A perspetiva de tarifas de 25% sobre as importações dos EUA vindas da Europa, México e Canadá, bem como os receios com a política comercial de Trump, fizeram os investidores duvidar da evolução futura das bolsas.
As dúvidas geradas pelo presidente americano desincentivam a tomada de riscos e até legitimam a realização de mais-valias nos ativos mais arriscados, como a Bitcoin, que esta sexta-feira já está abaixo dos 80.000 dólares, pela primeira vez desde novembro de 2024, ou as ações tecnológicas (-7,1%).
Nos EUA, o S&P 500 recuou 4,2% na última semana e o Nasdaq perdeu 7,1%. Ao invés, na Europa, o Stoxx Europe 600 ganhou 1,1%.
Os resultados altamente esperados da Nvidia (-14,2%) superaram expectativas e o grupo mantém-se confiante para o futuro próximo, já que a procura pelos seus chips mais potentes continua forte.
Mas as dúvidas em torno da elevada valorização das ações face às suas perspetivas não foram dissipadas e a queda da cotação não é suficiente para ficarmos mais confiantes. O setor de semicondutores caiu 11,4%, com a Applied Materials a descer 11%.
A nível de resultados, realce para os bons números apresentados pela Engie (+9,2%) e pela Axa (+2,4%). O setor alimentar europeu progrediu 3,6% após resultados acima do esperado da líder cervejeira AB InBev (+14,1%). A Nestlé subiu 5,7%. Com um ganho de 3,4%, o setor da defesa voltou ao verde. A BAE Systems valorizou 8,4% e a Thales subiu 5,6%.
Bolsa nacional em bom plano
A bolsa de Lisboa foi uma das que mais subiu na última semana, ao ganhar 2,4%. A liderar as subidas esteve a NOS (+14,7%), que divulgou números acima do esperado relativos a 2024.
Pelo contrário, a EDP Renováveis (-6%) liderou as quedas após apresentar perdas em 2024. Em causa estão menores ganhos com rotações de ativos e sobretudo imparidades relativas à decisão de sair da Colômbia e ao segmento eólico offshore nos EUA, após Trump se mostrar contra este tipo de investimento. Pelas mesmas razões, a sua casa mãe EDP (+1,6%) registou uma descida dos resultados de 16%, embora o lucro recorrente tenha subido 4%.
No caso do BCP (+4,3%), os lucros de 2024 cresceram 5,9%, mas ficaram, ainda assim, ligeiramente aquém do esperado. O banco irá reforçar a remuneração acionista, ao propor um payout de 50% sobre os lucros e já está autorizado a comprar ações próprias no valor de 200 milhões de euros (ME).
Por fim, a Mota-Engil (+1%) atingiu um lucro recorde de 123 ME (+8% face a 2023) e irá propor um aumento de 17% do dividendo para 0,1497 euros por ação.
Números da semana
-16%
O lucro da EDP caiu 16% em 2024 devido a imparidades na Colômbia e EUA. Sem fatores não recorrentes subiu 8%. A empresa anunciou ainda uma redução do investimento e um aumento do dividendo bruto para 0,20 euros por ação.
272,3 ME
Lucro recorde obtido pela NOS em 2024, mais 50,4% face a 2023 e acima das nossas previsões. Na base, está a melhoria do desempenho operacional e ganhos não recorrentes relativos a decisões judiciais e vendas de ativos. A empresa anunciou ainda um aumento do dividendo para 0,40 euros por ação.
Top subidas
NOS +14,7%
AB InBev +14,1%
Novabase +13,5%
Engie +9,2%
BAE Systems +8,4%
Top descidas
Tesla -20,4%Nvidia -14,2%
Intel -11,5%
Applied Materials -11,0%
Alphabet C -8,8%
A semana em números
Principais Bolsas | |
Europa Stoxx 600 | +1,1% |
EUA S&P 500 | -4,2% |
EUA Nasdaq | -7,1% |
Lisboa PSI | +2,4% |
Frankfurt DAX | +1,1% |
Londres FTSE 100 | +1,1% |
Tóquio NIKKEI 225 | -1,1% |
Variação das cotações entre 20/02/25 a 27/02/25, em moeda local.
O conteúdo deste artigo pode ser reproduzido para fins não-comerciais com o consentimento expresso da DECO PROteste, com indicação da fonte e ligação para esta página. Ver Termos e Condições.