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Nuvens negras sobre as bolsas

Publicado em:  22 abril 2024
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O forte consumo nos EUA, baseado em elevados níveis de confiança dos consumidores, alimenta os receios de que as taxas de juro permaneçam altas por mais tempo.

Os mercados acionistas tiveram de digerir dados económicos nos Estados Unidos que mostram uma boa resiliência do consumo. Este forte consumo das famílias, baseado em elevados níveis de confiança dos consumidores, está a alimentar a inflação e os receios de que as taxas de juro permaneçam altas de forma duradoura.

A correção das bolsas foi alimentada ainda pelo aumento das tensões geopolíticas no Médio Oriente, ainda que o seu impacto nos mercados neste momento pareça reduzido.

O S&P 500 caiu 3,1%, o Stoxx Europe 600 perdeu 1,2% e o japonês Nikkei resvalou 6,2%. As ações tecnológicas foram das mais penalizadas, com o Nasdaq a descer 5,5% e o setor a recuar 6,6% a nível global.

A semana foi ainda marcada pelo anúncio dos primeiros resultados trimestrais, como foram os casos da Adidas (+14,4%) ou da LVMH (+2%), pela positiva, ou da ASML (-9,5%) e da TSMC (-8,3%), no setor dos semicondutores, pela negativa. A TSMC baixou as suas previsões de crescimento para a indústria global de semicondutores. A Nvidia desvalorizou 13,6%.

A queda do preço do petróleo (-4,7%) levou a uma descida de 1,6% do setor energético, com a Repsol a perder 5,9%. Ao invés, os setores mais defensivos, como a alimentação e bebidas (+0,7%) e os serviços públicos (+0,7%) fecharam em alta.

Nota final para a ArcelorMittal, que desceu 7,3% depois do Deutsche Bank ter baixado a sua recomendação para o título devido às dificuldades sentidas na procura global de aço. O setor do aço e ferro caiu 2,7%, com a Aperam a desvalorizar 7%.

Lisboa caiu menos

A bolsa nacional foi das menos penalizadas na semana passada, ao recuar apenas 0,7%. A Mota-Engil (-6%) liderou as perdas, mantendo o movimento de correção iniciado há algumas semanas. O mesmo aconteceu à Jerónimo Martins (-2,6%).

A EDP (-0,2%) e a EDP Renováveis (-2,1%) também voltaram às quedas, depois de anunciarem reduções de 1 e 3%, respetivamente, da sua produção de eletricidade no primeiro trimestre do ano.

Por sua vez, a Galp (-2,3%) foi penalizada pela descida do preço do petróleo, mas já esta segunda-feira está a subir quase 20%, depois de anunciar que terminou a primeira fase de exploração do projeto Mopane, na Namíbia, com uma importante descoberta comercial. Só neste complexo, as previsões ascendem a 10 mil milhões de barris.

A liderar os ganhos esteve a Navigator (+3,7%) que, recorde-se, lançou em março uma OPA sobre a britânica Accrol, que deverá ser bem-sucedida.

Números da semana

-3%

Queda da produção de eletricidade da EDP Renováveis (EDPR) no primeiro trimestre. Ainda assim, a capacidade instalada subiu 11,6% para 16,5 GW e a empresa tem em construção 4,6 GW, mais de metade na energia solar. A EDPR divulga resultados a 8 de maio. 

10 mil

A Galp (operadora do consórcio com 80%) estima que as reservas de petróleo no complexo Mopane, na Namíbia, sejam de, pelo menos, 10 mil milhões de barris. Dada a importância desta descoberta, a cotação está a subir quase 20% esta segunda-feira.

Top subidas

Adidas +14,4%
L’Oréal +7,3%
Radius Recycling +6,7%
VF Corp +5,9%
Kraft Heinz +5,1% 

Top descidas

Tesla -14,0%
Nvidia -13,6%
ASML -9,5%
Applied Materials -8,7%
Atenor -8,7%
 

A semana em números

Principais Bolsas
Europa Stoxx 600 -1,2% 
EUA S&P 500 -3,1% 
EUA Nasdaq -5,5% 
Lisboa PSI -0,7% 
Frankfurt DAX -1,1% 
Londres FTSE 100 -1,3% 
Tóquio NIKKEI 225 -6,2% 

 

Variação das cotações entre 12/04/24 a 19/04/24, em moeda local.

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