A proteção contra a instabilidade, seja social ou financeira como a queda das bolsas, leva muitos investidores a comprar ouro apenas como forma de investimento. Por isso, o ouro é apelidado de valor-refúgio.
A subida do valor do ouro tem sido imparável porque, mais do que a procura para a indústria da ourivesaria, o mercado tem sido impulsionado pelas compras dos bancos centrais e dos investidores que procuram esse tal valor-refúgio.
Comprar ouro é uma salvaguarda em caso de crise muito grave, porém trata-se de um investimento que não gera rendimentos regulares. Os ganhos ou perdas dependem da diferença entre o valor de venda e aquisição definidos pelos mercados.
Propriedades do ouro
O ouro é um metal raro que, durante séculos, serviu como garantia de valor, permitindo transações em períodos de grande instabilidade (fome, peste, guerra).
Principais tipos de ouro (quilates): qual a diferença?
Ouro de 24 quilates (ouro puro)
O ouro de 24 quilates (24K) é considerado ouro puro. Contém 99,9% ou mais de ouro na sua composição, sem misturas significativas com outros metais. É o ouro com a maior pureza disponível no mercado.
O ouro de 24K não é frequentemente usado em joalharia, pois pode deformar-se ou riscar-se facilmente. Em vez disso, é mais comum em lingotes, moedas de investimento e aplicações industriais ou tecnológicas.
Ouro de 18 quilates
O ouro de 18 quilates (18K) é uma liga metálica que contém 75% de ouro puro (ou seja, 18 partes de ouro em 24) e 25% de outros metais, como prata, cobre, níquel ou paládio.
Esta mistura torna o ouro mais duro e resistente, sendo muito usado em joalharia. Além disso, a adição de diferentes metais influencia a cor do ouro: ouro amarelo (mistura com prata e cobre); ouro branco (mistura com paládio, níquel ou platina); ouro rosa (mistura com uma maior proporção de cobre).
O que é ouro de lei?
A designação "ouro de lei" refere-se ao requisito mínimo de pureza, estabelecido legamente.
Em Portugal, o ouro de lei refere-se, geralmente, ao ouro com pelo menos 19,2 quilates (800 milésimos de pureza, ou seja, 80% de ouro puro).
Como investir em ouro?
Se quer ter o ouro “à mão” deve optar preferencialmente pela compra de ouro físico em barras ou lingotes. Assim, o resultado do investimento evoluirá de forma próxima à cotação internacional do mercado.
Lingotes ou barras de ouro
Os lingotes e as barras de ouro têm pesos entre 2,50 gramas e 12,50 quilos, a escolha depende do montante que pretende investir.
As barras devem conter entre 999 e 1000 milésimas de ouro fino. Também é necessário, para qualquer peça, confirmar se trazem gravadas as punções (marcas) autorizadas, que legitimam a peça.
Compare os preços do ouro em vários locais antes de fazer a aquisição. Pode haver diferenças consideráveis nos valores entre a compra e a venda por parte dos bancos e de outras entidades autorizadas.
Em Portugal, o preço do ouro expressa-se em euros por grama. Este preço deriva das cotações em Londres, onde o preço é fixado em dólares por onça (31,1 gramas). Pode consultar a cotação do ouro na nossa calculadora do ouro.
Jóias de ouro
O preço dos objetos e joias de ouro, como anéis e fios, é influenciado pelo valor artístico e, por isso, é muito subjetivo. Pagará muito mais do que a cotação do ouro na compra. E, na revenda, a desvalorização desses objetos pode ser muito grande. No limite, arrisca-se a receber apenas o equivalente ao peso do ouro. Não aposte neste tipo de objetos como forma de investimento em ouro.
Moedas de ouro (ouro amoedado)
Existem milhares de moedas de ouro diferentes com curso legal em todo o mundo. Entre as mais populares, encontram-se a libra esterlina e os reis portugueses. Poderá aceder à cotação em revistas ou casas de numismática. No mínimo, as moedas valem o seu peso à cotação do ouro em barra divulgada pelo Banco de Portugal. Podem ser uma alternativa às barras de ouro.
Ao contrário do que acontece com as barras, o preço das moedas pode ser superior ao valor do ouro que contêm. A esta diferença chama-se prémio, e depende, entre outras coisas, da sua antiguidade, do valor de coleção e da raridade.
O estado de conservação das moedas também é muito importante: se a efígie ou os contornos se encontrarem danificados, ainda que ligeiramente, a moeda pode perder grande parte do seu valor (mas nunca valerá menos do que o seu peso em ouro). Por isso, para não correr o risco de fazer uma má compra (a não ser que seja um entendido), é preferível limitar-se às moedas mais conhecidas, como a libra Rainha Vitória, a mais procurada pelos portugueses.
