A Reserva Federal reduziu a taxa diretora de 4,5% para 4,25%, em linha com as expectativas. Foi a primeira descida desde dezembro. Recém-nomeado por Trump, o membro da Fed, Stephen Miran, defendeu uma redução de 0,5%. A Fed prevê cortar as taxas em mais 0,5% até ao final de 2025 e 0,25% em 2026.
Apesar de estar a tornar a política menos restritiva, a Fed não vê problemas na economia: reviu em alta as projeções para o crescimento do PIB e manteve a projeção da taxa de desemprego em 4,5% em 2025. Além disso, assume que a inflação (medida pelo indicador PCE) deverá continuar acima do desejado: 3% em 2025 e 2,6% em 2026.
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Tendência global para cortes de juros
Além da Reserva Federal, a semana passada foi marcada por decisões de política monetária noutros países. Embora enfrentem desafios diferentes, muitos bancos centrais continuam a diminuir as taxas diretoras.
- África do Sul: o banco central da África do Sul manteve a taxa diretora em 7%. A decisão ficou em linha com as expectativas, mas a decisão não foi unânime. Desde setembro de 2024, a taxa de referência foi reduzida em 1,25%. Agora, a pausa visa avaliar o impacto desses cortes na economia, na evolução das expectativas e dos riscos de inflação. Em termos homólogos, a inflação deve mesmo subir nos próximos meses e atingir 4%.
- Brasil: o banco central do Brasil optou por manter a taxa Selic em 15%. Por um lado, o crescimento económico está a abrandar e favorece o controlo da inflação. Mas há riscos que a economia fraqueje demais, por exemplo, em caso de forte quebra dos preços das matérias-primas exportadas pelo Brasil. Em sentido contrário, o mercado de trabalho permanece dinâmico e a inflação nos serviços mostra-se resiliente. A tudo isto acresce a incerteza de fatores externos, incluindo as tarifas e as taxas de juro dos EUA.
- Canadá: o Banco do Canadá cortou a taxa de juro de referência de 2,75% para 2,5%, uma decisão antecipada pelos investidores. O banco central refere que a economia canadiana mostra sinais de fragilidade face às tarifas dos EUA: contração de 1,6% do PIB no segundo trimestre, com uma queda de 27% nas exportações e há um aumento do desemprego. E como a inflação permanece abaixo da meta de 2%, há condições para uma política monetária mais expansionista.
- Indonésia: corte relativamente inesperado da taxa de referência de 5% para 4,75%. A decisão surge num momento em que o país atravessa uma das maiores contestações sociais das últimas décadas. Muitas decisões do novo Presidente têm sido mal recebidas. A ministra das Finanças, cuja atuação era do agrado dos investidores, foi também demitida.
- Japão: o Banco do Japão manteve a taxa diretora em 0,5%, o nível mais elevado desde 2008. Anunciou ainda que começará a vender as suas participações em ETF e fundos imobiliários, sinalizando novos passos no sentido da normalização da política monetária. A economia nipónica regista uma recuperação moderada, apesar de algumas fragilidades e a inflação tem oscilado entre 2,5% e 3%, impulsionada sobretudo pelos preços de alimentos, em particular do arroz.
- Noruega: o Norges Bank reduziu a taxa diretora de 4,25% para 4%. A política monetária tem sido restritiva e contribuiu para arrefecer a economia e amortecer a inflação. Ao mesmo tempo, como o desemprego aumentou, justifica os juros mais baixos para suportar a economia. O Norges Bank refere ainda que, de acordo com as expectativas, a taxa diretora deverá encaminhar-se gradualmente para 3% e que a taxa de inflação estabilize perto de 2% nos próximos anos.
- Reino Unido: o Banco de Inglaterra votou por maioria a manutenção da taxa diretora em 4%. Os responsáveis salientaram progressos no processo de desinflação, embora a inflação permaneça acima do objetivo de 2% (3,8% em agosto). Se há riscos para a inflação a médio prazo, também é evidente o fraco crescimento do PIB e o enfraquecimento do mercado de trabalho. Com a missão dificultada, o Banco de Inglaterra não se comprometeu quanto às próximas decisões.
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