As bolsas voltaram a sorrir na semana passada graças aos dados tranquilizadores relativos à inflação americana em dezembro (3,2%, excluindo itens mais voláteis), o que sugere que a Fed poderá cortar as taxas de juro duas vezes em 2025. O S&P 500 ganhou 2,9% e o Nasdaq subiu 2,5%.
O rendimento das obrigações americanas a 10 anos desceu para 4,61% após vários dias de tensão e as preocupações sobre o impacto das medidas protecionistas de Trump passaram para segundo plano.
A flexibilização do mercado obrigacionista e os bons resultados da TSMC (+1,8%) deram algum colorido ao sector tecnológico (+1,5%), apesar da Apple ter recuado 2,9%.
O otimismo dos EUA alastrou-se à Europa, onde o Stoxx Europe 600 progrediu 2,4%, também graças à queda das yields das obrigações. Frankfurt subiu 3,4%, a beneficiar do bom desempenho do setor automóvel, estimulado pelos bons números do crescimento na China.
Por sua vez, Paris ganhou 3,8%, graças à valorização dos títulos de bens de luxo (+7,7%), como a LVMH (+7%), a Kering (+6,5%) e a Hermes (+5,2%), que beneficiaram da publicação de resultados bastante acima do esperado da empresa suíça Richemont (+18,2%), o que confirma uma certa resiliência estrutural da gama mais elevada de produtos.
De resto, os primeiros resultados de 2024 foram bem recebidos pelos investidores. Os bancos norte-americanos subiram 7,4% após divulgarem fortes lucros trimestrais, que beneficiam do dinamismo das atividades de consultoria empresarial e do aumento das taxas de juro em relação ao ano anterior. O Goldman Sachs valorizou 11,8%.
O setor farmacêutico, mais defensivo, perdeu terreno (-1,9%), com a Novo Nordisk (-9%), a Eli Lilly (-9,3%) e a Novartis (-1,9%) em queda.
Lisboa em forte alta
A bolsa nacional foi um dos destaques da semana, com o índice PSI a ganhar 4,2%. Com vários títulos em destaque, a Mota-Engil subiu 9,9% e liderou os ganhos, seguida da Galp Energia (+6,7%), que beneficiou da subida do preço do petróleo (+2,8%).
A recuperação do grupo EDP foi outro dos motores da nossa praça, com a EDP Renováveis e a EDP a escalarem 6,2 e 5,9%, respetivamente, após a descida das taxas de juro de mercado.
Realce ainda para o BCP (+3,9%), cuja cotação já está muito perto dos 0,50 euros, o que já não acontecia desde abril de 2016. Nota final para a Jerónimo Martins (+3,8%), cujas vendas líquidas cresceram 9,3% em 2024, ligeiramente acima do esperado.
Números da semana
+9,3%
Crescimento das vendas da Jerónimo Martins em 2024, um valor ligeiramente acima do esperado. Os três mercados do grupo contribuíram para este bom desempenho, com destaque para a Polónia (Biedronka: +9,6%) e Colômbia (+17%), que beneficiaram ainda de uma evolução cambial favorável.
3,2%
Valor da inflação subjacente (excluindo alimentação e energia) nos EUA em dezembro. O número é inferior à previsão de 3,3%, o que estimulou as bolsas na semana passada, já que aumenta a probabilidade de mais cortes de taxas pela Fed.
Top subidas
Radius Recycling +16,2%
Intel +12,2%
Applied Materials +11,9%
Mota-Engil +9,9%
Medtronic +9,2%
Top descidas
Eli Lilly -9,3%Novo Nordisk -9,0%
Apple -2,9%
Carrefour -2,6%
Atenor -2,2%
A semana em números
Principais Bolsas | |
Europa Stoxx 600 | +2,4% |
EUA S&P 500 | +2,9% |
EUA Nasdaq | +2,5% |
Lisboa PSI | +4,2% |
Frankfurt DAX | +3,4% |
Londres FTSE 100 | +3,1% |
Tóquio NIKKEI 225 | -1,9% |
Variação das cotações entre 10/01/25 a 17/01/25, em moeda local.
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