Onde comprar ouro físico?
O ouro, tanto em barra como amoedado, pode ser transacionado nos bancos, nas ourivesarias e nas agências de câmbio. No entanto, esta operação nem sempre é simples.
De qualquer forma, em princípio não haverá grandes problemas, a não ser que se trate de uma moeda rara. Nesse caso, a venda é dirigida a colecionadores e poderá ser mais difícil e demorada, até que apareça alguém disposto a pagar o seu valor de coleção. Uma razão adicional para preferir as moedas mais correntes.
Como investir em ouro na Bolsa?
ETFs de ouro
Os ETFs de ouro (Exchange-Traded Funds de ouro) são produtos negociados em bolsa que permitem apostar no valor do ouro. Estes ETC são muito idênticos aos conhecidos ETF e seguem a cotação internacional. São a forma ideal de investir neste metal precioso sem incorrer nos custos acrescidos de o comprar e deter fisicamente.
Minas de ouro
As minas de ouro são locais onde o ouro é extraído através de processos de mineração. É possível investir nesta atividade através da compra de ações de empresas mineiras e ETF especializados. Ao seguir esta via, o resultado do seu investimento estará igualmente exposto a outros fatores (positivos e negativos) além do valor da cotação do ouro.
Ouro como investimento: custos associados
Se quiser guardar as moedas ou barras no cofre de um banco (o que é preferível, se o valor o justificar), terá de pagar o aluguer. Este varia com a dimensão do cofre. Os mais pequenos (do tamanho de uma pequena gaveta) podem custar cerca de 30 euros por ano.
Terá ainda de ter em conta que existem custos adicionais nas transações com ouro, como o que resulta da diferença entre o preço de compra e venda. Esta diferença corresponde ao ganho do intermediário e pode ser enorme no caso das peças de ourivesaria.
Se optar por um investimento em bolsa de um ETF dedicado ao ouro, os custos serão muito mais reduzidos.
A compra e venda de ouro paga imposto?
A compra de ouro para investimento está isenta de IVA. Como investimento, considera-se o ouro em barras e algum tipo de moedas, nomeadamente as que tenham curso legal no seu país de origem. A compra de jóias e outros artefactos está sujeita a IVA. Os ganhos na venda do ouro não estão sujeitos a imposto sobre mais-valias.
As mais-valias com a venda de ETF de ouro estão sujeitas às mesmas regras de tributação dos restantes ETF ou das ações. A taxa de tributação autónoma será, no máximo, de 28%.
Fatores que influenciam o preço do ouro
É possível obter mais-valias (lucros) com a venda do ouro, caso o tenha comprado num momento favorável, com os preços em baixa. No entanto, a maioria dos pequenos investidores pensa no ouro como uma reserva para o futuro e, por isso, não costuma preocupar-se muito com o preço.
O mesmo não se passa com os especuladores. Como o seu objetivo é obter ganhos avultados, de preferência em pouco tempo, investem em ouro quando acreditam numa subida rápida da sua cotação. Um comportamento que o “comum dos mortais” deve evitar, devido ao seu risco elevado.
Isso não significa que não seja importante conhecer as melhores alturas para comprar ou vender. O preço do ouro, como o de qualquer outro bem, depende da oferta e da procura.
No entanto, tradicionalmente, as decisões desses diferentes agentes do mercado seguem vários fatores económicos:
- Inflação: quanto mais sobem as taxas de inflação, mais aumenta o preço do ouro. Foi-lhe sempre atribuída, de facto, a função de proteção contra a subida dos preços, ou seja, ao contrário do dinheiro, que perdia valor em termos reais, as pessoas adquiriam ouro pois acreditavam que não perderia valor;
- Crescimento económico: quanto maior o crescimento económico (ou seja, a prosperidade), maior a procura de objetos em ouro. Os ourives aumentam as suas encomendas e, por conseguinte, o preço do ouro tende a subir;
- Comportamento do dólar: o metal amarelo é, tradicionalmente, uma alternativa à moeda americana (principal divisa mundial). Por isso, tendem a registar evoluções opostas. Quando o dólar se aprecia, o ouro perde valor. Quando o ouro está em alta, normalmente o dólar deprecia-se. Atualmente, o euro funciona igualmente como uma alternativa à moeda americana e, consequentemente, ao ouro;
- Taxas de juro reais: uma aplicação em ouro não paga juros. Assim, com taxas de juro altas, os investimentos que rendem juros, como as obrigações, tornam-se comparativamente mais atrativos do que o ouro. Em momentos de taxas de juro reais baixas, o custo de oportunidade do investimento em ouro é menor, logo o interesse para investir em ouro é superior.
Encontra mais informação sobre ouro no site do World Gold Council.
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