O lucro da EDP cresceu 17% no primeiro trimestre, para os 0,09 euros por ação, em linha com o previsto, a beneficiar da redução do imposto sobre o rendimento e de menores interesses minoritários.
A nível operacional, realce pela positiva para o negócio das redes de eletricidade no Brasil, após o sucesso da OPA que a EDP lançou sobre a EDP Brasil. O segmento eólico e solar beneficiou de ganhos com a rotação de ativos, mas foi penalizado pela queda da produção e baixo preço da eletricidade. O EBITDA total caiu 5%, afetado também pela queda da margem na produção e comercialização na Península Ibérica. A nível financeiro, o resultado melhorou 9%, com o custo médio da dívida a baixar um pouco, apesar da dívida ter subido devido ao forte investimento em curso.
Face à conjuntura de elevadas taxas de juro e baixos preços da eletricidade, a EDP reduziu o investimento previsto entre 2024 e 2026 de 6,2 mil ME para 5,7 mil ME por ano (80% em renováveis e 20% em redes), centrando-se nos projetos mais rentáveis. Como consequência, a meta de instalação de nova capacidade renovável reduziu-se de 4 para 3 GW anuais. O grupo baixou ainda um pouco as metas de EBITDA e lucro líquido até 2026, devido também a uma previsão muito mais baixa para o preço da eletricidade em 2026 (58 vs. 82 MWh em março de 2023).
A política de dividendos é para manter, com o objetivo de chegar a um dividendo bruto mínimo de 0,20 euros em 2026 (0,195 este ano). Estes ajustes eram necessários, até para o endividamento não ser excessivo, e não comprometem o crescimento futuro do grupo, que, em contrapartida, poderá beneficiar do facto da atual conjuntura estar a afastar empresas do mercado.
A elétrica anunciou ainda uma nova estrutura organizacional, assente num modelo matricial que engloba 5 regiões (Ibéria, Europa, América do Norte, América do Sul e Ásia-Pacífico) e 4 plataformas (Gestão de ativos renováveis, Gestão de energia, Soluções para clientes e Redes). O objetivo é melhorar a rentabilidade, a eficiência e a agilidade, gerando poupanças de custos.
Mantemos a previsão de lucro por ação de 0,30 euros em 2024 e 0,31 em 2025.
Conselho
Dado o contexto setorial desafiante, os resultados da EDP foram positivos. A redução do investimento e das metas de resultados já era esperada e não põe em causa as perspetivas do grupo a longo prazo. Pode comprar.