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Banco de Portugal com prejuízos?

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Os resultados de 2023 do Banco de Portugal ainda não foram publicados e serão divulgados no dia 16 de maio.

Publicado em: 12 abril 2024
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Os resultados de 2023 do Banco de Portugal ainda não foram publicados e serão divulgados no dia 16 de maio.

O Banco de Portugal teve um prejuízo operacional e deverá apresentar resultados líquidos do ano 2023 perto de zero ou na linha de água. Saiba porquê.

A principal atividade dos bancos comerciais é a concessão de crédito. Recolhem fundos junto dos seus clientes (sobretudo depósitos a prazo) e depois emprestam esse dinheiro às empresas e às famílias. Naturalmente, a taxa a que remuneram os depósitos é inferior à que concedem empréstimos. Essa diferença é denominada de margem financeira e é uma das principais fontes de lucro do banco (as comissões são outra).

Ora desde 2022, as taxas Euribor subiram consideravelmente e a maioria dos empréstimos realizados está, direta ou indiretamente pelos bancos, dependente destas taxas. Logo, os bancos começaram a ser muito mais bem remunerados pelos empréstimos. 

Ao mesmo tempo, os juros dos depósitos aumentaram de forma muito menos expressiva, como aliás alertámos recorrentemente pois é um fenómeno que penaliza os aforradores. Deste modo, o custo do dinheiro para os bancos pouco subiu comparativamente com o significativo aumento dos juros que cobram nos empréstimos que concedem. A conjugação destes dois efeitos aumentou a margem financeira e impulsionou bastante os lucros da banca em Portugal e na Europa em geral.

Subida dos juros penaliza bancos centrais

Por seu turno, o Banco de Portugal não é, naturalmente, um banco comercial. As contas do Banco de Portugal, bem como da maioria dos bancos centrais, dependem acima de tudo da valorização da sua carteira de dívida pública. 

Os bancos centrais, como parte da política monetária, compram e vendem obrigações soberanas. A subida das taxas de juro implicou automaticamente uma desvalorização das obrigações, tal como sentiram nas carteiras os investidores destes títulos, sobretudo em 2022. 

Essa evolução implica prejuízos operacionais para o Banco de Portugal, embora apenas sejam relevantes nas menos-valias das operações efetivamente realizadas. Parte da carteira, que continua na posse do Banco, sofre apenas uma depreciação contabilística. Se mantidas até ao vencimento, o capital será reembolsado e o atual valor de mercado é pouco relevante. Segundo avança a imprensa, o prejuízo operacional (resultado antes de provisões e impostos) estará na ordem dos 1.054 milhões de euros. O ministro das Finanças, Joaquim Miranda Sarmento, adiantou ainda no parlamento que o Governo vai avaliar o impacto do prejuízo operacional do Banco de Portugal em 2023.

Ao mesmo tempo, os bancos centrais não realizam empréstimos nem recebem depósitos do público em geral. Contudo, recebem depósitos dos bancos comerciais. E a taxa de remuneração destes “clientes” subiu consideravelmente devido ao aumento das várias taxas de juro diretoras do Banco Central Europeu. Tratou-se de um pesado custo para os bancos do Eurosistema, como o Banco de Portugal, após anos de taxas negativas.

Em suma, um banco comercial e um banco central possuem características muitos diferentes pelo que os seus resultados não podem ser comparáveis. Por fim, os resultados de 2023 do Banco de Portugal ainda não foram publicados e serão divulgados no dia 16 de maio.

 

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