O grande aumento da carteira de encomendas e consequente crescimento do volume de negócios já era conhecido, dadas as sucessivas notícias de novos contratos. O EBITDA atingiu assim os 837 ME, um aumento de 55% em relação ao ano anterior.
Por outro lado, um indicador que surpreende, e pela positiva, é a melhoria da margem EBITDA para 15.1% em 2023, face a 14,2% em 2022.
O resultado líquido de 113 ME (0,38 euros por ação) em 2023, representa um aumento notável de 120% em comparação com 2022. É o melhor resultado de sempre da construtora.
No entanto, nem tudo são boas notícias, a dívida líquida cresceu 25% e atingiu os 1 175 ME devido às maiores necessidades de fundo de maneio resultantes dos elevados níveis de produção. A dívida é mesmo o principal problema da Mota-Engil.
Em 2022 a empresa tinha conseguido aliar o aumento do volume de negócios e dos resultados a uma redução da dívida. Desta feita, e apesar do rácio dívida líquida /EBITDA, ter melhorado (1,4x em 2023 face a 1,74x em 2022), em virtude do aumento do EBITDA, o aumento da dívida para níveis superiores aos de 2021(1 125 ME) é um dado preocupante.
A estratégia de foco nos mercados core e em projetos de maior dimensão tem sido eficaz, como se pode verificar pela melhoria das margens. A gestão demonstra intenções de manter essa trajetória, com o crescimento das encomendas em Portugal, México, Angola e Nigéria, e a venda da atividade na Polónia (a ser concluída em 2024).
Conselho
A atividade está em níveis recorde e alia-se à melhoria da rentabilidade. A empresa prevê que os objetivos estratégicos 2022-2026 sejam cumpridos, mas não os revê em alta. O crescimento deverá, portanto, abrandar nos próximos anos. Este fator, aliado ao facto de alguns investidores poderem estar a aproveitar a subida da cotação no último ano para realizar mais-valias estará por trás da queda na cotação que ocorreu após o anúncio dos resultados.O crescimento da carteira de encomendas, mas sobretudo a capacidade de aumentar as margens levam-nos a rever em alta as previsões de lucros por ação para 0,4 euros em 2024 (antes 0,28) e 0,44 em 2025. Mantenha o título em carteira.