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Reforma: quais os países da Europa com pensões mais altas?

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Portugal surge a meio da tabela, na 18ª posição, com uma pensão média de 888 euros mensais

Publicado em: 21 fevereiro 2025
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Portugal surge a meio da tabela, na 18ª posição, com uma pensão média de 888 euros mensais

Há uma grande disparidade nos valores das pensões de velhice que são pagas na Europa. Portugal ocupa a 18ª posição entre 35 países.

A pensão de velhice, que substitui, em parte, o último ordenado, é uma das principais, se não a única, fonte de rendimento dos europeus com 65 ou mais anos. Segundo os últimos dados do Eurostat, o valor das pensões de velhice varia significativamente na Europa, quer em termos nominais, quer em termos de poder de compra. 

Comparar o valor das pensões não é, porém, fácil, devido às diferenças significativas entre os sistemas de pensões. Frequentemente, as comparações não têm em conta o impacto da tributação e das contribuições sociais no montante final da pensão. Como tal, os números que a seguir são apresentados foram calculados pela Euronews Business, com base nos dados do Eurostat, dividindo a despesa total com pensões de velhice pelo número de beneficiários. Para serem mais facilmente comparáveis, o montante anual foi dividido em 12.

A discrepância é enorme: no Luxemburgo, um reformado recebe, em média, 2575 euros por mês. Já na Bulgária, o valor é de 226 euros, ou seja, cerca de 11 vezes menos. A média da União Europeia é de 1294 euros.

Se incluirmos outros países europeus da Associação Europeia de Comércio Livre (EFTA), a Islândia tem a pensão de velhice mais alta (2762 euros mensais), enquanto a Albânia tem a mais baixa (131 euros). 

Em resumo, os países nórdicos são mais generosos. 

É de salientar, no entanto, que o custo de vida, também, difere significativamente. Se atendermos a este fator, a pensão média de velhice oscila entre 437 euros, na Bulgária, e 1681 euros, no Luxemburgo, ou seja, neste país é quatro vezes superior.

Portugal surge a meio da tabela, na 18ª posição, com uma pensão média de 888 euros mensais. Todavia, o mais recente relatório da Segurança Social aponta para valores mais baixos em valores nominais (não ajustados ao poder de compra): em 2023, a pensão média de velhice em Portugal foi de 645 euros (se considerarmos 12 meses). Nesse ano, Portugal tinha 2 117 477 reformados a receberem pensão de velhice.

Pensões de reforma na Europa

Países Pensão média mensal
Islândia 2762
Luxemburgo 2575
Noruega 2438
Dinamarca 2417
Suíça 2138
Áustria 1962
Países Baixos 1931
Irlanda 1906
Suécia 1838
Bélgica 1737
Finlândia 1714
Itália 1561
França 1457
Espanha 1450
Alemanha 1440
UE 1294
Grécia 1035
Chipre 1010
Portugal 888
Malta 851
Eslovénia 692
República Checa 600
Estónia 569
Polónia 538
Letónia 421
Hungria 398
Lituânia 394
Croácia 388
Eslováquia 36
Roménia 382
Montenegro 291
Sérvia 276
Turquia 255
Bósnia&Herzegovina 237
Bulgária 226
Albânia 131
Fonte: Eurostat (2021)

 

Pensões mais altas aumentam confiança

É indiscutível que pensões de velhice mais generosas contribuem para um maior grau de confiança entre os reformados. Neste campo, os números não são muito positivos. De acordo com o Eurobarómetro da Autoridade Europeia dos Seguros e Pensões Complementares de Reforma (EIOPA), de 2023, apenas 42% dos consumidores da União Europeia estão confiantes de que terão dinheiro suficiente para viver confortavelmente durante a reforma. 

A Polónia, Eslovénia e Letónia são os países que apresentam os níveis de confiança mais baixos (inferiores a 30 por cento). Ou seja, menos de um terço da população acredita que não terá recursos suficientes para colmatar as despesas nesta fase da vida.

Em contraste, o Luxemburgo (61%), os Países Baixos (59%) e a Dinamarca (58%) têm os níveis mais altos de confiança.

Embora Portugal tenha pensões médias de velhice abaixo da média europeia, 41% dos portugueses estão confiantes de que terão dinheiro suficiente para viver sem preocupações financeiras.

