A Mota-Engil apresentou um resultado líquido semestral de 12 milhões de euros (0,04 euros por ação). Um aumento de 37% em relação a igual período do ano passado. No entanto, o EBITDA cresceu apenas 14% e a margem EBITDA até caiu 1 p.p. de 16% para 15%, essencialmente devido ao aumento dos custos.
Esta discrepância entre as variações do EBITDA e do resultado líquido é explicada pela rúbrica “interesses que não controlam”, visto que ocorreu uma redução homóloga de 6 milhões de euros, justificada, essencialmente, pelas empresas da área de tratamento e valorização de resíduos, as quais no primeiro semestre de 2021 beneficiaram de uma correção extraordinária de tarifas aprovada pelo Regulador.
O volume do caderno de encomendas atingiu 9,2 mil milhões de euros, um novo recorde. A atividade em Portugal cresceu 18%, mas diminuiu 7% na Europa. Essencialmente devido a uma maior seletividade na apresentação de propostas comerciais na Polónia, em função da elevada volatilidade na região, assim como pelo efeito da venda das operações no Reino Unido e Irlanda, realizada em janeiro.
Noutras áreas geográficas, os números são bem mais animadores. Em África o crescimento foi de 54% e na América Latina de 36%. Já no terceiro trimestre, a empresa celebrou contratos em Angola, México e Brasil, no valor de 2,2 mil milhões de euros. Ainda mais recentemente foi anunciado o contrato para a realização do alargamento do metro de Monterrey (México) no montante de 1,3 mil milhões de euros.
A dívida continua a ser o grande problema da empresa, apesar dos bons resultados operacionais o endividamento só diminuiu 9 milhões de euros no primeiro semestre. Uma gota no oceano de dívida que atinge o valor total de 1117 milhões de euros (a variação não chega a 1%). O aumento das taxas de juro dificulta ainda mais a já complexa gestão destes encargos.
Para além disso, a subida de custos em geral, e em particular dos materiais de construção, está a ter um impacto negativo nas margens e o cenário de uma recessão global, que é cada vez mais provável, pode impactar negativamente o volume de negócios.
A nossa estimativa de lucro por ação é de 0,09 euros em 2022, crescendo para 0,16 euros em 2023.
O nosso conselho
As obras públicas são, muitas vezes, uma forma de os governos estimularem as suas economias em momentos de contração, o que pode fazer com que uma possível recessão global não seja tão severa para a empresa. Em sentido oposto, o aumento dos custos das materiais e da dívida são enormes desafios. Limite-se a manter, caso possua este título.
Cotação à data da análise: 1,09 euros