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Receios de recessão provocam queda dos mercados

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Para além do receio de uma deterioração da economia americana, os investidores não ficaram impressionados com os últimos resultados dos gigantes do setor tecnológico.

Publicado em: 05 agosto 2024
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Para além do receio de uma deterioração da economia americana, os investidores não ficaram impressionados com os últimos resultados dos gigantes do setor tecnológico.

As principais bolsas fecharam no vermelho. Os investidores receiam uma deterioração da economia americana.

Confrontadas com indicadores económicos fracos, nomeadamente em relação ao crescimento do PIB das principais economias, e divulgações de resultados pouco animadoras, as principais bolsas europeias fecharam no vermelho. O índice agregado Stoxx Europe 600 caiu 2,9%.

No setor automóvel (-5,8%), os resultados foram recebidos negativamente na Volkswagen (-7,6%,) e na BMW (-6,3%), apesar desta última ter apresentado números em linha com as nossas expectativas. Deceção também na área financeira (-4,8%) com os resultados da Société Générale (-14,3%) e ING (-7,7%) abaixo das expectativas. No setor alimentar e de bebidas (+0,1%), a Heineken (-9,5%) dececionou.

Para os índices americanos a semana não foi melhor. Apesar da reunião da FED, que pode reduzir as taxas já em setembro, o Nasdaq caiu 3,4%, enquanto o S&P 500 recuou 2,1%.

Para além do receio de uma deterioração da economia americana, os investidores não ficaram impressionados com os últimos resultados dos gigantes do setor tecnológico (-4%). A Meta (+4,8%) destacou-se com bons resultados e uma previsão de receitas superior às expectativas, mas outras empresas dececionaram fortemente, como a ARM (-23,9%) e a Intel (-31,5%). A Nvidia (-5,1%) está na mira das autoridades por abuso de posição dominante após uma queixa de vários concorrentes.

Neste contexto de aversão ao risco, os valores refúgio e os setores defensivos são muito procurados pelos investidores. O ouro (+1,3%) aproxima-se do seu recorde, enquanto o setor dos serviços públicos subiu 1,8%.

Lisboa não escapa à tendência

O PSI perdeu 2,2% esta semana. O grupo CTT (-10,66%) viu o lucro semestral descer 23,9%, devido à forte queda das receitas dos Serviços Financeiros (menor subscrição de títulos de dívida pública). 

O BCP (-9,84%) sofre grandes perdas devido aos resultados fracos do setor a nível europeu e às notícias relativas ao processo da Autoridade da Concorrência (AdC), apoiado pelo Tribunal de Justiça da União Europeia que levanta a possibilidade de conjugação de preços no mercado bancário português. 

A Mota-Engil (-9,32%), Navigator (-5,37%) e Altri (-4,98%) caem devido aos receios de abrandamento económico. Já a Galp (-5,36%) perde terreno por culpa da desvalorização do petróleo. 

A Sonae (-2,70%) apresentou lucros semestrais 13,6% superiores ao período homólogo. Com o bom desempenho operacional dos vários negócios a mais do que compensar o aumento dos custos financeiros, das amortizações e dos impostos.

Por fim, a EDP (-3,61%) viu o lucro subir 75% no semestre, acima do previsto. Beneficiou de ganhos elevados com a alienação de ativos e também da subida de 8% do EBITDA recorrente. Apesar destas boas noticias, não conseguem contrariar a tendência negativa do mercado.

Variação das cotações entre 26/07/24 a 02/08/24, em moeda local. 

Números da semana

4,3%   

 A taxa de desemprego nos EUA surpreendeu os investidores ao fixar-se nos 4,3% em julho, acima do nível esperado de 4,1%. O mercado de trabalho tinha vindo a mostrar-se muito resiliente, mas este revés pode indicar alguma fraqueza não só do emprego, mas também da economia americana no geral.

80 dólares 

O mercado de petróleo continua volátil. Apesar do aumento das tensões no Médio Oriente, o barril de Brent (-4,4%) caiu abaixo da marca simbólica dos 80 USD, penalizado pelas perspetivas desanimadoras de procura na China. O setor de energia caiu 3,4%. 

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