Como se previa, a Reserva Federal norte-americana (Fed) cortou novamente as taxas de juro diretoras em 0,25%. Porém, indicou que vai reduzir o ritmo de flexibilização monetária, graças ao bom desempenho da economia do país e ao risco da inflação poder voltar a subir, prevendo agora fazer apenas dois cortes de taxas em 2025.
Com esta notícia, as taxas de juro de mercado americanas a 10 anos voltaram a subir, para 4,54%, o que penalizou as bolsas. Altamente sensíveis aos juros e sujeitas à realização de mais-valias após a forte subida de 2024, as ações tecnológicas (-1,4% a nível mundial) fecharam no vermelho.
O Nasdaq caiu 1,8% numa semana de alguma volatilidade, com o segmento de semicondutores a recuar 1,5%. A Applied Materials perdeu 3,4%. Esta nova postura da Fed afetou de forma transversal vários setores, uma vez que o S&P 500 recuou 2%.
Os mercados bolsistas europeus também foram pressionados pelas declarações da Fed e pelo aumento das taxas de juro de longo prazo. O Stoxx Europe 600 caiu 2,8%. Zurique desceu 2,7%, com o UBS a cair 6,2%.
No mercado cambial, o dólar atingiu o nível mais alto dos últimos 2 anos face ao euro (1 USD = 0,9617 EUR) após o anúncio da Fed. O setor do aço e ferro caiu 5,9% depois da US Nucor ter cortado as metas para o quarto trimestre.
Em causa está a queda dos volumes e preços de venda. A ArcelorMittal desceu 6,2% e a Aperam desvalorizou 3,9%. O setor das matérias-primas perdeu 5,8% e as empresas químicas caíram 4,1%, já que a subida das taxas de longo prazo pode levar a um abrandamento da economia global.
Lisboa não escapou à correção das bolsas
Apesar do ganho de 17,4% dos CTT, que lideraram os ganhos em Lisboa e fixaram um novo máximo desde agosto de 2017, após o reforço da sua aposta estratégica na logística de comércio eletrónico, a bolsa nacional não escapou às quedas e fechou a descer 1,2%.
A REN (-4,9%) liderou as perdas, em parte devido ao ajuste técnico sofrido pela cotação após o pagamento de um dividendo intercalar de 0,064 euros brutos por ação.
Seguiu-se a Jerónimo Martins (-3,3%), que é um dos títulos com maior peso no índice PSI.
O grupo EDP também voltou a fechar em queda (EDP Renováveis: -3,1% e EDP: -2,2%) depois de anunciar que vai abandonar os seus projetos eólicos na Colômbia, devido a atrasos nos processos de licenciamento, com perdas estimadas de 500 ME para a EDP. No entanto, a decisão não afetará a política de dividendos das duas empresas.
Igualmente em queda esteve a Galp Energia (-2,9%), após um novo recuo de 1,8% do preço do barril de petróleo na semana.
Números da semana
104 ME
Valor de compra da Cacesa, empresa espanhola de desalfandegamento de comércio eletrónico, por parte dos CTT, que anunciaram ainda uma parceira com a DHL para juntar as operações ibéricas das duas empresas. Estas operações reforçam os CTT como operador logístico de e-commerce e estimularam a sua cotação.
-0,25%
O corte de 25 pontos base das taxas por parte da Fed era esperado, mas o anúncio de que prevê fazer apenas dois cortes em 2025 (contra os 4 anteriormente previstos) penalizou as bolsas. Em causa está a subida das estimativas de inflação para 2025.
Top subidas
Teva Pharma +33,9%
CTT +17,4%
VF Corp +5,7%
Renault +4,6%
Pfizer +3,0%
Top descidas
Novo Nordisk -21,9%Radius Recycling -11,3%
Telefónica -8,2%
Aegon -8,0%
Zoetis -7,5%
A semana em números
Principais Bolsas | |
Europa Stoxx 600 | -2,8% |
EUA S&P 500 | -2,0% |
EUA Nasdaq | -1,8% |
Lisboa PSI | -1,2% |
Frankfurt DAX | -2,6% |
Londres FTSE 100 | -2,6% |
Tóquio NIKKEI 225 | -2,0% |
Variação das cotações entre 13/12/24 a 20/12/24, em moeda local.
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