A tentação é grande. Enorme, diria mesmo. À distância de duas ou três perguntas, as plataformas de Inteligência Artificial generativa, mesmo nas versões gratuitas, dão resposta a muitas das nossas questões. Até às de investimento.
E quais amigos, mais bem intencionados do que propriamente conhecedores, o ChatGPT e bots idênticos emitem dicas e sugestões na expectativa de satisfazer as dúvidas lançadas pelo interlocutor.
A correção linguística, a boa estruturação do texto e a assertividade da resposta transmitem segurança e podem levar um consumidor mais crédulo a basear, nessa interação, decisões de investimento. Mas o rigor e a fiabilidade das respostas não vão, quase sempre, além dos mínimos, errando mais vezes do que acertando.
Produtos mal designados ou descontinuados, rentabilidades incorretas e montantes de investimento desadequados dominaram as indicações dadas pelo ChatGPT aos analistas da DECO PROteste Investe, que solicitaram recomendações para consumidores de 30 e 50 anos.
Um pequeno teste que põe em evidência a falibilidade dos resultados gerados por estas plataformas de Inteligência Artificial, que, mesmo em permanente aprendizagem, continuam a apresentar uma prestação inferior à de um aluno mediano.
Não muito diferente do que acontece com alguns finfluencers – cujo discurso é, por sua vez, o reflexo de opiniões nem sempre bem fundamentadas ou de patrocínios encapotados.
Na tomada de decisão, mais do que nunca, deve o consumidor munir-se de espírito crítico e procurar fontes de informação credíveis, para que os seus investimentos sejam feitos com precisão, adequados ao seu perfil e com risco controlado. Porque o dinheiro custa a ganhar e, ainda mais, a multiplicar, não caia na tentação e siga bons conselhos.
Editorial de Filipa Rendo (Edição mensal da revista Carteira 1214)
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