4 ETF para investir no Brasil: oportunidades na bolsa de São Paulo
A economia brasileira tem beneficiado de uma conjuntura global favorável
A economia brasileira tem beneficiado de uma conjuntura global favorável
Vale a pena investir em ETF do Brasil? Sim. A economia brasileira tem superado as tarifas graças a uma conjuntura global favorável, estabilidade cambial e ao dinamismo em setores estratégicos.
O risco não é negligenciável, mas o mercado brasileiro continua a atrair investidores que procuram o maior potencial de crescimento nos mercados emergentes.
No seu mais recente encontro na Ásia, os Presidentes Trump e Lula parecem ter aberto portas a uma melhoria das tensas relações entre Washington e Brasília.
Com efeito, em julho, os Estados Unidos anunciaram tarifas de 50% sobre as importações brasileiras. Para o Presidente Trump, o Brasil tem um longa lista de “ofensas”… é um dos pilares dos BRICS, quer reduzir o papel do dólar nas trocas comerciais, mantém relações próximas com a China e condenou Jair Bolsonaro, antigo presidente e admirador de Trump.
O escalar das tarifas teria sido problemático para muitos países, mas o Brasil adaptou-se relativamente bem. Primeiro, o país exporta menos para os EUA do que importa, o que limita o impacto das medidas.
Segundo, a conjuntura global foi favorável. A descida das taxas de juro nos Estados Unidos beneficia as economias emergentes, que financiam-se a custos mais baixos.
Por fim, uma atuação eficaz e credível do banco central estabilizou a moeda. Desde o início do ano, o real manteve-se estável face ao euro, mas valorizou 15% contra o dólar.
Por outras palavras, as colossais tarifas impostas por Donald Trump às exportações do Brasil para os EUA foram rapidamente esquecidas e a bolsa de São Paulo ganhou 17% nos últimos seis meses.
O Brasil é o sétimo maior produtor mundial de petróleo e é autossuficiente em energia. Ao mesmo tempo, as relações com a China intensificaram-se. Por exemplo, Pequim recorreu à produção brasileira de soja, em detrimento dos EUA para pressionar Washington nas negociações comerciais.
Paralelamente, após o encerramento de duas fábricas da Ford, no Brasil, a BYD, construtor chinês de veículos elétricos, assumiu esse papel. Uma proximidade que causa apreensão em Washington. Contudo, o Brasil possui a maior reserva mundial de terras raras depois da China e pode tornar-se um fornecedor estratégico dos EUA.
Também a Europa reforçou a cooperação com o Brasil. Após décadas de negociações, o acordo comercial entre a União Europeia e o Mercosul foi finalmente assinado.
Para além da dimensão geopolítica, o Brasil tem assumido protagonismo em vários setores. Apesar das polémicas ingerências de Brasília na empresa, a Petrobras tem mostrado boa competência na exploração de petróleo em águas profundas.
Na aviação civil, a Embraer é um dos principais fabricantes mundiais, atrás da Airbus e da Boeing. No setor agroalimentar e na área tecnológica, o Brasil conta igualmente com empresas relevantes, como a Nu Holdings, cuja expansão na América Latina a transformou na maior cotada de São Paulo.
O mercado brasileiro tem refletido os trunfos do país e das suas empresas e acumula um ganho de 17% em seis meses e de 23% desde o início do ano (em euros).
Apesar desta valorização, ainda permanece atrativo: negoceia em apenas 9 vezes os lucros esperados (próximo da média histórica) e oferece um rendimento do dividendo de 6%.
Pela negativa, entre as bolsas dos maiores mercados emergentes, São Paulo é das mais voláteis. O Brasil é um dos países mais endividados entre os BRICS (dívida pública de 74% do PIB) e suporta um elevado custo de financiamento, o que torna o país muito sensível às variações das taxas de juro e de câmbio.
Além disso, algumas das políticas preconizadas pelo Presidente Lula geram receios adicionais entre os investidores.
Os investidores menos avessos ao risco podem dedicar uma pequena parte da carteira a ETF de ações brasileiras, mas limitando sempre a exposição devido à volatilidade.
Franklin FTSE Brazil UCITS ETF
Xtrackers MSCI Brazil UCITS ETF 1C
iShares MSCI Brazil UCITS ETF
Amundi MSCI Brazil UCITS ETF Acc
A taxa de juro a 10 anos da dívida pública brasileira está atualmente próxima de 14%, um nível muito atrativo. No entanto, há que ter em conta o risco cambial. A inflação é mais elevada no Brasil e poderá levar a uma depreciação da moeda.
Assim, apesar das elevadas yields locais, os ganhos para um investidor em euros poderão ser inferiores ao esperado. Para investir nestes títulos em reais dispõe apenas do fundo Bradesco Brazilian Fixed Income (ISIN: LU0508552956).