Confrontadas com indicadores económicos fracos, nomeadamente em relação ao crescimento do PIB das principais economias, e divulgações de resultados pouco animadoras, as principais bolsas europeias fecharam no vermelho. O índice agregado Stoxx Europe 600 caiu 2,9%.
No setor automóvel (-5,8%), os resultados foram recebidos negativamente na Volkswagen (-7,6%,) e na BMW (-6,3%), apesar desta última ter apresentado números em linha com as nossas expectativas. Deceção também na área financeira (-4,8%) com os resultados da Société Générale (-14,3%) e ING (-7,7%) abaixo das expectativas. No setor alimentar e de bebidas (+0,1%), a Heineken (-9,5%) dececionou.
Para os índices americanos a semana não foi melhor. Apesar da reunião da FED, que pode reduzir as taxas já em setembro, o Nasdaq caiu 3,4%, enquanto o S&P 500 recuou 2,1%.
Para além do receio de uma deterioração da economia americana, os investidores não ficaram impressionados com os últimos resultados dos gigantes do setor tecnológico (-4%). A Meta (+4,8%) destacou-se com bons resultados e uma previsão de receitas superior às expectativas, mas outras empresas dececionaram fortemente, como a ARM (-23,9%) e a Intel (-31,5%). A Nvidia (-5,1%) está na mira das autoridades por abuso de posição dominante após uma queixa de vários concorrentes.
Neste contexto de aversão ao risco, os valores refúgio e os setores defensivos são muito procurados pelos investidores. O ouro (+1,3%) aproxima-se do seu recorde, enquanto o setor dos serviços públicos subiu 1,8%.
Lisboa não escapa à tendência
O PSI perdeu 2,2% esta semana. O grupo CTT (-10,66%) viu o lucro semestral descer 23,9%, devido à forte queda das receitas dos Serviços Financeiros (menor subscrição de títulos de dívida pública).
O BCP (-9,84%) sofre grandes perdas devido aos resultados fracos do setor a nível europeu e às notícias relativas ao processo da Autoridade da Concorrência (AdC), apoiado pelo Tribunal de Justiça da União Europeia que levanta a possibilidade de conjugação de preços no mercado bancário português.
A Mota-Engil (-9,32%), Navigator (-5,37%) e Altri (-4,98%) caem devido aos receios de abrandamento económico. Já a Galp (-5,36%) perde terreno por culpa da desvalorização do petróleo.
A Sonae (-2,70%) apresentou lucros semestrais 13,6% superiores ao período homólogo. Com o bom desempenho operacional dos vários negócios a mais do que compensar o aumento dos custos financeiros, das amortizações e dos impostos.
Por fim, a EDP (-3,61%) viu o lucro subir 75% no semestre, acima do previsto. Beneficiou de ganhos elevados com a alienação de ativos e também da subida de 8% do EBITDA recorrente. Apesar destas boas noticias, não conseguem contrariar a tendência negativa do mercado.
Variação das cotações entre 26/07/24 a 02/08/24, em moeda local.
Números da semana
4,3%
A taxa de desemprego nos EUA surpreendeu os investidores ao fixar-se nos 4,3% em julho, acima do nível esperado de 4,1%. O mercado de trabalho tinha vindo a mostrar-se muito resiliente, mas este revés pode indicar alguma fraqueza não só do emprego, mas também da economia americana no geral.80 dólares
O mercado de petróleo continua volátil. Apesar do aumento das tensões no Médio Oriente, o barril de Brent (-4,4%) caiu abaixo da marca simbólica dos 80 USD, penalizado pelas perspetivas desanimadoras de procura na China. O setor de energia caiu 3,4%.O conteúdo deste artigo pode ser reproduzido para fins não-comerciais com o consentimento expresso da DECO PROteste, com indicação da fonte e ligação para esta página. Ver Termos e Condições.