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Renegociar o crédito à habitação: regras essenciais que precisa de conhecer

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Se o banco recusar condições competitivas, então a transferência pode ser financeiramente mais vantajosa.

Publicado em: 17 novembro 2025
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Autor:  Equipa da DECO PROteste Investe

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Se o banco recusar condições competitivas, então a transferência pode ser financeiramente mais vantajosa.

Descubra algumas regras fundamentais para renegociar o seu crédito à habitação com vantagem e segurança.

Renegociar o crédito à habitação ou transferi-lo para outra instituição?

A resposta depende daquilo que o seu banco está disposto a ajustar — em termos de spread, taxa de juro ou o prazo — e os custos associados a uma eventual transferência. Na prática, deve começar por pedir renegociação do contrato que detém. Se o banco recusar condições competitivas, então a transferência pode ser financeiramente mais vantajosa, se tiver condições mais competitivas na concorrência. E desde que os custos da mudança sejam rapidamente recuperados pela poupança mensal.

O que pode negociar no seu crédito à habitação

Num contexto de elevada volatilidade das taxas de juro e pressão sobre o rendimento disponível das famílias, a renegociação do crédito à habitação tornou-se um instrumento financeiro essencial. A reconfiguração das condições de um empréstimo pode reduzir a dívida, mitigar risco e optimizar o custo total ao longo da maturidade.

O desafio reside em identificar que mecanismos de renegociação proporcionam ganhos reais e quais apenas adiam custos, aumentando o encargo no longo prazo. A seguir, analisam-se algumas abordagens possíveis, avaliando implicações financeiras, riscos e adequação a diferentes perfis.

Amortização antecipada - Redução direta do capital e do custo total

A amortização antecipada, parcial ou total, constitui o mecanismo mais eficiente para reduzir o custo integral do crédito. Ao abater capital em dívida, reduz-se imediatamente a base sobre a qual incidem juros futuros, diminuindo o valor global pago ao banco. A decisão deve considerar a liquidez disponível, sem comprometer o fundo de emergência e eventuais custos com a amortização: 0,5% nos contratos variáveis (isento até ao final de 2025) e de 2% nos contratos com taxa fixa.

Não esquecer de analisar o benefício marginal obtido pela redução do capital face ao retorno potencial alternativo do mesmo montante se aplicado noutros instrumentos financeiros.

Renegociação do spread - O método com maior impacto relativo

A redução do spread é a alteração no contrato que mais influencia o custo total sem alterar a estrutura temporal do empréstimo. Uma descida na taxa de apenas algumas décimas, pode representar milhares de euros poupados ao longo da maturidade, dependendo do saldo e do prazo remanescente.

Existem fatores determinantes para o banco aceitar baixar o spread, tais como, o perfil de risco do cliente, propostas concorrentes de outras instituições e a capacidade de argumentação do mutuário ou envolvimento comercial com a instituição.

Alargamento do prazo - Redução da prestação com aumento do custo global

A extensão do prazo de amortização é uma solução que reduz a prestação mensal no imediato, mas aumenta substancialmente os juros totais pagos. Trata-se de um mecanismo de gestão de liquidez de curto prazo, adequado para fazer face a situações de maior esforço financeiro temporário.

No plano técnico, esta mudança prolonga o período durante o qual o capital permanece em dívida. A decisão deve ser ponderada apenas quando a prioridade é aliviar o orçamento mensal e não otimizar o custo total com o crédito.

Período de carência - Recurso de emergência com impacto relevante no custo

A carência, total ou parcial, permite suspender temporariamente o pagamento de capital, limitando a prestação aos juros ou eliminando-a completamente, dependendo da modalidade. É uma ferramenta útil em períodos de quebra abrupta de rendimento, mas representa um risco financeiro adicional, uma vez que, o capital não pago continua a gerar juros, aumentando o encargo total. Por isso, deve ser vista como uma solução meramente conjuntural.

Valor residual - Menor prestação agora, maior obrigação futura

A introdução de um valor residual implica deixar uma percentagem da dívida para liquidar no final do contrato. Esta opção reduz a prestação mensal, mas concentra risco no final do contrato. Apresenta a vantagem de gerar folga financeira no imediato, podendo planear, ao longo do contrato, a forma de liquidação do valor residual (através de uma poupança dedicada). Mas tem a desvantagem de aumentar o encargo total com juros e criar uma fonte de pressão financeira significativa na última prestação. É um instrumento adequado apenas para quem possui estabilidade financeira e capacidade de planear o pagamento futuro.

Taxa mista - Combinação entre previsibilidade e flexibilidade

O regime de taxa mista permite combinar um período inicial de taxa fixa com uma fase subsequente de taxa variável. Esta solução suaviza o risco de curto prazo num ambiente de taxas elevadas, permitindo posterior ajustamento à evolução das Euribor. Consegue, assim, minimizar o risco durante a fase fixa, mantendo potencial de redução futura de custos quando a Euribor baixar. É especialmente indicada para mutuários que desejam previsibilidade imediata mas que não querem comprometer-se com um período prolongado de taxa fixa.

Alteração do indexante - Ajustar a estrutura de risco à evolução das taxas

Alguns contratos permitem substituir o indexante utilizado (por exemplo, Euribor 3 meses para Euribor 6 meses). Este ajuste altera a frequência de atualização da taxa, afetando a exposição do crédito à volatilidade dos mercados.

Em cenários de instabilidade de curto prazo, um indexante de prazo mais longo tende a proporcionar maior suavidade, ainda que com menor reatividade às descidas. A decisão depende da perspetiva que tem sobre o ciclo económico e sobre a trajetória das taxas de juro.

Em fases de subida, um indexante mais longo será o mais adequado, enquanto que em fases de descida, o ideal é optar por um mais curto.

 

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