A BlackRock é a maior gestora de ativos do mundo, com 8,6 biliões de dólares no final de 2022. Tem clientes profissionais como fundos de pensões e seguradoras e particulares que desejam poupar.
Obtém 80% das receitas com comissões de gestão e de desempenho, empréstimos de títulos, etc. A venda de serviços tecnológicos representa 7,6% das receitas e o restante provém de consultoria, etc.
Cerca de 65% do capital gerido está em produtos passivos (ETF), 27% em fundos ativos e 8% na gestão de liquidez.
A BlackRock possui a gama iShares de ETF, fundos que acompanham fielmente a evolução de um índice bolsista. Os custos de gestão muito baixos tornaram estes produtos cada vez mais atrativos, em detrimento dos fundos ativos.
Além disso, são negociados em bolsa, o que agrada aos clientes profissionais. O mercado ETF beneficia igualmente das novas formas de corretagem que facilitam a negociação rápida de títulos.
ETF baratos e inovadores
A estratégia assenta no volume: atrair mais clientes para reduzir custos e oferecer comissões de gestão o mais baixas possíveis.
A BlackRock tem a gama mais barata do mercado. Por exemplo, o custo anual do iShares Core S&P 500 ETF (US4642872000) é de apenas 0,03%!
Para atrair novos clientes, aposta em produtos inovadores de temas específicos e na moda, como o Metaverse (iShares Metaverse), energia limpa (iShares Global Clean Energy) e empresas baseadas em tecnologias disruptivas (iShares Exponential Technologies).
Recentemente, os ETF ativos destinados a superar um benchmark também se tornaram na moda.
A competição entre a BlackRock e os seus concorrentes americanos (Vanguard e State Street) baseia-se na inovação dos ETF, mas a desvantagem de aproveitar as novas tendências e ideias é que corre também o risco de “soterrar” os clientes com mais produtos.
Nos últimos anos, a BlackRock aposta ainda em novos serviços, como o Aladdin, um software de gestão de carteiras: alocação de ativos, seleção de produtos, medição de risco, etc. Desenvolvido para uso interno, é agora comercializado fora do grupo.
Controvérsias
A BlackRock é regularmente questionada sobre a sustentabilidade das suas estratégias de investimento. De acordo com os críticos, o grupo não faz o suficiente em favor dos critérios do ESG (ambiente, sociedade, governação) nos seus investimentos.
Muitas ONG acusam a BlackRock de continuar a investir muito em combustíveis fósseis e pode haver o risco de boicotes. Em sentido total oposto, alguns Estados americanos mais conservadores acusam a BlackRock de ligar aos critérios ESG, em detrimento da rentabilidade.
Assim, os Estados da Florida, Texas ou Missouri retiraram o seu dinheiro que era gerido pela BlackRock. Até agora, esses montantes estão limitados a apenas alguns milhares de milhões, o que não afeta muito os resultados, mas estas controvérsias vão continuar.
Conselho: comprar
Apesar da queda dos mercados em 2022, a BlackRock voltou a atrair capital para gerir.
A empresa mostrou ser capaz de suportar condições de mercado difíceis, como poderá acontecer este ano, dependendo do abrandamento das economias e das políticas monetárias dos bancos centrais.
Continua a ser líder no mercado de gestão de ativos, o que ajudará a crescer nos próximos anos, embora a concorrência se mantenha dinâmica.
Esperamos, por isso, bons números de crescimento orgânico em 2023 e 2024. O dividendo deverá subir nos próximos anos, mas pode ser a um ritmo mais lento se os mercados financeiros continuarem muito voláteis.
Por fim, ao nível atual, a cotação representa uma oportunidade para se posicionar nesta ação e, assim, apostar na recuperação dos mercados de capitais.
Em 19 vezes os lucros esperados para 2023, as ações não estão subvalorizadas, mas estão próximas da média do mercado norte-americano, apesar do maior potencial de crescimento e da qualidade dos resultados da BlackRock.
Pode comprar.