Mota-Engil: lucros do primeiro trimestre crescem 35%

A ação regista uma valorização de 45,4% desde o início do ano de 2025.
A ação regista uma valorização de 45,4% desde o início do ano de 2025.
A Mota-Engil tem revelado um crescimento sólido dos lucros. O primeiro trimestre de 2025 revelou um crescimento significativo do EBITDA e do resultado líquido, em termos homólogos, tendo o EBITDA subido 9,52% para 215 milhões de euros e o resultado líquido subido 35% para 27 milhões de euros (0,09 euros por ação).
O volume de negócios atingiu 1365 milhões de euros, refletindo um crescimento sustentado, apesar do desinvestimento nas operações na Polónia — que contribuíram com 33 milhões de euros para o segmento Europa E&C no 1.º Trimestre de 2024 — e da conclusão do projeto Trem Maya, no México. Este crescimento foi impulsionado sobretudo pelo desempenho robusto das unidades de negócio de África E&C e Ambiente.
A construtora continua a focar-se na rendibilidade, crescimento sustentado com ênfase na performance, alinhado com a estratégia financeira, para assegurar o compromisso de cumprimento dos rácios de dívida definidos para 2026, sendo eles uma divida líquida sobre EBITDA menor que 2, e uma dívida bruta sobre o EBITDA menor que 4. A dívida bruta no fecho de 2024, situava-se nos 2 982 milhões de euros e a dívida líquida nos 1 732 milhões, o que respeitava os objetivos para as métricas desses rácios.
Em 2024, a área de Engenharia e Construção (E&C) foi responsável por 83% da faturação total, que atingiu um valor recorde de 5,951 milhões de euros, com um crescimento de 7% face a 2023.
A Mota-Engil tem apresentado um crescimento contínuo e sólido, demonstrando uma boa recuperação pós-2020, influenciada pelos seus ganhos extraordinários com venda de subsidiárias e pela sua boa gestão fiscal. Contudo, o custo da dívida é elevado e crescente, levando à possibilidade de o aumento das despesas com juros poder pressionar resultados futuros.
A empresa reforçou a sustentabilidade da sua dívida através do alinhamento das maturidades e da redução do custo médio do seu mix de financiamento. Neste contexto, destaca-se a recente emissão de Obrigações Ligadas à Sustentabilidade 2025-2030, no valor de €95 milhões — 1,9 vezes superior ao montante inicialmente previsto de €50 milhões — com um cupão de 4,5%. O mesmo foi feito para que a empresa conseguisse alargar a maturidade das suas dívidas.
A cotação da Mota começou o ano de 2025 nos valores de 2,91€, tendo depois tendo subido até 4,88€ no final de maio. Contudo o trading especulativo foi uma das causas que impactou a cotação da Mota-Engil, empurrando-a de novo para os valores de 3,50€. Mas depois voltou a subir e a ação regista uma valorização de 45,4% desde o início do ano.
Em 2025, a Mota-Engil anunciou a assinatura de quatro importantes contratos internacionais, reforçando a sua posição como um dos principais grupos de engenharia e construção com atuação global. Os contratos abrangem três continentes — Europa, América do Sul e África — e totalizam mais de 1,18 mil milhões de euros em valor agregado. Abaixo, detalhamos cada um deles.
O primeiro contrato foi celebrado na Arménia, no valor de aproximadamente 700 milhões de dólares (cerca de 614 milhões de euros), com a Lydian Armenia CJSC. Este projeto, com duração estimada de 72 meses, está localizado na região de Jermuk e conta com o envolvimento do Governo da Arménia e da United Gold, uma das principais empresas privadas do setor.
Foram estabelecidos 2 novos contratos no Brasil com a Petrobras, que entre si, geram mais 490 milhões para a carteira de encomendas da Mota.
Já o terceiro contrato foi firmado na República Democrática do Congo com a DP World, num valor de 230 milhões de euros. A iniciativa é considerada estratégica para o desenvolvimento das infraestruturas logísticas da RDC e reforça a presença da Mota-Engil no continente africano, em parceria com um operador logístico global.
A Mota-Engil e a Zagope, que disputaram o primeiro concurso para a construção da linha Violeta do Metropolitano de Lisboa, aliaram-se agora em consórcio no novo procedimento que foi lançado em abril com um preço base de 600 milhões de euros.
Ao concurso apresentaram-se o consórcio da Mota-Engil, Zagope e Spie Batignolles, assim como o agrupamento da Teixeira Duarte, Casais, Tecnovia, E.P.O.S., Somafel e Jayme da Costa, e o das espanholas FCC, Contratas y Ventas, Comsa e Fergrupo, também uma outra empresa, a MasterStylo – Eletricidade e Telecomunicações, também fez uma oferta.
De acordo com o Metro de Lisboa, os valores das propostas apresentadas serão divulgados depois de decorrido o prazo legal para a decisão de eventuais reclamações sobre a lista de concorrentes.
A ação regista uma valorização de 45,4% desde o início do ano de 2025.
O primeiro trimestre de 2025 mostrou um crescimento significativo (+10 % EBITDA, +35 % lucro líquido) e com a carteira de encomendas em alta, o que pode ser já o suficiente para bater o semestre homólogo. Revemos as nossas estimativas ligeiramente em alta. Para 2025, prevemos agora lucros por ação de 0,47 euros (antes 0,43), o que corresponde a um crescimento de cerca de 14% face ao ano anterior. Para 2026, estimamos lucros por ação de 0,50 (antes 0,48).
Os resultados do primeiro semestre de 2025 estão agendados para serem divulgados dia 27 de agosto.
Apesar de a empresa apresentar resultados sólidos, com métricas operacionais e financeiras consistentes, estes ficaram dentro das expectativas e não trouxeram surpresas relevantes ao mercado. Mantenha.