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Vender ouro: 5 conselhos para fazer um bom negócio
Há um ano - 23 de maio de 2022
O valor de uma peça de ouro usada pode oscilar muito entre estabelecimentos. Visite vários locais antes de vender.
Em tempos de crise, como esta gerada pela pandemia, vender ouro, como libras ou joias de família, pode dar jeito perante um aperto orçamental. Sem contar que é uma forma de aproveitar a subida do ouro nos últimos anos.
Evolução do preço do ouro em euros por grama
Para tentar perceber como funciona o processo de vender ouro, a equipa da Dinheiro & Direitos visitou, primeiro, uma ourivesaria onde pediu a cotação de uma libra de ouro. A funcionária começou por questionar se realmente precisavam de vender. Não verdade, não precisavam. A intenção era perceber se havia grandes disparidades entre os valores oferecidos de estabelecimento para estabelecimento.
Muito simpática, a funcionária explicou que as libras têm um valor predefinido. Como tal, não deviam vendê-las como se fossem peças de ouro normais. Aconselhou, por isso, a dirigirem-se a um cambista. “Se forem a uma loja de ouro, pesam a peça e dão a cotação do dia. Dizem que as libras estão assim e assado...”.
Chamou ainda a atenção para outro pormenor. A libra era coroada, pelo que tinha mais valor: nunca menos de 392 euros. Se queriam comprar, teriam de pagar mais. Por exemplo, no site do Millennium bcp, uma libra com a efígie da rainha Isabel II (2020) valia, a 27 janeiro, 464,51 euros. Já uma libra com o rosto de George V custava 454,20 euros.
Seguiu-se um balcão de compra de ouro, num centro comercial. Inicialmente, ofereceram 290 euros. Perante o desinteresse, a funcionária tentou aliciar com uma campanha que estava em vigor naquele dia: pagavam mais 50 por cento. Precisava, porém, de autorização superior.
Interessados em saber quanto pagariam, aguardaram que telefonasse. A libra valia agora 400 euros! Ou seja, mais 110 euros. Ainda assim, o valor era muito inferior ao que pagariam se quisessem comprar.
A equipa da Proteste Investe fez também semelhante incursão há algum tempo, mas para perceber se há ganhos ou perdas nas operações de compra e venda de uma barra de ouro.
Já se sabe que a cotação oscila, mas o ouro está também sujeito a um spread (diferença entre o preço a que o banco vende e compra). E são cobradas comissões de transação e de guarda, se quiser que o lingote fique guardado no banco. Ou ainda de levantamento, se preferir levá-lo. Feitas as contas, as perdas ascendiam a 15 por cento.
No caso de joias ou de outros objetos em ouro, a perda esperada seria ainda maior, se quiséssemos vendê-los. Ou seja, a crença popular de que o ouro é um bom investimento para horas de aflição deve ser revista. Tenha cuidado e siga as nossas dicas.
1. Escolha o dia para vender o ouro
Para determinar o valor de uma peça de ouro, as lojas têm em conta a cotação do dia em que é feita a avaliação. Antes de vender, consulte, por isso, o preço por onça, no site do Banco de Portugal.
Pode consultar também a nossa calculadora do ouro para verificar o preço do ouro. Apesar de os preços sofrerem variações diárias, fica com uma ideia do valor que pode esperar, que será sempre inferior ao de referência.
2. Visite vários locais antes de tomar uma decisão
Pelo nosso relato, já percebeu que o valor de uma peça de ouro usada pode oscilar muito entre estabelecimentos. Embora a cotação diária dos metais preciosos deva estar visível para o consumidor, não é apenas o peso que conta. Há outros critérios de avaliação que o comprador usará com toda a argúcia para tentar pagar menos. É o caso do estado de conservação, da raridade e do feitio da peça.
Para conseguir um valor justo, visite duas ou três lojas de confiança (pesquise na internet comentários e avaliações), e não se mostre desesperado para vender, nem ceda à primeira oferta. Faça o mesmo exercício em ourivesarias. Nem todas compram, mas é provável que façam ofertas mais generosas.
3. Se tiver dúvidas peça uma avaliação
Em novembro de 2017, deixou de ser obrigatório haver um avaliador por cada estabelecimento. Mas, se tem dúvidas sobre o valor oferecido, a loja é obrigada a pôr à disposição do consumidor uma lista de avaliadores para sua livre escolha.
Por regra, o ouro português tem 19,2 quilates (kt). O toque máximo permitido numa joia, ou seja, o conteúdo de metal precioso de um objeto, medido em milésimas, é de 22 kt, mas a grande maioria das peças nacionais tem apenas 19,2 kt. Por corresponderem a ouro no seu estado mais puro, as barras têm um valor superior ao de uma joia (24 kt).
Quanto às peças, têm uma marca de contraste cravada, que indica a pureza do ouro. Pode acontecer estar sumida por causa do uso e gerar dúvidas, razão pela qual o comprador pode fazer o teste do íman. Como o ouro é um metal não-magnético, repele a atração gerada pelo íman. Segue-se um teste com uma pedra de toque, onde a peça é raspada, e líquidos para avaliar a pureza.
4. Informe-se sobre as comissões
A venda de ouro pressupõe o pagamento de comissões de transação e de certificação, que retiram parte do lucro. Informe-se antes de concretizar a venda.
5. Pagamento: peça recibo
Também desde novembro de 2017, o máximo que é permitido uma loja pagar em dinheiro, na compra de objetos com metal precioso usados, passou a ser o mesmo de quaisquer outros bens: em regra, 3000 euros. Acima desse valor, só por transferência bancária ou cheque. Certifique-se, por isso, da fiabilidade do estabelecimento, e peça recibo da venda.
Uma boa notícia para terminar: os ganhos com a venda do ouro não estão sujeitos a imposto sobre as mais-valias.
Dossiê técnico: Jorge Duarte
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