Como investir em ETF de ações americanas sem risco cambial

O valor das moedas, a curto e a longo prazo, pode flutuar bastante face ao euro
O valor das moedas, a curto e a longo prazo, pode flutuar bastante face ao euro
O valor das diferentes moedas pode flutuar bastante face ao euro, tanto a curto como a longo prazo. Esses movimentos têm um impacto significativo (positivo ou negativo) no desempenho dos fundos e ETF. A queda do dólar face ao euro em 2025 tornou este facto mais visível.
Imagine que adquire ações da Microsoft por 500 dólares e que daqui por ano consegue vendê-las à cotação de 530 dólares. A valorização será de 30 dólares por ação, mas o ganho para o investidor português será diferente porque a taxa de câmbio euro-dólar também variou.
Se nesse período de um ano, o câmbio do euro/dólar fosse de 1 para 1, e tivesse permanecido estável, iria ter 30 euros de lucros. Mas se o dólar apreciar, quando converter para euros terá um ganho superior, mas se o dólar recuar, o lucro convertido em euros também encolhe. Se a queda do dólar fosse elevada, a valorização poderia até tornar-se numa perda.
Este raciocínio é igualmente válido para fundos e ETF que investem em ativos (ações, obrigações, matérias-primas) cotados em dólares ou outras moedas. O ETF até pode estar cotado em euros numa bolsa europeia, mas o que conta é se a sua carteira está ou não em euros.
Por exemplo, o ETF Amundi S&P 500 (LU1135865084) é negociado em euros na Euronext Paris, mas o investidor está sujeito às oscilações cambiais pois a carteira do ETF é composta por 500 ações norte-americanas.
Expor-se a moedas diferentes do euro permite ao investidor diversificar e lucrar quando essas divisas se apreciam, mas implicam perdas quando se depreciam face à moeda única europeia. O risco cambial é uma faca de dois gumes: pode impulsionar ou penalizar a rentabilidade do investimento num ETF.
A evolução das taxas de câmbio é bastante imprevisível, sobretudo a curto/médio prazo. E entre divisas como o euro e o dólar é ainda mais difícil captar uma tendência de longo prazo. Desde a sua criação em 1999, o euro já flutuou consideravelmente face ao dólar, mas sem uma tendência definida de ganho ou perda.
Entre 2000 e 2002, o euro valia cerca de 0,85 dólares. Em 2008, na crise financeira, atingiu cerca 1,60 dólares. Há um ano, o euro estava em queda e falava-se do regresso à “paridade” de 1 euro para 1 dólar. Atualmente, o euro está em torno de 1,16 dólares.
Existem inúmeros fundos e ETF que oferecem uma proteção explícita para as variações cambiais face ao euro. Na sua designação incluem o termo "hedged" ou frequentemente abreviaturas como “hdg” ou "H".
A composição das respetivas carteiras (ações, obrigações) é quase igual à dos seus fundos/ETF “irmãos” que não realizam hedging cambial. Exemplo: Amundi NASDAQ 100 ETF EUR C (LU1681038243) e Amundi NASDAQ 100 ETF Daily Hedged EUR C (LU1681038599).
A diferença é que, na versão hedged, a entidade gestora contrata produtos financeiros derivados para eliminar os efeitos cambiais (positivos e negativos). Esta estratégia implica que o ETF suporte mais custos, os quais penalizam a rentabilidade do investidor.
A estratégia de hedging cambial (e os respetivos custos) faz com que os ETF possam gerar resultados bastante diferentes.
Em 2025, esse fenómeno está a ser evidente. O Amundi NASDAQ Hedged valoriza 15,3%, enquanto a versão Amundi NASDAQ “normal” obtém um ganho de apenas 4,8% devido à queda do dólar.
Só que a “aposta” não é garantida. Se observarmos os últimos cinco anos, o ETF Amundi NASDAQ Hedged valoriza 13,4% por ano, enquanto a versão Amundi NASDAQ “normal” esteve bem melhor alcançando 16,4% ao ano.
Ao preferir fundos/ETF sem políticas explícitas de hedging cambial pode beneficiar de uma aposta em moedas com potencial de apreciação e obter um ganho extra.
Por outro lado, ao estimar um deslize cambial, as expectativas do mercado subjacente devem ser mais do que suficientes para compensar prováveis perdas cambiais.
Sob este último prisma, as preocupações face a um possível colapso do dólar parecem irrealistas. Depois de um impacto negativo inicial das tarifas de Trump, a moeda norte-americana tem permanecido estável.
Também continua a ser o pilar do sistema financeiro internacional, até porque não há alternativas credíveis. A dívida soberana dos EUA também permanece como valor de refúgio e uma referência para as taxas de juro globais.
Dito isto, é igualmente incontestável que o forte aumento da dívida americana gera preocupação e a política comercial errática da Casa Branca não contribui para a estabilidade do dólar.
É possível encontrar inúmeros fundos de investimento e ETF “euro hedged” dedicados às ações norte-americanas.
Se quiser beneficiar do desempenho das ações norte-americanas sem ficar exposto a novos deslizes do dólar indicamos 6 ETF com as melhores avaliações. São produtos com capitalização de rendimentos e de várias das principais gestoras mundiais.
Amundi S&P 500 Screened UCITS ETF EUR Hedged Acc
BNPP Easy S&P 500 UCITS ETF EUR H
Invesco S&P 500 UCITS ETF EUR Hedged Acc
iShares S&P 500 EUR Hedged UCITS ETF (Acc)
SPDR S&P 500 EUR Hedged UCITS ETF Acc
UBS Core S&P 500 UCITS ETF hEUR acc