Os cenários mais pessimistas, que previam uma hecatombe, foram afastados ao longo de 2023. As principais organizações internacionais estimam um crescimento da economia mundial em torno de 3%, em 2024 e 2025. Um valor razoável, mas aquém dos valores registados nos anos que precederam a pandemia – e longe dos 4 a 5% observados nos primeiros anos deste século.
O abrandamento da China é uma das principais diferenças a assinalar. Embora o PIB chinês continue a progredir a um ritmo invejável, está muito abaixo das taxas de dois dígitos registadas há duas décadas. Para este ano, a OCDE estima 4,7%, e apenas 4,2%, em 2025. Também a zona euro vem apresentando fracos crescimentos. Em 2023, algumas economias escaparam por pouco à recessão técnica. Este ano, o PIB da zona euro deverá crescer apenas 0,8 por cento. Em 2025, a zona euro deverá "acelerar" para... 1,5 por cento! Portugal poderá conseguir um pouco melhor (1,8 por cento).
Apesar dos recentes progressos no combate à deflação, o Japão deverá crescer 1%, em 2024 e 2025. Pela positiva, a Índia já superou a China nas taxas de crescimento (crescerá acima de 6 por cento). Todavia, a sua dimensão económica é ainda reduzida, para ter um impacto significativo a nível global.
Por seu turno, os EUA têm sido uma agradável surpresa. Continuam a ser a grande economia ocidental mais dinâmica. A subida das taxas de juro espoletada em 2022 não impedirá o PIB norte-americano de crescer 2,1% este ano. Em resumo, o ritmo da economia global continuará a evoluir positivamente nos próximos anos, mas a um ritmo lento.
Riscos à vista
A descida prevista das taxas de juro pelos bancos centrais e a melhoria das condições de financiamento poderão impulsionar a atividade económica. Contudo, a médio prazo, há riscos. Embora Biden tenha mantido as tarifas aduaneiras introduzidas por Trump (Section 301), se este candidato republicano for eleito, o conflito comercial com a China poderá escalar, o que impactará o crescimento global. Também Von der Leyen já avisou que os líderes europeus "não vão tolerar concorrência desleal". A China é um importante mercado para muitas empresas ocidentais, e o Ocidente permanece o principal destino dos seus produtos. A nível interno, Xi Jinping terá de resolver o grave problema no setor imobiliário e redinamizar a economia interna.
Na esfera emergente, destaque para o México e a Indonésia, dois dos nossos mercados preferidos. As eleições nestes países não trarão grandes mudanças, os mercados internos estão em boa forma. O México lucra com o friendshoring das empresas norte-americanas, a Indonésia é rica em matérias-primas essenciais para a transição energética. Outros emergentes têm perspetivas menos favoráveis. O PIB do Brasil deverá acelerar para 2% em 2025, mas trata-se de um crescimento pouco impressionante, dado o potencial do país.
Crescimento previsto do PIB para 2024 e 2025
Países e regiões | 2024 | 2025 |
---|---|---|
Índia | 6.2% | 6.5% |
Indonésia | 5.1% | 5.2% |
China | 4.7% | 4.2% |
Mundo | 2.9% | 3.0% |
México | 2.5% | 2.0% |
Brasil | 1.8% | 2.0% |
Espanha | 1.7% | 2.0% |
Portugal | 1.2% | 1.8% |
EUA | 2.1% | 1.7% |
Zona euro | 0.8% | 1.5% |
África do Sul | 1.0% | 1.2% |
Japão | 1.0% | 1.0% |
Crescimento previsto do PIB | ||
Fonte: Comissão Europeia e OCDE |
O conteúdo deste artigo pode ser reproduzido para fins não-comerciais com o consentimento expresso da DECO PROteste, com indicação da fonte e ligação para esta página. Ver Termos e Condições.