No primeiro semestre de 2023, a construtora Mota-Engil registou uma faturação global de 2 588 milhões de euros (ME), um aumento de 89% em relação ao mesmo período do ano anterior.
O grande aumento de encomendas levou o negócio de E&C (Engenharia e Construção) a ganhar peso no total de vendas, representa agora 90% do volume de negócios do grupo (a unidade de negócio “Ambiente” representa os restantes 10%).
A América Latina E&C destacou-se como mercado-chave, representando 52% do total de faturação. O México permaneceu como o maior mercado da empresa, com a construtora envolvida em projetos ferroviários importantes, como o Tren Maya. Além disso, o mercado brasileiro teve um crescimento notável, principalmente em infraestruturas de transporte e manutenção de plataformas petrolíferas.
A unidade África E&C (26% do volume de negócios), teve um crescimento de 50% no volume de negócios, com Angola, Moçambique e Nigéria em destaque. A Europa E&C (11% do volume de negócios), também contribuiu para o crescimento, com um aumento de 16% no volume de negócios, sendo Portugal responsável por 70% da atividade na região.
O grande aumento da carteira de encomendas e consequente crescimento do volume de negócios já era conhecido com as sucessivas notícias de novos contratos. Portanto, a informação mais relevante presente nestes resultados semestrais é a manutenção das margens, que ficaram em linha com o histórico do grupo. O EBITDA atingiu assim os 352 ME, um aumento de 70% em relação ao ano anterior.
O resultado líquido de 30 ME (0,1 euros por ação) no primeiro semestre de 2023, representa um aumento notável de 154% em comparação com o mesmo período de 2022. É o melhor resultado dos últimos sete anos para um primeiro semestre.
Por outro lado, a dívida líquida cresceu 45% e atingiu os 1 359 ME devido às maiores necessidades de fundo de maneio resultantes dos elevados níveis de produção.
Conselho
A carteira de encomendas da Mota-Engil atingiu níveis recorde de 12,6 mil milhões de euros, com contratos adicionais assinados após junho. A empresa reviu em alta as suas previsões para 2023, estimando agora atingir os 5 mil ME em volume de negócios até o final do ano. No entanto, o elevado nível de dívida e os pesados encargos financeiros continuam a ser um problema que irá limitar os proveitos futuros.
O crescimento da carteira de encomendas, mas sobretudo a capacidade de manter as margens levam-nos a rever em alta as previsões de lucros por ação para 0,22 euros em 2023 (antes 0,20) e 0,28 euros em 2024 (antes 0,22). Mantenha em carteira.