A questão das taxas de juro voltou a ditar a evolução dos índices bolsistas na semana passada. A divulgação dos dados da inflação dos dois lados do Atlântico levou a que, mesmo os investidores mais entusiasmados no final de 2023, estejam agora mais céticos quanto ao cenário de uma descida iminente das taxas de juro por parte dos bancos centrais. Ainda assim, o S&P 500 subiu 1,2% e fixou novo máximo histórico na sexta-feira, ao passo que o Nasdaq valorizou 2,3%. Pelo contrário, na Europa, o Stoxx Europe 600 desceu 1,6%, com Paris a desvalorizar 1,3%.
Em reação às boas vendas a retalho nos Estados Unidos, as yields americanas a 10 anos ultrapassaram novamente os 4,1%.
O setor de semicondutores foi o grande vencedor da semana, com um ganho de 7,3%. Os resultados da taiwanesa TSMC (+7,2%) no quarto trimestre foram melhores do que o esperado e as boas perspetivas anunciadas ajudaram outros títulos, como a AMSL e a Nvidia, que ganharam 5,7 e 8,7%, respetivamente. A Applied Materials subiu 11%. Em forte alta esteve igualmente o setor de tecnologia (+3,1%).
As ações de bens de luxo continuam sob pressão, depois da Hugo Boss (-11,6%) anunciar um lucro trimestral dececionante num contexto em que a economia chinesa continua a evidenciar dificuldades. A Keering caiu 4,4% e a LVMH perdeu 1,6%. Ainda assim, os números da Richemont (+5,6%) foram superiores às expectativas e deram algum alívio ao setor no final da semana. Contudo, o setor não nos parece interessante para investir nesta altura.
A desilusão com o enfraquecimento do crescimento económico chinês penalizou as empresas de matérias-primas (-3,9%).
Lisboa em queda acentuada
A bolsa nacional (-3,4%) foi uma das mais penalizadas na semana passada. O setor energético e o BCP (-7%) foram os maiores responsáveis pela queda do índice PSI. A EDP Renováveis perdeu 7% e a EDP caiu 5,4%, já que a perspetiva de adiamento da descida das taxas de juro e os atrasos no transporte de materiais devido aos ataques no mar vermelho penalizaram o grupo. A Galp Energia, após a subida originada pela descoberta de petróleo de muito boa qualidade na Namíbia, corrigiu 5,9%.
Ao invés, a Impresa (+10,8%) liderou os ganhos, podendo ter beneficiado de alguma especulação sobre a crise na Global Media. Seguiu-se a Mota-Engil (+2,3%) que manteve a toada muito positiva dos últimos meses. Nota final para a GreenVolt (+0,1%), depois de a sua administração considerar "justo" o valor oferecido pela KKR na OPA.
Números da semana
4839,81
Novo máximo histórico fixado pelo principal índice bolsista norte-americano, o S&P 500, na passada sexta-feira. O mesmo aconteceu com o Nasdaq 100, que também fechou num novo recorde de sempre, nos 17 314 pontos.2,9%
A taxa de inflação na zona euro voltou a acelerar para os 2,9% em dezembro, face aos 2,4% do mês anterior. Esta evolução arrefeceu os ânimos de uma descida em breve das taxas de juro por parte do Banco Central Europeu, o que penalizou as praças europeias na semana passada.
Top subidas
Applied Materials +11,0%
Impresa +10,8%
ASML Holding +5,7%
Texas Instrum.+5,3%
Orange +4,0%%
Top descidas
Knorr Bremse -9,1%
Agfa-Gevaer -8,6%
Solvay -8,0%
Bpost -7,9%
Adidas -7,2%
A semana em números
Principais Bolsas | |
Europa Stoxx 600 | -1,6% |
EUA S&P 500 | +1,2% |
EUA Nasdaq | +2,3% |
Lisboa PSI | -3,4% |
Frankfurt DAX | -0,9% |
Londres FTSE 100 | -2,1% |
Tóquio NIKKEI 225 | +1,1% |
Variação das cotações entre 12/01/24 a 19/01/24, em moeda local.
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