Ageas, BNP Paribas, Bpost, L’Oréal
Autor: Análise da equipa internacional de analistas da Euroconsumers
A L’Oréal expande em mercados como a perfumaria e a maquilhagem
Autor: Análise da equipa internacional de analistas da Euroconsumers
A L’Oréal expande em mercados como a perfumaria e a maquilhagem
Ageas
Comprar
A Ageas vai comprar, por 1,9 mil milhões de euros, 25% da AG Insurance ao BNP Paribas e assumir o controlo total da sua filial na Bélgica.
Cerca de 800 milhões serão financiados através das próprias disponibilidades (a Ageas dispunha de 1,1 mil milhões de euros de liquidez no final de junho), e por dívida, e 1,1 mil milhões serão financiados pela emissão de 18,5 milhões de novas ações ao preço de 60 euros por ação (ligeiramente acima da cotação em bolsa).
O número de ações aumentará quase 10%. Estas ações serão adquiridas pelo BNP Paribas que aumentará a sua participação na Ageas de 14,9% para 22,5% e mesmo para 24,1% se forem consideradas as ações sem direito de voto. O BNP Paribas, que não poderá elevar a participação além de 25% durante os próximos cinco anos, reforçará a sua influência sobre a Ageas.
Ao invés, a participação do Estado belga será diluída de 6,3% para 6%. A operação será acompanhada de uma prorrogação por 15 anos (a partir de 1 de janeiro de 2027) do acordo de distribuição dos seguros da AG Insurance pelas agências do BNP Paribas Fortis na área da “bancassurance”.
Um reforço da colaboração ao nível da gestão de patrimónios está previsto para o segundo trimestre de 2026, sujeita à aprovação das autoridades de supervisão. Sem risco de execução e sem custos, a operação terá um impacto ligeiramente positivo na solvabilidade, oferece uma rentabilidade atrativa com um retorno sobre o capital de 15 a 16%, aumentará o fluxo de caixa livre disponível e contribuirá diretamente para os lucros.
Além disso, a operação insere-se no plano estratégico Elevate27 cujos objetivos a Ageas reviu novamente em alta: fluxo de caixa livre de 2,3 mil milhões de euros até 2027 (antes 2,2) e a meta de remunerar os acionistas com 2 a 2,2 mil milhões de euros.
A operação apresenta aspetos positivos para a Ageas e simplifica a estrutura acionista. Com esta segunda operação de grande dimensão (após a Esure no Reino Unido), o capital disponível será utilizado de forma rentável.
Não excluímos ainda que, apesar do limite de participação acordado de 25%, o BNP Paribas pretenda aumentar novamente a sua participação, o que poderá alimentar de forma recorrente a especulação. A médio prazo, a Ageas poderá igualmente adquirir a Ethias, o que permitiria ampliar novamente a quota de mercado na Bélgica.
BNP Paribas
Manter
O BNP Paribas vai aumentar a participação de 14,9% para 22,5% no capital da seguradora belga Ageas, consolidando a posição de maior acionista. A operação é financiada pela venda à Ageas dos 25% que detinha na AG Insurance.
A alienação gerará uma mais-valia líquida de 0,65 euros por ação no primeiro semestre de 2026 e reforça a solidez do balanço. Um acordo de colaboração e distribuição reforçará os laços operacionais entre a gestão de ativos doe BNP Paribas, recentemente reforçada pela aquisição da Axa IM e a AG Insurance.
É uma operação favorável para o BNP Paribas, representa mais um avanço na estratégia de recentragem e de consolidação na zona euro. Acresce a outras operações como a aquisição das atividades de banca privada do HSBC na Alemanha, da Axa IM em França e a venda de ativos fora da zona euro.
A administração continua igualmente focada na redução de custos. Estes representavam 72% do volume de negócios em 2018, 68% em 2020 e entre 60% e 62% em 2025.
O objetivo é atingir 61% em 2026 e 58% em 2028. A diminuição da afluência às agências bancárias contribui para estas poupanças. As ambições para 2028 serão apresentadas a 5 de fevereiro, em simultâneo com os lucros de 2025. O banco francês reforçou a sua presença na Bélgica com o reforço no capital de Ageas. Não se perfila qualquer oferta pública de aquisição
Bpost
Manter
A bpost alterou a sua designação para Bnode. Esta mudança não tem impacto direto para os acionistas e o nome bpost mantém-se para a empresa cotada.
A Bnode representa uma nova identidade destinada a refletir a transformação de operador postal histórico em interveniente logístico internacional. A Bnode torna-se assim a marca do grupo, apoiada por três marcas operacionais: Paxon (serviços de logística no comércio eletrónico), Landmark Global (atividade transfronteiriça) e bpost (entregas de “último quilómetro” na Bélgica e nos Países Baixos). O bpost reduz assim as marcas de 31 para 4, com o objetivo de reforçar a coerência, a clareza e o impacto comercial.
A ação continua subavaliada, mas a eliminação do desconto só acontecerá quando a rentabilidade da bpost melhorar de forma duradoura e quando o plano #Reshape2029 produzir resultados. Enquanto aguardamos pelos primeiros efeitos, não alteramos o conselho.
L’Oréal
Vender
A L’Oréal confirmou confiança no crescimento da divisão de luxo (36% das receitas), a sua segunda principal atividade. O desenvolvimento assenta num portefólio de grandes marcas que a L’Oréal expande em mercados como a perfumaria e a maquilhagem.
Nos três primeiros trimestres, as vendas do luxo foram pouco dinâmicas: +2,2% e aquém dos 3,1% dos Produtos de Grande Consumo e aos 3,7% da Dermatologia.
Para acelerar a divisão do luxo, a L’Oréal apostou na compra, por 4 mil milhões de euros em outubro, da Kering Beauté. O grupo francês comprou ainda os perfumes de nicho Creed e ficou com acesso a marcas que reforçarão o seu portefólio.
Poderá criar, desenvolver e distribuir perfumes e produtos de beleza associados a grandes nomes como Balenciaga. Na dermatologia (16,7% das receitas), a L’Oréal acaba de duplicar a sua participação na suíça Galderma para 20% e investe no mercado indiano, onde a expansão permanece dinâmica devido ao crescimento da população jovem.
Depois de lucros por ação de 11,99 euros em 2024, mantemos as nossas estimativas: 12,7 euros em 2025 e 13,5 em 2026 euros.
O impacto imediato nos resultados da expansão no luxo através de aquisições será muito reduzido. As perspetivas de crescimento são insuficientes para justificar o nível atual da cotação.