Análise

As melhores ações para investir em 2025

Investir de forma gradual na bolsa este ano pode ser muito favorável

Para aumentar o rendimento na carteira é fundamental investir em ações

Publicado em: 15 abril 2025
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Investir de forma gradual na bolsa este ano pode ser muito favorável

Para aumentar o rendimento na carteira é fundamental investir em ações

Em 2024 a Inteligência Artificial impulsionou as bolsas americanas, enquanto a Europa enfrentava alguns desafios económicos. Saiba quais as melhores ações para investir em 2025.

Quem investiu em ações americanas teve motivos para celebrar em 2024. Ao invés, os detentores de empresas europeias tiveram de se contentar com ganhos mais modestos. As bolsas andaram a velocidades diferentes de um lado e do outro do Atlântico.

Nos EUA, o Nasdaq chegou a ultrapassar os 20 mil pontos pela primeira vez e ganhou 37,2% (em euros) enquanto, na Europa, o Stoxx Europe 600 subiu “apenas” 6%. Mesmo no velho continente, as diferenças entre países foram significativas, com um ganho de 18,9% em Frankfurt e uma perda de 2,2% em Paris. Lisboa recuou 0,3%.

Houve dois fatores a sustentar a forte subida dos índices americanos:

  • O setor tecnológico americano (+46,7%) foi o motor do crescimento, estimulado pela inteligência artificial (IA) e pela emblemática empresa de semicondutores, Nvidia (+189,3%), cujo lucro disparou. As tecnológicas não querem perder a revolução digital e os primeiros indícios são de que continuarão a investir em força para se expandirem na IA em 2025;
  • Os cortes de taxas de juro nos EUA e na Europa também tranquilizaram os mercados bolsistas, muito sensíveis à descida do custo do dinheiro. Estes cortes ocorreram após aumentos muito agressivos destinados a combater o aumento da inflação.

Porque deve investir em ações americanas?

Nos EUA, confirmou-se o cenário de uma aterragem suave da economia, com a publicação de bons indicadores económicos. Por conseguinte, a Reserva Federal (Fed) reduziu as taxas diretoras para permitir que a economia não entrasse em recessão ou abrandasse demasiado, o que foi positivo para os mercados acionistas.

O regresso de Donald Trump à Casa Branca deu ainda mais visibilidade ao cenário de crescimento económico, graças a um programa que favorece a economia e as empresas (menor regulação e reduções de impostos). A desvantagem é que este programa pode originar mais inflação e, potencialmente, conduzir a taxas de juro de longo prazo mais elevadas.

Avaliado em quase 22 vezes os lucros esperados (face à média histórica de 16), o mercado americano está longe de estar barato, o que propícia a tomada de mais-valias, como aconteceu no final de 2024 quando a Fed anunciou que deverá fazer menos cortes de taxas do que o inicialmente previsto.

Ainda assim, o mercado americano continua a ser essencial para os investidores, pelo que pode investir, quer através de fundos, quer através de ações individuais.

Ganhos modestos nas bolsas europeias

O cenário económico é mais difícil na Europa, onde as principais economias, França e Alemanha, não estarão longe da recessão em 2025. Este cenário está parcialmente integrado nas cotações bolsistas, mas a capacidade de recuperação continua uma incógnita.

Poderá haver alguns catalisadores, como o fim da guerra na Ucrânia, uma queda do preço do petróleo, que daria poder de compra aos consumidores e um plano de investimento público na Alemanha se o país se libertar das suas restrições orçamentais.

O impacto destes fatores na economia alemã far-se-ia sentir em 2026, mas os mercados bolsistas antecipariam os efeitos positivos a partir de 2025. Contudo, ainda estamos longe deste cenário.

A nível europeu, existem projetos de reforma e de liberalização (união energética, defesa europeia, entre outros) na sequência dos relatórios Draghi e Letta, mas são pouco visíveis para os investidores e demorariam muito tempo a implementar. A imagem de uma Europa amarrada e sem grande imaginação tem alguma correspondência com a realidade e corre o risco de persistir.

Estes problemas cíclicos e estruturais traduzem-se numa avaliação de mercado de 13,4 vezes os lucros esperados (face à média histórica de 13), um nível que reflete o menor potencial de crescimento das empresas europeias e não traduz uma flagrante subvalorização dos mercados bolsistas.

