Os receios de uma recessão nos EUA estão a preocupar os investidores, que continuam a temer os efeitos dos aumentos tarifários de Trump. Felizmente, a descida da inflação em fevereiro limitou o declínio semanal das bolsas e tornou mais provável o corte em breve das taxas de juro americanas. Resta verificar o impacto na inflação dos recentes aumentos das taxas alfandegárias.
A correção das bolsas foi amenizada no final da semana, mas não impediu o S&P 500 de cair 2,3% e o Nasdaq de perder 2,4% (-12,4%, em euros, em 2025). A Tesla (-4,8%) fechou de novo no vermelho, com os investidores a aguardarem os próximos números de entregas de carros. A Apple desceu 10,7%. Ao invés, a Intel subiu 16,5% após nomear novo presidente executivo.
Graças aos setores mais defensivos e à expectativa de retoma na Alemanha, a Europa saiu-se menos mal: o Stoxx Europe 600 caiu 1,2% e o Dax alemão apenas 0,1%.
Trump quer impor tarifas de 200% sobre as importações de álcool se a União Europeia não remover as sobretaxas sobre o whisky americano. A Pernod Ricard (20% do volume de negócios nos EUA) recuou 6,1%.
O risco de uma guerra comercial penalizou o setor automóvel europeu, que desceu 1,7%. A Stellantis desvalorizou 3,2%.
Os investidores estão a virar-se para ativos mais defensivos, como o ouro (+2,5%), que ultrapassou os 3000 dólares por onça, ou as empresas de serviços públicos (+2% na Europa) e de telecomunicações (+0,6% na Europa). A Telecom Italia valorizou 8%.
A Novo Nordisk perdeu 11,3% após resultados dececionantes de um segundo teste de fase avançada do CagriSema, um novo tratamento para a obesidade.
Lisboa não resistiu às quedas
Apesar de ter recuado apenas 0,7%, a bolsa nacional não escapou às perdas. Numa semana com muito poucas novidades e de interregno na época de apresentação dos resultados anuais, as variações das cotações foram pouco significativas.
A liderar os ganhos estiveram os CTT (+1,7%), ao passo que a Jerónimo Martins (-3,3%) registou a maior descida, mas, em ambos os casos, sem notícias relevantes.
A NOS (-3%) também corrigiu dos ganhos recentes, motivados pelos bons resultados de 2024 e pelo pouco impacto (até agora) da entrada da Digi no mercado nacional.
No setor da pasta e papel, Navigator (-2,2%) e Semapa (-1,6%) perderam valor, ao passo que a Altri (+1,4%) fechou em alta. Ao contrário do habitual, o grupo EDP também evoluiu em sentidos opostos, com a EDP a cair 2,1% e a EDP Renováveis a subir 1,2%.
Números da semana
3000 $
O ouro ultrapassou pela primeira vez os 3000 dólares por onça na passada sexta-feira. A escalada das tensões comerciais tem estimulado a cotação, já que o metal dourado continua a servir como ativo de refúgio.
2100 mil MD
As sete magníficas (Apple, Microsoft, Alphabet, Amazon, Nvidia, Meta e Tesla) perderam 2100 mil MD em bolsa desde 20 de janeiro, dia da tomada de posse do presidente Trump.
Apesar da sua eleição ter sido vista como boa para as gigantes tecnológicas, a imprevisibilidade das suas decisões tem penalizado as cotações.
Top subidas
Radius Recycling +102,8%
Intel +16,5%
Nvidia +8,0%
Telecom Italia +8,0%
Teva Pharma +6,3%
Top descidas
VF Corp -13,1%Novo Nordisk -11,3%
Apple -10,7%
Paccar- 9,9%
Abbott -7,6%
A semana em números
Principais Bolsas | |
Europa Stoxx 600 | -1,2% |
EUA S&P 500 | -2,3% |
EUA Nasdaq | -2,4% |
Lisboa PSI | -0,7% |
Frankfurt DAX | -0,1% |
Londres FTSE 100 | -0,6% |
Tóquio NIKKEI 225 | +0,5% |
Variação das cotações entre 07/03/25 a 14/03/25, em moeda local.
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