É importante considerar que esses dados refletem perceções e podem ser influenciados por diversos fatores, incluindo a situação económica atual, mudanças nos sistemas de pensões e expectativas futuras.

O melhor sistema de pensões 

De acordo com o último Mercer CFA Institute Global Pension Index, que compara os sistemas de pensões de 48 países de todo o Mundo (65% da população global), os Países Baixos têm o melhor sistema. Portugal ocupa a 22ª posição.

Uma vez mais, são os países do norte da Europa que obtiveram classificações mais elevadas, com a Islândia e a Dinamarca a ocuparem, a par com os Países Baixos, os lugares cimeiros. Em termos de benefícios, a Áustria, a Itália e a Polónia são os países da Europa com pior desempenho.

De acordo com o índice da consultora, os piores sistemas de pensões encontram-se na África do Sul, Turquia, Filipinas, Argentina e Índia. 

No que diz respeito à sustentabilidade do sistema, Islândia surge na primeira posição. Segue-se a Dinamarca e Israel. Em contraste, Áustria (22), Itália (25,1) e Espanha (30,7) têm a classificação mais fraca, na Europa. A pontuação de Portugal (34,6) é um pouco melhor do que a do país vizinho. Estes dados sugerem que, a longo prazo, se os seus sistemas não forem alterados, as reformas ficarão em risco, tendo em conta o envelhecimento da população, o aumento da esperança de vida e a queda das taxas de fertilidade. 

Acresce que a Europa se debate, neste momento, com a necessidade de canalizar mais dinheiro para o setor da Defesa. Em dezembro passado, o secretário-geral da NATO, Mark Rutte, chegou a sugerir aos países europeus cortes nas pensões, na saúde e nos sistemas de segurança, para aumentar as despesas com a Defesa e garantir a segurança a longo prazo. 

Alguns países, como a Suíça, já colocaram tetos máximos nas pensões de velhice. O limite mensal do Old-Age and Survivors' Insurance (1º pilar da Segurança Social) é de 2520 francos suíços (2671 euros) por pessoa. No caso de um casal, é de 3675 francos suíços (3895 euros). 

Poupar para a reforma

O relatório da Mercer, cujos resultados assentam na análise de 50 variáveis, também inclui algumas recomendações, nomeadamente a necessidade de flexibilizar os sistemas de forma a incentivar os trabalhadores mais velhos a prolongarem a vida ativa e terem, simultaneamente acesso a uma parte da reforma. É a chamada reforma parcial, já implementada em alguns países. 

Incentivar a poupança privada é outra das recomendações da Mercer. Convém lembrar que o último Ageing Report da Comissão Europeia alerta para a redução da taxa de substituição do último salário. No caso de Portugal, na década de 50, estima-se que a pensão de velhice será inferior a 40% do último ordenado.

No entanto, de acordo com o Eurobarómetro de 2024 da EIOPA, apenas 7% dos consumidores portugueses afirmaram serem titulares de um plano de pensões profissional e 6% possuem um produto individual de reforma. Na UE, os números são mais altos, mas, ainda assim, pouco relevantes: 20% dos cidadãos declararam participar num plano de pensões profissional, enquanto 18% são titulares de um produto individual de reforma.

É particularmente preocupante nas gerações mais novas que se reformarão a partir de 2050. Os dados do inquérito 2023 Insurance Europe, que se realizou em 16 países da União Europeia, revela que 40% dos jovens entre os 18 e os 35 anos não poupam para a reforma.

Como a DECO PROteste Investe tem vindo a recomendar, é fundamental começar a poupar o mais cedo possível através de fundos PPR ou de outros produtos financeiros

Defendemos a atribuição de mais incentivos aos consumidores para estimular a poupança de longo prazo para a reforma. É essencial que o segundo e terceiro pilares do regime da Segurança Social ganhem dimensão. 

O regime público de capitalização (Certificados de Reforma), por exemplo, representa menos de 1% da população ativa e não está a conseguir atrair subscritores (tem pouco mais de 10 mil). Quanto ao terceiro pilar, segundo o Livro Verde para a Sustentabilidade da Segurança Social, após um período de forte crescimento entre 2015 e 2019, durante o qual os montantes investidos em PPR aumentaram cerca de 40 %, tem-se assistido, nos últimos anos, a um movimento de contração. De acordo com os dados da ASF, os montantes investidos, em 2023, caíram 18,8 por cento. 

Texto de Myriam Gaspar

 

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