Por conseguinte, não estamos compradores de ações europeias de forma indiscriminada nem via fundos de investimento. Contudo, há ações europeias sólidas e bem posicionadas no mercado, que não estão muito dependentes da situação económica, como são os casos da AMSL e Sanofi, por exemplo.

Apresentamos em seguida as 11 ações preferidas para investir em 2025.

11 ações para investir em 2025

Accenture

Líder global em consultoria e serviços empresariais, a Accenture é um título mais defensivo graças à sua solidez financeira, baixo risco da atividade e boa diversificação geográfica.

A oferta superior à concorrência permite-lhe ter uma clientela fiel, receitas recorrentes e poder na fixação dos preços. Os níveis de rentabilidade são altos e tem um perfil de crescimento dinâmico, graças ao investimento em consultoria e serviços para a digitalização das empresas e em IA, o seu novo motor de crescimento.

Os resultados do último trimestre atingiram máximos históricos e a Accenture tem trunfos para continuar a ganhar quota de mercado. As perspetivas são sólidas, com as receitas dos serviços de IA generativa a terem muito potencial para ajudar o grupo a continuar a subir receitas e lucros.

Air Liquide

A química francesa, especialista em gases industriais, tem em marcha um ambicioso plano estratégico para dar resposta às necessidades de setores promissores, como os da transição energética, hidrogénio, saúde, eletrónica ou semicondutores.

As suas soluções respondem aos desafios da transição energética, o que a tem ajudado a ganhar grandes projetos, sobretudo na Europa. Os resultados comprovam que a maior recorrência das suas atividades protege a empresa dos altos e baixos dos ciclos económicos.

Embora não esteja imune ao abrandamento económico, a Air Liquide está bem posicionada para beneficiar das necessidades da IA, da transição energética e do digital e aumentar a rentabilidade e os lucros.

Amazon.com

Maior retalhista online do mundo, a Amazon oferece uma ampla gama de produtos e serviços para empresas e consumidores. Tem fama no retalho online, mas o motor de crescimento e negócio mais rentável é a cloud.

Após uma fase de abrandamento, este segmento (2/3 do lucro operacional), onde o grupo continua líder mundial, acelerou o crescimento. Ao invés, as atividades de distribuição nos EUA (75% da divisão de comércio eletrónico), crescem menos que o esperado, dada a concorrência dos chineses Temu e Shein.

Ainda assim, o grupo deverá divulgar lucros recorde em 2024, que deverão continuar a crescer mais de 20% ao ano em 2025 e 2026. A cotação fixou um novo máximo em dezembro, mas mantém potencial de subida.

ASML Holding

A holandesa ASML Holding é a maior fabricante mundial de equipamentos para semicondutores e a tecnológica europeia com maior capitalização em bolsa. As máquinas que produz são tecnologicamente complexas, sendo quase monopolista na sua atividade, o que lhe permite ter poder significativo na fixação dos preços e uma margem operacional bem confortável, apesar de ter como principais clientes empresas gigantes como a TSMC.

A maior debilidade atual do mercado, devido às restrições impostas pelos EUA à China e à menor procura de alguns grandes clientes, como a Intel ou a Samsung Electronics, penalizou a cotação, mas a ASML confirmou as metas para 2030 e está bem colocada para beneficiar do crescimento da IA.

Mesmo após a recente correção, a valorização da ação é significativa, mas justifica-se dadas as boas perspetivas de crescimento do setor e a forte posição que o grupo tem no mercado.

BlackRock

A maior gestora de ativos do mundo, BlackRock, valorizou 34,7% em 2024 (em euros) graças à publicação de resultados muito positivos. No terceiro trimestre, o grupo obteve resultados recorde, que superaram as previsões, e conseguiu uma boa captação de capital para os seus ETF, onde é líder incontestada, beneficiando do seu bom posicionamento no mercado e da ascensão dos índices bolsistas.

O grupo é dinâmico a lançar novos produtos para os clientes, como ETFs que investem em bitcoin, fundos que investem em ativos alternativos como infraestruturas ou private equity.

A ação negoceia a 22 vezes o lucro para 2025, um pouco acima da sua média histórica (19 vezes) mas a valorização corresponde à qualidade dos ativos e ao seu potencial de desenvolvimento.

Microsoft

Líder mundial de software e player dominante com o Windows, Office, Azure e LinkedIn, a Microsoft tem diversificado a sua atividade. Produz dispositivos de hardware (surface, tablets e laptops) e adquiriu uma posição na OpenAI, para beneficiar do potencial da IA e integrar novas soluções nos seus diversos programas de software.

