha mais vantajosa; se o investimento render mais, então aplicar o dinheiro é a opção certa — desde que mantenha um
fundo de emergência.
Quando usar as poupanças para amortizar o crédito
Usar as poupanças para amortizar um crédito é, na maior parte das vezes, a decisão mais sensata para quem precisa de equilibrar o orçamento familiar. Mas, nas situações em que não há necessidade de aumentar a folga financeira, vale a pena ponderar se não será mais vantajoso aplicar esse montante de modo a gerar algum rendimento.
Para decidir entre uma e outra solução, o fator de comparação deverá ser a taxa de juro de ambos os produtos. De um modo geral, se a taxa de juro do crédito for superior, poupará mais se amortizar. Se for a do produto de poupança, será mais vantajoso investir esse montante.
Quando investir as poupanças pode compensar mais
Para efetuar a comparação, do lado da poupança, apenas deve considerar produtos de poupança sem risco, pois são os únicos com rendimento expectável e, por isso, alternativas realistas à amortização. Deve ter em consideração a taxa anual nominal líquida (TANL) dos depósitos a prazo e não a taxa de juro bruta.
A primeira corresponde ao rendimento que efetivamente vai obter, depois de descontado o imposto de 28% que será retido pelo banco, no caso de clientes particulares. Além disso, deve verificar se se aplicam eventuais despesas de manutenção associadas ao produto que escolher, sobretudo, se optar por um produto de poupança num banco que não é o seu.
A importância de manter um fundo de emergência
Mas antes de tomar qualquer decisão, deve, no entanto, garantir que o valor que tem disponível não é a totalidade das suas poupanças. É essencial manter um fundo de emergência – para dar resposta a um imprevisto como uma doença, uma avaria no carro ou uma reparação urgente em casa, por exemplo.
Este fundo deverá ter um valor correspondente aproximadamente a seis ordenados, devendo ser aplicado num produto sem risco que possa mobilizar a qualquer momento.
Comparar taxas de juro e decidir
Com as taxas de juro do depósito e do crédito presentes, está em condições de perceber se vai receber mais juros por aplicar o montante de que dispõe naquele produto do que aqueles que vai pagar pelo empréstimo (seja um crédito à habitação ou ao consumo), ou vice-versa.
Normalmente, a TANL dos depósitos a prazo é inferior à taxa de juro da generalidade dos créditos. É, por isso, natural que, na maioria dos casos, seja mais vantajoso optar pela amortização. Caso contrário, estará a pagar mais juros ao banco por via do crédito do que aqueles que recebe através pelo montante investido.
Que crédito amortizar primeiro
Se tiver vários créditos e não souber qual deve amortizar primeiro, pondere começar pelo que tiver a taxa de juro mais elevada. No entanto, os créditos à habitação, por terem, normalmente, prazos e montantes superiores, podem ser bons candidatos, mesmo que tenham uma taxa de juro mais reduzida.
Nestes casos, decidir se prefere amortizar o empréstimo da casa ou um crédito pessoal, por exemplo, dependerá do seu objetivo: se for conveniente diminuir, no imediato, o peso da prestação, a melhor opção será amortizar o crédito com a taxa de juro mais elevada e o menor montante.
Já se preferir reduzir o total de juros a pagar ao banco, amortizar o crédito mais longo e com mais capital em dívida será a melhor forma de atingir esse objetivo.
Outros aspetos a considerar
De notar que, até ao final de 2025, pode contar ainda com a poupança decorrente da isenção da comissão de 0,5% por amortização antecipada, para os créditos à habitação com taxa variável.
Nos contratos de crédito à habitação, há ainda outras premissas a considerar. Se o empréstimo for recente e o capital em dívida elevado, terá ainda muitos juros a pagar ao banco, logo, a amortização será, à partida, uma boa opção.
Mas, se o contrato está nos últimos anos, o peso dos juros na prestação mensal será bastante menor e, por essa razão, o potencial de poupança resultante de uma amortização, também.
O raciocínio mantém-se válido se, em causa, estiver a amortização de uma dívida de cartão de crédito. Com taxas de juro que facilmente chegam aos 15%, dificilmente há concorrência à altura, seja qual for produto de poupança.
Nestes casos, se tiver algum dinheiro de parte, usá-lo para pagar a dívida do cartão de crédito será, sem sombra de dúvida, a decisão mais acertada. Assim, antes de tomar uma decisão, tenha todos estes aspetos em atenção.