Os investidores reagiram mal aos recentes indicadores económicos americanos (criação de emprego abaixo do esperado…) e chineses, que indicam um abrandamento económico. Uma travagem demasiado brusca aumenta a probabilidade de uma recessão, em detrimento do cenário central de uma aterragem suave da economia.
Um corte das taxas de juro nos EUA motivado por uma inflação mais baixa seria muito bem recebido pelos mercados, mas se a mesma queda das taxas for implementada devido a uma recessão que deteriora as perspetivas de lucro das empresas, isso penalizaria as bolsas. O S&P 500 desceu 4,3% na semana passada, enquanto o Stoxx Europe 600 caiu 3,5%, mas Tóquio (-5,8%) perdeu mais e o Nasdaq desvalorizou 5,8%.
A desconfiança dos investidores prejudicou o setor tecnológico (-6,5%) e os semicondutores (-11,6%) estiveram sob pressão, com os investidores a temerem uma recessão e a interrogarem-se sobre a real contribuição da Inteligência Artificial para a economia. A Nvidia (-13,9%) esteve mais uma vez no centro das atenções, a ASML (-16,1%) sofreu com uma redução da recomendação do banco UBS e a Intel (-14,3%) e a Applied Materials (-11,4%) também desceram muito.
A taxa de juro americana a 10 anos caiu para 3,74% face a 4,47% em julho. Por isso, os investidores preferiram títulos menos cíclicos como as telecomunicações (+1,6% na Europa) e as utilities (+2,2% na Europa).
A semana foi volátil para as commodities. O petróleo, com receio do enfraquecimento da procura, recuou 9,2%, para os 71,63 dólares por barril, um nível idêntico ao final de 2023. Assim, o setor energético perdeu 4,1%, com a Chevron a recuar 6,3%. Por sua vez, o setor das matérias-primas desvalorizou 5,6% e também não escapou às fortes quedas.
Lisboa cai, mas aguenta-se
Graças à perspetiva de descida das taxas de juro, que beneficia muito empresas como a EDP Renováveis (+6,3%), a EDP (+6,1%) ou a REN (+2,1%), e à sua fraca exposição ao setor tecnológico, a bolsa nacional caiu apenas 0,6% na semana passada, o que representa um desempenho muito melhor do que o das suas congéneres mundiais.
Para além das empresas acima referidas, que lideraram os ganhos da semana, realce ainda para a valorização de 1,5% da Sonae, que contrasta com a queda de 3,3% da Jerónimo Martins.
A Mota-Engil (-18,4%) voltou a liderar as perdas, após a subida dos lucros ter sido inferior ao esperado, ao passo que a Galp Energia (-6,9%) foi pressionada pela queda acentuada do preço do petróleo.
Números da semana
142 mil
O número de empregos criados pela economia americana em agosto superou o mês de julho mas ficou abaixo do previsto (164 mil) e aumentou os receios de um abrandamento maior da economia americana.-11,6%
A queda do setor de semicondutores na semana deveu-se a receios de recessão nos EUA e ao recuo da euforia sobre a IA. Há quem tema um menor investimento em chips eletrónicos, e os resultados de certas empresas assim o indicam. Mas o setor está corretamente avaliado e as perspetivas de crescimento sólidas não se limitam à IA.
Top subidas
EDP Renováveis +6,3%
EDP +6,1%
Telefônica Brasil +5,8%
Orange +4,8%
Danone +3,9%
Top descidas
Mota-Engil -18,4%ASML -16,1%
Intel -14,3%
Nvidia -13,9%
Applied Materials -11,4%
A semana em números
Principais Bolsas | |
Europa Stoxx 600 | -3,5% |
EUA S&P 500 | -4,3% |
EUA Nasdaq | -5,8% |
Lisboa PSI | -0,6% |
Frankfurt DAX | -3,2% |
Londres FTSE 100 | -2,3% |
Tóquio NIKKEI 225 | -5,8% |
Variação das cotações entre 30/08/24 a 06/09/24, em moeda local.
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