Os resultados das empresas continuam a ditar o sentimento dos mercados. Porém, no final da semana passada, a divulgação de dados do mercado de trabalho americano um pouco abaixo do esperado e as preocupações com a implementação das tarifas penalizaram as bolsas, com o S&P 500 e o Nasdaq a descerem 2,4 e 2,2%, respetivamente.
O setor tecnológico global acabou a cair 1,4%, apesar dos bons números da Microsoft (+2%) e da Meta Platforms (+5,2%), que refletem o investimento em IA.
Ao invés, a Apple caiu 5,4%, apesar da receita recorde no segundo trimestre. A Amazon recuou 7,2%, já que apesar de ter anunciado resultados sólidos no segundo trimestre, com um aumento de 13% das receitas e de 33% do lucro por ação, desiludiu ao anunciar os objetivos para o terceiro trimestre, que sugerem alguma pressão sobre a rentabilidade. Ainda assim, por agora, não há motivo para preocupação, pelo que aproveite a descida da cotação para comprar.
A decisão da Reserva Federal norte-americana de manter as suas taxas de juro era largamente esperada e teve pouco impacto nas bolsas.
Na Europa, o Stoxx Euroep 600 perdeu 2,6%, apesar de várias empresas terem anunciado bons resultados, como foram os casos da Danone (+8,6%), da BAE Systems (-1,6%), da Schneider (-9,5%) e do UBS (+0,2%). Pelo contrário, também houve empresas que dececionaram: Adidas (-15,9%), AB InBev (-16,2%), Mercedes (-11,5%) e Bouygues (-6,7%).
Mas a maior desilusão foi protagonizada pela Novo Nordisk (-31,7%), que reduziu as suas projeções de vendas e lucro operacional. A sua concorrente americana Eli Lilly (-6,2%) foi arrastada pela tempestade.
Por fim, a Sanofi caiu 5,6%, apesar do crescimento de 10% da receita no segundo trimestre e da melhoria das perspetivas de vendas. O setor farmacêutico global perdeu 4,1%, continuando a enfrentar um ano de 2025 desafiante.
O setor alimentar e de bebidas europeu recuou 5,2% após os números dececionantes da AB InBev e da sua concorrente Heineken, ambas penalizadas por volumes abaixo do esperado.
Lisboa não evita quedas
A bolsa nacional recuou 1%, um desempenho melhor do que as suas congéneres mundiais, numa semana recheada de resultados empresariais. Os CTT (-4,2%) divulgaram uma subida de 11,7% dos lucros semestrais, um pouco acima do previsto, graças ao crescimento do negócio “Expresso e Encomendas” e à boa colocação de títulos da dívida pública.
No setor da distribuição, a Sonae (+0,3%) anunciou uma subida de 40,9% do lucro semestral, em linha com as previsões. Por sua vez, a Jerónimo Martins (-5,3%) registou um bom desempenho operacional mas o aumento dos custos financeiros e do imposto sobre o rendimento pressionaram o lucro líquido, que subiu 1,6%, em linha com o esperado.
Os lucros da EDP Renováveis (+0,1%) recuaram 56%, penalizados sobretudo pela inexistência de ganhos com rotações de ativos no primeiro semestre deste ano. Pela positiva, realce para o bom crescimento das receitas (+18%).
No caso da sua casa mãe EDP (-2,4%), o lucro recuou 7% mas ficou ligeiramente acima do previsto, graças ao aumento da produção de eletricidade e ao bom desempenho do negócio de redes de eletricidade em Portugal, Espanha e Brasil. Por fim, o BCP (+3,1%) anunciou um aumento de 3,5% dos lucros semestrais.
Números da semana
+19,6%
Apesar da queda da semana passada, a bolsa nacional acumula um ganho de 19,6% em 2025 e é uma das que tem melhor desempenho este ano. Não sendo espetaculares, globalmente, os resultados das empresas nacionais não tem defraudado as expectativas.
4,25-4,5%
Tal como se esperava e apesar das pressões de Donald Trump, a Reserva Federal (Fed) manteve as taxas de juro. Apesar dos números menos fortes do emprego, a economia americana continua robusta e as tarifas são uma ameaça à inflação, o que justifica a cautela da Fed.
Top subidas
Corning +12,1%
BBVA +10,2%
Danone +8,6%
Mota-Engil +6,1%
Société Générale +6,0%
Top descidas
Novo Nordisk -31,7%
AB InBev -16,2%
Adidas -15,9%
Check Point -14,3%
Ferrari -14,0%
A semana em números
Principais Bolsas | |
Europa Stoxx 600 | -2,6% |
EUA S&P 500 | -2,4% |
EUA Nasdaq | -2,2% |
Lisboa PSI | -1,0% |
Frankfurt DAX | -3,3% |
Londres FTSE 100 | -0,6% |
Tóquio NIKKEI 225 | -1,6% |
Variação das cotações entre 28/07/25 a 04/08/25, em moeda local.
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