Donald Trump continua a penalizar as bolsas americanas. A incerteza sobre as tarifas gera receios sobre o crescimento económico, o que trava a tomada de risco pelas empresas e investidores. O S&P 500 caiu 3,1%, com a tomada de mais-valias a ser sentida em especial nas tecnológicas. O Nasdaq desceu 3,5%, com a Intel a cair 13% e a Nvidia 9,8%.
A incerteza também afetou o Stoxx Europe 600 (-0,7%). A boa surpresa veio do Dax alemão (+2%), após o anúncio de um plano para financiar o esforço de defesa e modernizar as infraestruturas. Esta notícia foi bem recebida pelas ações industriais, como a Kion (+15,6%) ou a Knorr-Bremse (+8,9%).
Nos EUA, a maioria dos setores desvalorizou:
- A banca perdeu 8,9%. O aumento das taxas alfandegárias corre o risco de penalizar o crescimento. O Bank of America caiu 10,2%.
- O setor automóvel recuou 8,4%, afetado pela incerteza sobre as relações comerciais dos EUA com o México e o Canadá.
- Ao invés, as ações do setor siderúrgico foram mais procuradas devido aos pacotes de estímulo alemão e chinês. A ArcelorMittal subiu 11,1% e a Aperam ganhou 9,4%.
O preço do petróleo caiu para a casa dos 70 dólares por barril, após a OPEP+ ter indicado que quer aumentar a produção em abril. Um anúncio que valida a tese de que a oferta neste mercado excede a procura, até porque a perspetiva de uma guerra comercial pressiona o crescimento global e o consumo de petróleo. O setor recuou 1,9%, com a Shell a cair 4,7% e a Repsol a perder 4,3%.
Nota final para a Stellantis (-5,8%), cujo conselho mudou de manter para vender. Para além dos desafios que já enfrenta, a imposição de tarifas vai afetar bastante a sua atividade (40% dos veículos vendidos nos EUA são importados do México e Canadá), pelo que baixámos as previsões de lucros.
Bolsa nacional escapou às quedas
Apesar da crise política, a bolsa de Lisboa foi das poucas a fechar em alta, ao ganhar 0,3%.
A liderar as subidas estiveram a Mota-Engil (+8%), a beneficiar dos bons resultados de 2024, e a REN (+8%), que anunciou números acima do esperado, com o lucro e o dividendo a subirem ligeiramente, cerca de 2%, mas a superarem as previsões.
A NOS (+6,1%), também a beneficiar de bons resultados em 2024, e o BCP (+3,2%) mantiveram a tendência de subida.
Ao invés, a Galp (-6,4%) liderou as quedas, pressionada por nova descida do preço do petróleo (-3,9%), seguida da EDP Renováveis (-4,1%), ainda afetada pelos fracos resultados de 2024.
Nota final para a Jerónimo Martins (-2,7%) que anunciou a entrada no mercado da Eslováquia.
Números da semana
+9%
Ao contrário de anos anteriores, as bolsas europeias têm superado as americanas. O Stoxx Europe 600 está a ganhar 9% em 2025, contra uma queda de 6,5% do índice americano S&P 500 (medido em euros), que tem sido penalizado pelas políticas aduaneiras de Trump.
-0,25%
Como se previa, o BCE cortou pela sexta vez consecutiva a sua principal taxa de juro diretora, colocando-a em 2,5%. Contudo, desta vez o discurso do BCE não foi tão claro quanto aos próximos passos a adotar, dada a incerteza reinante na economia global.
Top subidas
Thales +23,5%
Kion Group +15,6%
Deutsche Post +14,2%
BAE Systems +11,4%
ArcelorMittal +11,1%
Top descidas
VF Corp -23,3%Ralph Lauren -14,2%
Intel -13,0%
Tesla -10,3%
Bank of America -10,2%
A semana em números
Principais Bolsas | |
Europa Stoxx 600 | -0,7% |
EUA S&P 500 | -3,1% |
EUA Nasdaq | -3,5% |
Lisboa PSI | +0,3% |
Frankfurt DAX | +2,0% |
Londres FTSE 100 | -1,5% |
Tóquio NIKKEI 225 | -0,7% |
Variação das cotações entre 28/02/25 a 07/03/25, em moeda local.
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