A EDP Renováveis (EDPR) registou perdas inesperadas de 0,13 euros por ação no quarto trimestre, pelo que o lucro de 2023 foi de apenas 0,30 euros por ação, um valor abaixo do esperado e inferior em 50% face a 2022. Em causa, está a queda de 6% dos preços médios de venda, só em parte compensada pelo aumento de 4% da produção, menos vento por causa do El Niño, e a subida dos custos com impostos clawback na Roménia e Polónia, atrasos em projetos solares nos EUA e em eólicos na Colômbia e elevadas imparidades na Colômbia. Tudo somado, as receitas caíram 6% e o lucro operacional recuou 38%.
À semelhança do ano anterior, a EDPR propõe um programa de scrip dividend para 2024, em que serão atribuídos aos acionistas direitos de incorporação, que podem escolher ou combinar 3 opções: vendê-los à EDPR a um preço fixo; vendê-los em bolsa ou receber novas ações a serem emitidas. Os detalhes serão definidos após aprovação em Assembleia Geral, mas o objetivo é resguardar a liquidez da empresa. A EDP, que detém 71,27% da EDPR, vai ficar com os direitos e subscrever novas ações.
A conjuntura do setor das energias renováveis não é a melhor e alguns problemas manter-se-ão em 2024. Taxas de juro elevadas, aumento dos custos, morosidade nos licenciamentos, etc, condicionam o investimento das empresas. Por outro lado, o preço da eletricidade continuará sob pressão, apesar de a EDPR ter muitos projetos blindados por contratos de venda de energia a longo prazo. Ainda assim, os problemas nas cadeias de abastecimento estão a dissipar-se e o setor registará um forte crescimento nos próximos anos, pelo que a situação tenderá a melhorar, até porque a transição energética é um processo irreversível e a EDPR é uma empresa de qualidade.
O grupo irá focar-se nos projetos mais rentáveis e quer instalar 4GW de nova capacidade em 2024 (2,5 GW em 2023). Além disso, continuará a vender ativos para financiar parte do crescimento e a inovar, por exemplo, com a criação de parques híbridos, que produzem energia eólica e solar em simultâneo.
Reduzimos as previsões de lucros por ação, de 0,61 para 0,43 euros, em 2024 e de 0,67 para 0,62 euros, em 2025.
Conselho
A conjuntura setorial não é a melhor e ainda terá efeitos negativos nos lucros de 2024, mas as perspetivas a longo prazo são boas e a queda do título é uma boa oportunidade para investir a longo prazo. Pode comprar.