Porsche, Telecom Italia, TotalEnergies
Autor: Análise da equipa internacional de analistas da Euroconsumers

A Porsche vai reconfigurar estrategicamente a sua gama de produtos
Autor: Análise da equipa internacional de analistas da Euroconsumers
A Porsche vai reconfigurar estrategicamente a sua gama de produtos
Porsche
Manter
A Porsche anunciou os últimos passos da reconfiguração estratégica da sua gama de produtos. Embora continue a apostar no elétrico, a administração adiou a nova plataforma BEV (a base técnica sobre a qual são concebidos e produzidos os veículos elétricos a bateria).
Esta decisão vai gerar encargos extraordinários até 3,1 mil milhões de euros em 2025, o que levou a uma revermos em baixa das estimativas. Prevemos agora lucro por ação de 1,31 euros em 2025 e de 2,52 euros em 2026. À cotação atual, a Porsche permanece corretamente avaliada.
Telecom Italia
Manter
A Telecom Italia vai entrar no mercado da energia. Do ponto de vista dos acionistas quais as repercussões desta novidade? Neste momento não é possível calcular com precisão os impactos nas contas, mas estrategicamente este desenvolvimento é positivo.
Porque avaliamos de forma positiva esta novidade? Há já algum tempo que a Telecom Italia tem vindo a integrar a atividade tradicional das comunicações com novas áreas, para manter a rentabilidade satisfatória.
Os resultados do primeiro semestre confirmam esta evolução: as receitas consolidadas cresceram 2,7%, impulsionadas pelo aumento de 4,7% da Tim Enterprise (responsável por um quarto do total), dedicada aos serviços para empresas, incluindo cloud e infraestruturas digitais.
Pelo contrário, os proveitos mais “tradicionais” revelaram dinamismo apenas no Brasil (+4,8%). A divisão Tim Consumer (essencialmente o mercado doméstico de telecomunicações) praticamente estagnou (+0,1%). Este desempenho mostra que o mercado italiano enfrenta um ambiente competitivo que limita a rentabilidade.
Por isso, a diversificação em novas áreas, como a energia, parece promissora. A Telecom poderá explorar a sua base de clientes, a quem oferecer soluções integradas, além da colaboração com os serviços postais italianos. Tendo em conta estas perspetivas, estimamos que a Telecom Italia regresse aos lucros em 2025: 0,01 euros por ação (ainda em ligeira perda no primeiro semestre), e lucros de 0,02 euros por ação em 2026 e 2027.
TotalEnergies
Manter
A TotalEnergies anunciou a redução da compra de ações próprias, o que era expectável desde a publicação dos resultados do segundo trimestre. A petrolífera francesa comprava de forma regular cerca de 2 mil milhões de dólares por trimestre.
Com o barril a cotar abaixo dos 70 dólares, o receio de preços mais baixos nos próximos trimestres e as pressões contínuas sobre as margens de refinação, a TotalEnergies decidiu cortar para 1,5 mil milhões de dólares no quarto trimestre de 2025 e para um intervalo entre 0,75 e 1,5 mil milhões por trimestre em 2026, de forma a preservar liquidez.
Com um cenário de barril entre 60 e 70 dólares, a TotalEnergies já não gerava liquidez suficiente para investir, pagar dividendos e comprar ações sem recorrer a endividamento. O aumento da dívida, ainda que controlado, funcionou como sinal de alerta para a administração.
A BP e a Chevron já tinham reduzido as suas compras no início do ano devido à menor geração de liquidez. Nesta fase, os dividendos dos gigantes energéticos não estão em risco.
Outro anúncio da TotalEnergies foi a decisão de passar a cotar as suas ações em Nova Iorque (em vez de através dos denominados ADR), com o objetivo de tornar os títulos mais atrativos para investidores norte-americanos. A medida não terá impacto sobre as ações cotadas em Paris.
A descida do preço do petróleo levou a TotalEnergies a reduzir a compra de ações próprias para preservar liquidez. Com os preços do petróleo ainda deprimidos, não alteramos o nosso conselho.