Com um ecossistema de atividades poderoso e uma base de clientes ampla e fiel, a rentabilidade é boa e a situação financeira sólida. As receitas e os lucros têm crescido bem e a empresa continua a ganhar quota na área estratégica da cloud face aos concorrentes Amazon e Alphabet.

É uma ação de qualidade, de risco baixo e que está razoavelmente valorizada face à qualidade dos seus fundamentais e à dinâmica atual.

Novartis

Os tratamentos inovadores da farmacêutica suíça Novartis continuam a mostrar dinamismo e a empresa tem uma das carteiras de produtos em pipeline mais promissoras do setor, centrando-se em produtos inovadores protegidos por patentes.

A empresa elevou de 5% para 6% o seu objetivo de crescimento anual até 2028. Para o conseguir, aposta nos seus principais produtos existentes no mercado, como o Kesimpta para a esclerose e os medicamentos anticancerígenos Kisqali e Pluvicto, apesar de enfrentar a perda de patente do Entresto (2025 nos EUA e 2026 na Europa).

O grupo prevê submeter cerca de 15 pedidos de aprovação de tratamentos promissores até 2026 e quer continuar a reforçar a sua linha de produtos via aquisições.

REN

A REN gere as redes de transporte e armazenamento de gás e eletricidade em Portugal e opera também no Chile. Com uma atividade muito regulada e de baixo risco, está envolvida em alguns novos projetos ligados à transição energética, o que pode dinamizar um pouco a sua atividade.

Porém, continuará a ser uma empresa de perfil conservador, com perspetivas de crescimento limitadas, mas que apresenta uma boa estabilidade dos resultados e um dividendo atrativo e regular (rendimento líquido de 4,8%).

Apesar de afetada pela evolução das taxas de juro, a cotação apresenta uma volatilidade muito abaixo da média.

Sanofi

Apesar de ter tido um ano complicado em 2024, a farmacêutica francesa beneficia do sucesso do seu principal produto, Dupixent (asma e eczema), cuja patente termina em 2030.

O aumento dos gastos em I&D impactou a rentabilidade mas irá permitir lançar novos produtos, com o grupo a prever fazer 19 pedidos de aprovação em 2024/2025. Em 2025, os lucros deverão recuperar, após terem sido afetados por custos de reestruturação em 2024, e o foco no desenvolvimento de vários produtos manter-se-á.

A Sanofi deverá ainda alienar uma parte da atividade de medicamentos sem prescrição, Opella, focando-se em medicamentos e vacinas inovadoras. Apesar de ter de encontrar mais produtos estrela até ao final da década, o grupo tem um bom pipeline de tratamentos.

Schneider Electric

A Schneider é especialista em equipamentos elétricos destinados à gestão de energia e em automação industrial.

Com um portfólio de atividades dinâmicas e exposição a setores com elevado potencial de crescimento, como os centros de dados, onde adquiriu recentemente a americana Motivair Corporation, a IA e a transição energética, o grupo francês adquiriu empresas de software para recolha de dados, com vista a reforçar a sua estratégia de oferecer aos clientes boas soluções de eficiência energética.

A aceleração da digitalização, a expansão de edifícios inteligentes, a interligação das redes elétricas e sobretudo o crescimento dos centros de dados e da IA estimularão as vendas do seu software. O grupo fixou metas ambiciosas até 2027 e o seu perfil mais tecnológico abre-lhe boas perspetivas.

A ação está a negociar a 27 vezes o lucro por ação esperado para 2025, um nível elevado, mas que se justifica dado o bom posicionamento do grupo e perspetivas futuras favoráveis, apesar da mudança inesperada do seu CEO.

Zoetis

A americana Zoetis é líder mundial na saúde animal, operando em dois segmentos de atividade principais: animais de estimação e pecuária.

O grupo beneficia da crescente importância dos animais de estimação, opera num setor pouco cíclico, o que reduz o risco do título, e tem um bom portefólio de produtos e um elevado nível de inovação num mercado em rápido crescimento.

A empresa continuará a beneficiar no futuro do crescimento do mercado animal (70% das vendas), que é muito resiliente, já que os donos de animais de estimação são cada vez mais sensíveis ao seu bem-estar e consideram os seus cuidados de saúde prioritários face a outras despesas.

Os rácios de avaliação da ação são um pouco altos, mas justificam-se face à qualidade e boas perspetivas da Zoetis.

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