Semapa: queda de 34% nos lucros até setembro
O contexto internacional penalizou também os resultados consolidados do grupo.
O contexto internacional penalizou também os resultados consolidados do grupo.
Em linha com o abrandamento verificado nos primeiros dois trimestres do ano, a Semapa registou uma queda de 33,6% nos lucros nos primeiros nove meses de 2025, totalizando 120,5 milhões de euros (1,48 euros por ação).
Esta descida reflete sobretudo a queda nos resultados da Navigator impactados pela pressão nos preços do papel e da pasta, mas também pela redução da atividade no setor cimenteiro em Portugal e África, assim como os maiores custos energéticos e logísticos.
Esta tendência exerceu pressão sobre os custos de produção, particularmente nas operações da Secil e da Navigator, refletindo-se numa compressão das margens operacionais.
O contexto internacional, marcado por tensões geopolíticas prolongadas e pela incerteza na procura europeia, penalizou também os resultados consolidados do grupo.
O volume de negócios consolidado da Semapa fixou-se em 2147 milhões de euros, representando uma subida ligeira de meio por cento face aos primeiros nove meses de 2024. A área de pasta e papel (The Navigator Company) continua a ser o principal contributo, embora com margens mais comprimidas devido às conjunturas atuais dos preços das matérias-primas e dos custos operacionais.
O EBITDA consolidado situou-se em 451,5 milhões de euros, uma redução de 17%, traduzindo uma margem EBITDA de 21%, inferior aos 25,5% registados no mesmo período do ano anterior.
A Navigator, controlada pela Semapa, enfrentou uma redução de 5% na procura europeia de papéis de impressão e escrita, acompanhada por uma descida de cerca de 10% no preço médio do papel. Apesar disso, as exportações extraeuropeias permitiram uma ligeira compensação, com o grupo a reforçar a sua quota de mercado internacional.
O segmento de tissue e packaging manteve um desempenho positivo, sustentando parte do EBITDA e confirmando a estratégia de diversificação da Semapa. Se pretende saber mais sobre a Navigator, consulte a nossa análise mais recente.
A área de cimentos (Secil) apresentou um crescimento de 7,2% no volume de negócios, representando 26,27% do total do volume de negócios da Semapa.
O desempenho foi sustentado por ajustamentos de preços e ganhos de eficiência operacional, que compensaram parcialmente a pressão dos custos energéticos. Contudo, também a evolução positiva no mercado da Tunísia e do Líbano foram auxiliares deste desempenho.
O EBITDA aumentou 18,4%, para 140,4 milhões de euros, e a margem EBITDA subiu 2,4 p.p., para 24,9%. A Semapa espera uma continuação da subida no preço do cimento, que apenas em setembro, já tinha subido 15% face ao mês anterior. No terceiro trimestre deste ano, o consumo desta matéria-prima aumentou em 2% face ao período homólogo.
A administração da Semapa antecipa um último trimestre estável, com recuperação gradual nos preços do papel e pasta e moderação nos custos energéticos, mas reconhece que o ambiente macroeconómico continua desafiante.
A Semapa é uma empresa cíclica muito dependente dos preços da pasta e do papel, e que é impactada também pelas oscilações dólar/euro. Temos algumas dúvidas no que diz respeito ao ritmo de recuperação do preço destas matérias-primas no curto prazo.
Em face dos resultados trimestrais que ficaram abaixo do que esperávamos revemos em baixa as estimativas de lucro por ação para 2025, agora em 1,99 euros (antes 2,24 euros), e para 2026 em 2,36 euros (antes 2,51 euros). Desde o início do ano a ação valorizou 30,2% e aos níveis atuais passou a estar correta. Alteramos o conselho de comprar para manter.