Apesar dos investidores continuarem receosos sobre o impacto das tarifas anunciadas por Donald Trump e da situação económica dos EUA ser mais preocupante, dado que em julho foram criados menos empregos do que o esperado e os pedidos de subsídio de desemprego estão acima do previsto, os mercados ignoraram as incertezas e parecem estar a descontar um corte das taxas de juro americanas em setembro.
O S&P 500 avançou 2,4% na semana passada e o Nasdaq ganhou 3,9%. Este último beneficiou da subida de 3,9% do sector tecnológico mundial, após o anúncio de Trump de que não irá impor tarifas sobre a importação de semicondutores às empresas que produzam em solo americano ou se comprometam a fazê-lo. É o caso da Apple (+13,3%), que prometeu investir mais 100 mil milhões de dólares nos EUA.
Na Europa, a semana também foi muito positiva, com o Stoxx Europe 600 a subir 2,1%, apesar da entrada em vigor das tarifas americanas. Entre as ações do índice alemão Dax (+3,2%), a Bayer desceu 8,6% após ter reportado prejuízos no segundo trimestre, ainda afetada pelos litígios relacionados com o glifosato. A Adidas (+0,1%) não conseguiu convencer o mercado, apesar de ter mantido as previsões numa conjuntura ainda difícil.
Por outro lado, o mercado bolsista suíço subiu apenas ligeiramente (+0,3%), penalizado pela introdução de taxas alfandegárias de 39% nos EUA. Embora o setor farmacêutico tenha sido poupado por enquanto, as farmacêuticas suíças Roche (-4,2%) e Novartis (-0,1%) estão receosas. O setor farmacêutico mundial perdeu 2,9% após Trump ter feito novas ameaças contra o setor. A Eli Lilly liderou as perdas e recuou 17,9%.
O setor automóvel europeu (+5,5%) respirou de alívio com a redução das tarifas nos EUA para 15% (contra 27,5% antes). A BMW subiu 6,5%, a Volkswagen 7% e a Mercedes 6,2%.
O preço do petróleo caiu 4,4% com o anúncio da OPEP+ de que vai aumentar a produção em setembro. A ExxonMobil (-2,6%) e a Shell (-1,1%) fecharam em baixa, ao contrário da Chevron (+2,4%) e da TotalEnergies (+3,2%).
Lisboa volta a sorrir
A bolsa nacional acompanhou os ganhos das suas congéneres mundiais e subiu 2% na semana passada. Numa altura de férias e após a divulgação dos resultados empresariais referentes ao primeiro semestre, a semana foi calma e sem notícias relevantes.
Pela positiva, destaque para a Mota-Engil, que liderou as subidas e valorizou mais 17,7%, elevando os ganhos acumulados em 2025 para 79,3%, a maior subida da praça lisboeta este ano. Seguiram-se a Altri e a Navigator, com valorizações de 8,3% e 7,7%, respetivamente. O BCP também esteve em bom plano e ganhou 6,5%.
Pelo contrário, o grupo EDP impediu ganhos maiores do índice PSI, com a EDP Renováveis a ser a empresa mais penalizada, ao descer 3,5%, mesmo depois de anunciar a venda de mais um portfólio de ativos de energia solar em Espanha por 160 milhões de euros. Por sua vez, a sua casa EDP recuou 1,3%.
Números da semana
0,756 €
O BCP fechou a semana passada num novo máximo desde outubro de 2015, há quase 10 anos, nos 0,756 euros. O banco já acumula uma valorização de 62,7% desde o início do ano, sendo a segunda ação nacional que mais sobre, atrás da Mota-Engil.
-12%
Queda do setor farmacêutico mundial em 2025 (em euros). A pressão de Donald Trump para a descida dos preços dos medicamentos nos EUA, a questão das tarifas aduaneiras e alguns resultados e previsões menos robustos são os fatores que justificam a queda do setor, em contraciclo com a subida generalizada das bolsas.
Top subidas
Mota-Engil +17,7%
Apple +13,3%
Bpost +12,5%
Kion Group +12,2%
BBVA +11,0%
Top descidas
Eli Lilly -17,9%
Bayer -8,6%
Accenture -6,3%
BAE Systems -4,3%
Roche -4,2%
A semana em números
Principais Bolsas | |
Europa Stoxx 600 | +2,1% |
EUA S&P 500 | +2,4% |
EUA Nasdaq | +3,9% |
Lisboa PSI | +2,0% |
Frankfurt DAX | +3,2% |
Londres FTSE 100 | +0,3% |
Tóquio NIKKEI 225 | +2,5% |
Variação das cotações entre 04/08/25 a 11/08/25, em moeda local.
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