Há uma bolha nos mercados de ações? Análise e conselhos

Notícias, análises, declarações... são cada vez mais os alertas sobre uma possível bolha nos principais mercados de ações. Sendo que pode tentar definir-se bolha como o fenómeno em que a maioria das cotações fica desligada da atividade e da realidade económicas. 

É certo que a valorização atual não parece totalmente afastada dos fundamentais. O rácio cotação/lucro esperado do índice global está bem acima da média dos últimos 30 anos, mas ainda não atingiu os valores de 2000 e da bolha das Dotcom. 

Portanto, a valorização média atual não parece (ainda) alienada dos fundamentais económico-financeiros.

Sinais de sobrevalorização nas bolsas globais 

Contudo, o sentimento de euforia é inegável. Todos os ativos têm estado em forte alta e relativamente independentes da evolução das notícias económicas… ações, ouro e Bitcoin estão todos perto de máximos e as obrigações também ganham algum terreno. 

Ao mesmo tempo, vários dos atuais motores de otimismo podem falhar a curto/médio prazo, provocando uma correção acentuada. 

Primeiro, os astronómicos investimentos na inteligência artificial ainda têm de provar a rentabilidade. Segundo, a inflação nos EUA mantém-se persistente e coloca uma ameaça à descida das taxas de juro. Terceiro, Trump e a China podem entrar numa espiral de conflito comercial. 

E, como sempre, o choque pode vir de áreas menos visíveis, como o mercado de dívida privada (private debt). Nos Estados Unidos, algumas recentes falências fizeram soar os alarmes. 

Apesar de tudo, é impossível determinar o momento exato em que irá ocorrer uma correção das bolsas. Por isso, sair do mercado prematuramente pode fazer com que passe ao lado de um período de ganhos.

Estratégias para investir com prudência em mercados caros 

Mesmo quando os mercados parecem caros, a disciplina e a paciência continuam a ser fundamentais para investir com sucesso. A DECO PROteste Investe recomenda:

- Invista de forma gradual 

Como ninguém pode prever com exatidão a altura de correção acentuada nas bolsas, a solução mais simples consiste em investir de forma gradual, através de aplicações programadas. Este método baseia-se em investir o mesmo montante (200 euros, 300 euros…) a intervalos regulares — todos os meses ou trimestres — independentemente da conjuntura dos mercados.

- Investir a longo prazo e diversificadamente 

Investir em ações quando as cotações estão elevadas pode parecer arriscado a curto prazo. No entanto, a chave está na visão de longo prazo. Ao longo de décadas, os mercados demonstraram sempre uma tendência ascendente, apesar das crises e correções temporárias. 

Porém, é prudente reduzir o peso dos ativos que mais valorizaram e garantir que a carteira se mantém bem diversificada, incluindo com exposição a obrigações.

- Manter liquidez 

Muitos investidores cometem o erro de estarem totalmente investidos quando os mercados estão em alta. Contudo, manter uma pequena parte do portefólio em liquidez — entre 5% e 15% — confere flexibilidade. Essa reserva permite aguardar com uma correção com mais serenidade e sem o receio de perder boas oportunidades.