Apple, Netflix, Shell
Autor: Análise da equipa internacional de analistas da Euroconsumers

Apple aposta em Brad Pitt
Autor: Análise da equipa internacional de analistas da Euroconsumers
Apple aposta em Brad Pitt
Apple
Manter
O filme F1, com Brad Pitt, teve um excelente desempenho nos cinemas, gerando quase 300 milhões de dólares em receitas mundiais nos primeiros dias. Este sucesso representa uma vitória para a Apple, que produziu o filme com um orçamento estimado em cerca de 350 milhões de dólares.
Ao financiar o filme F1, a Apple tenta reforçar a sua presença no cinema mundial e impulsionar a plataforma Apple TV+, que já transmite filmes e séries. O filme será disponibilizado posteriormente na plataforma, acompanhado por uma campanha publicitária significativa. Um aumento de subscrições com a chegada do filme ao catálogo poderá trazer algum dinamismo à cotação da Apple.
Financeiramente, as receitas do filme terão pouco impacto face aos 391 mil milhões de dólares gerados pela Apple em 2023/2024 e ao lucro de 93,7 mil milhões.
A Apple TV+ integra a atividade “Serviços” (Apple Music, App Store), que representa 25% do total e gerou 96 mil milhões de dólares, com forte crescimento nos últimos anos. Fontes externas indicam que a Apple TV+ perde mais de mil milhões de dólares por ano. O sucesso comercial de F1 ajudará a reduzir essas perdas. No streaming, preferimos a Netflix.
A Apple apresenta uma situação financeira sólida, com uma base de clientes fiel e elevada rentabilidade. No entanto, o crescimento do volume de negócios é fraco para uma ação tecnológica. A valorização elevada leva-nos a recomendar apenas “manter”.
Netflix
Comprar
A cotação da Netflix está em alta e bate recordes sucessivos. Em 53 vezes o lucro estimado para 2025 e 41 vezes para 2026, a ação não está barata. Contudo, a margem operacional deverá subir para 29% este ano (face a 26,7% em 2024 e 20,6% em 2023), pelo que a Netflix lidera em rentabilidade.
A liquidez excedentária gerada pela atividade está a crescer e permite reforçar constantemente o catálogo de filmes e séries, atraindo novos subscritores. A atratividade da plataforma aumenta e alimenta um verdadeiro círculo virtuoso.
Com apenas 21% do mercado de streaming nos Estados Unidos e cerca de 9% da audiência televisiva, o potencial de crescimento continua elevado. Um aumento das receitas entre 10% e 15% ao ano e um lucro por ação que pode duplicar em 3 ou 4 anos parece-nos um cenário perfeitamente razoável.
Shell
Manter
No segmento do gás, a Shell reduziu ligeiramente o limite superior das previsões de produção para o segundo trimestre de 2025. A produção de GNL também foi revista em baixa. Estes dados são dececionantes, sobretudo após vários trimestres de surpresas positivas.
Também os resultados da atividade de trading de gás deverão cair acentuadamente, apesar de este segmento ter sido um forte motor de crescimento. A situação é mais difícil na Química, que apresentará prejuízos devido à manutenção não programada de uma unidade nos EUA e à menor dinâmica da procura.
Estas dificuldades validam a estratégia da Shell de se sair destas áreas, com a venda de ativos na Europa e nos EUA. A Shell pretende concentrar os investimentos nos segmentos mais rentáveis, como o GNL. Não houve surpresas negativas na exploração petrolífera.
A venda de ativos levará, como esperado, a uma redução da produção de petróleo face ao primeiro trimestre. Estas atualizações da Shell surgem num contexto muito volátil para o preço do petróleo, marcado por uma oferta abundante (aumento da produção da OPEP+) e desaceleração da procura global.
A atualização das perspetivas para o segundo trimestre de 2025 foi um pouco dececionante, embora não alarmante. A Shell manteve os objetivos para 2025-2028.