Ao anunciar tarifas de 50% sobre os bens importados da UE a partir de 1 de junho (a data foi depois alterada para 9 de julho), Trump pressionou as bolsas.
A queda foi limitada, pois os investidores assumiram que o anúncio servia “apenas” para pressionar os negociadores europeus, mas empurrou os índices para o vermelho, com o Stoxx Europe 600 a fechar a semana com uma perda de 0,8%.
Paris recuou 1,9%. Nos EUA, o S&P 500 e o Nasdaq perderam 2,6 e 2,5%. As quedas foram ampliadas pela Apple (-7,6%), que foi ameaçada por Trump com tarifas de 25% se os iPhones não forem fabricados nos EUA. Os comentários afetaram os setores mais exportadores para os EUA, como o automóvel (-2,7% na Europa) e os bens de luxo (-2,1%). A LVMH caiu 4,9%.
Na Europa, as quedas foram menores graças à evolução positiva dos setores mais defensivos: farmácia (+3,3%), utilities (+3,5%) e telecomunicações (+3,6%), com a Vodafone a recuperar 8,3%.
O preço do petróleo (-1%) manteve-se volátil, mas a esperança de um acordo comercial entre a China e os EUA, que evite a recessão, e os rumores de um ataque israelita ao Irão sustentaram os preços no início da semana.
O nosso cenário de preços baixos para o ouro negro mantém-se, especialmente porque a OPEP+ planeia um terceiro aumento consecutivo da produção. O setor petrolífero caiu 2,7%, com a Chevron e a Exxon a descerem 3,9 e 4,8%.
Para além da tensão persistente no Médio Oriente e da guerra na Ucrânia, onde as esperanças de congelamento do conflito estão a dissipar-se, há receios de uma nova corrida ao armamento, após o anúncio de Trump sobre o seu escudo antimíssil. O setor europeu da defesa subiu 5,6%. A BAE Systems e a Thales ganharam 4,6 e 2,5%.
Lisboa liderou os ganhos
A bolsa nacional contrariou as quedas das congéneres mundiais e liderou os ganhos com uma subida de 1,3% na semana.
A Novabase (+15,5%) esteve em destaque após a aprovação de um dividendo de 1,35 euros brutos por ação, que também poderá ser pago através de novas ações. Seguiu-se a Mota-Engil (+14,9%), que continua a subir e já acumula um ganho de 62,9% em 2025.
A Sonae (+11,4%) fechou o pódio ao anunciar um aumento de 77,2% dos lucros trimestrais, conforme o esperado, a beneficiar da melhoria do seu desempenho operacional e da integração dos negócios adquiridos.
Seguiu-se o BCP (+6%), que fixou um novo máximo desde 2015, ao divulgar uma subida de 3,9% dos lucros trimestrais, em linha com o previsto. Ainda a nível de resultados, o lucro da Altri (-9,6%), que liderou as perdas, desceu 64,7% e ficou abaixo do esperado.
Números da semana
10 mil ME
Após fixar um novo máximo desde finais de 2015, o BCP ultrapassou os 10 mil milhões de euros de valorização bolsista. O banco anunciou resultados trimestrais positivos, com o lucro a subir 3,9%, mas sem grandes surpresas face ao que era esperado.
-28,8%
Os avanços, recuos e as ameaças da administração Trump em relação às tarifas comerciais têm penalizado bastante a cotação da Apple, que regista uma queda de 28,8%, medida em euros, desde o início de 2025.
Top subidas
Novabase +15,5%
Mota-Engil +14,9%
Bpost +14,4%
Sonae +11,4%
Vodafone Group +8,3%
Top descidas
VF Corp -18,8%Altri -9,6%
Volkswagen VZ -9,1%
Stellantis -8,7%
Porsche AG VZ -8,6%
A semana em números
Principais Bolsas | |
Europa Stoxx 600 | -0,8% |
EUA S&P 500 | -2,6% |
EUA Nasdaq | -2,5% |
Lisboa PSI | +1,3% |
Frankfurt DAX | -0,6% |
Londres FTSE 100 | +0,4% |
Tóquio NIKKEI 225 | -1,6% |
Variação das cotações entre 16/05/25 a 23/05/25, em moeda local.
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