As bolsas americanas celebraram em grande a eleição de Donald Trump, cujo programa de desregulação e redução de impostos é considerado muito favorável ao crescimento económico, ao investimento empresarial e às ações.
A banca americana é uma das mais beneficiadas se houver mais investimento e menos regulação, pelo que valorizou 7,2%. Ainda nos EUA, a Reserva Federal (Fed) cortou novamente a sua taxa diretora, desta vez em 0,25%. Assim, o S&P 500 subiu 4,7% e o Nasdaq 6,5%, com o setor tecnológico a ganhar 6,6%.
Os semicondutores saltaram 9% a nível global, com a Intel em grande destaque ao valorizar 21,9% e a Nvidia (+12,1%) a recuperar o primeiro lugar em termos de capitalização bolsista. A Tesla, cujo CEO é um defensor muito ativo de Trump, progrediu 18,8%.
Na Europa, a vitória de Trump foi recebida com menor entusiasmo devido à ameaça de novas taxas alfandegárias. O Stoxx Europe 600 subiu apenas 0,9%. A subida das taxas de juro de longo prazo nos EUA não favorece o crescimento económico, que já é anémico na Europa.
O sector automóvel europeu (-1,3%) está a pagar o preço da vitória de Trump, que poderá lançar a guerra comercial contra este sector importador nos EUA. Outro setor pressionado foi o das energias renováveis, com a Vestas a cair 16,7% e a EDP Renováveis a perder 11,6%. Por sua vez, as farmacêuticas europeias recuaram 3,5%.
Ao invés, o setor europeu da defesa ganhou 9,6%, já que um menor envolvimento americano na defesa na Europa obrigá-la-ia a investir mais. A Thales e a BAE Systems valorizaram 8,3% e 10,6%. Nos EUA, a Lockheed Martin ganhou apenas 1,1%.
O setor siderúrgico também fechou no verde, pois beneficia com maior protecionismo face às exportações chinesas. A Radius Recycling ganhou 22,4% e a ArcelorMittal subiu 8,6%.
Lisboa em contraciclo negativo
A bolsa nacional voltou a terminar em contraciclo com as suas congéneres, mas desta vez pela negativa, ao cair 2,8% na última semana.
Em causa está, sobretudo a descida do grupo EDP, penalizado pela não aposta de Trump no setor das renováveis e pelo facto dos resultados da EDP Renováveis (-11,6%) terem recuado 53% até setembro, situando-se abaixo do esperado.
Por sua vez, a casa mãe EDP (-8,6%) foi arrastada pelo sentimento negativo, embora a sua cotação esteja a recuperar esta sexta-feira, depois de ter apresentado uma subida de 14% dos lucros até setembro, em linha com o previsto.
De resto, realce ainda para as descidas de 4,1% da Semapa, de 3,8% da NOS, afetada pelo início das operações comerciais da romena Digi em Portugal, e de 3,2% do BCP.
Números da semana
1083 ME
Valor dos lucros da EDP nos primeiros nove meses do ano, o que representa uma subida de 14% face a 2023. Os fracos resultados da EDP Renováveis foram compensados pelo bom desempenho das redes de eletricidade no Brasil e pela recuperação da produção hídrica.
-0,25%
Tanto a Reserva Federal norte-americana como o Banco de Inglaterra cortaram as suas taxas de juro diretoras em 0,25% na última semana. Futuros cortes dependerão muito da evolução das respetivas economias, mas são sempre boas notícias para os mercados acionistas
Top subidas
Radius Recycling +22,4%
Intel +21,9%
Tesla +18,8%
Amazom.com +12,7%
Nvidia +12,1%
Top descidas
EDP Renováveis -11,6%
Solvay -9,0%
EDP -8,6%
PostNL -8,2%
Deme Group -7,7%
A semana em números
Principais Bolsas | |
Europa Stoxx 600 | +0,9% |
EUA S&P 500 | +4,7% |
EUA Nasdaq | +6,5% |
Lisboa PSI | -2,8% |
Frankfurt DAX | +1,5% |
Londres FTSE 100 | +0,4% |
Tóquio NIKKEI 225 | +0,8% |
Variação das cotações entre 31/10/24 a 07/11/24, em moeda local.
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