Setor automóvel: vale a pena investir?

A transição para os carros elétricos parece estar a abrandar
A transição para os carros elétricos parece estar a abrandar
A desaceleração da transição para os carros elétricos torna o setor automóvel mais atrativo para investir?
Não. O investimento em fabricantes automóveis continua a exigir prudência. A flexibilização das metas elétricas reduz alguns riscos imediatos, mas os desafios estruturais — concorrência chinesa, custos elevados e incerteza regulamentar — limitam o potencial de valorização.
A transição para os carros elétricos parece estar a abrandar, com os governos e vários fabricantes automóveis a reverem em baixa os seus objetivos. Esta flexibilização das metas relacionadas com a eletrificação total reduz um risco importante, que é o de uma transição demasiado rápida, imposta de forma abrupta, que poderia enfraquecer significativamente o setor automóvel europeu.
Os construtores podem, assim, cancelar ou adiar alguns projetos de veículos elétricos pouco rentáveis, concentrando os seus esforços em modelos mais pequenos e mais baratos, adequados ao mercado de massas.
Por outro lado, os investimentos massivos previstos a montante — como as enormes fábricas de baterias e as parcerias mineiras — poderão ser mais bem escalonados ao longo do tempo, o que melhora temporariamente a situação financeira de alguns fabricantes.
Este reajustamento não deve, porém, fazer esquecer os desafios persistentes que esta indústria tem pela frente. O recuo não significa o abandono da transição, mas apenas um adiamento, que é necessário.
Entre os obstáculos fundamentais, podemos citar a concorrência chinesa, muito dinâmica, o excesso de capacidade industrial, a forte dependência de matérias-primas raras que são indispensáveis para as baterias, bem como a complexidade tecnológica e as tensões geopolíticas.
A estas restrições estruturais acrescentam-se dificuldades conjunturais, como a inflação, o aumento dos custos de produção e uma procura muitas vezes hesitante.
Embora o calendário da transição se prolongue, é preciso continuar a ser muito prudente na análise ao setor. O caminho para uma mobilidade mais sustentável continua minado por obstáculos, com desafios tecnológicos, geopolíticos e financeiros importantes.
Os concorrentes chineses que chegam à Europa impõem o ritmo com veículos mais acessíveis e uma grande agilidade industrial. Além disso, a incerteza quanto ao quadro regulamentar e os preços elevados pesam sobre a procura.
No mercado bolsista, embora as avaliações atuais de grandes grupos como a Volkswagen ou a BMW pareçam atrativas com rácios preço/lucros baixos (entre 5 e 7), a incerteza aconselha prudência.
Continuamos a não aconselhar a compra de construtores automóveis, mas pode MANTER as ações da Volkswagen VZ, da BMW, da Mercedes, da Ferrari ou da Porsche.
Nos casos da Tesla, da Renault e da Stellantis, onde os riscos parecem ser mais altos, recomendamos VENDER.
Queda do setor automóvel mundial em 2025, em euros, devido aos custos da transição energética e à crescente concorrência chinesa nos elétricos