A forma como os portugueses utilizam a internet no seu dia-a-dia, para efetuar pagamentos, aceder ou controlar as suas contas, coloca Portugal à frente da Finlândia, Grécia, Países Baixos, Itália e Suécia, em matéria de literacia financeira digital. O nosso País ocupa, de acordo com o Inquérito à Literacia Financeira da População Portuguesa, realizado em 2023 e agora divulgado, o 8.º lugar da OCDE, com uma pontuação de 61,7 pontos. Destacam-se os resultados acima da média sobre a não-partilha de palavras-passe e outras informações pessoais, a leitura das condições aplicáveis às compras online, verificação da segurança dos sites e reconhecimento de que os criptoativos não têm o mesmo curso legal que as notas e moedas.
Todavia, há ainda um longo caminho a percorrer na inclusão financeira digital, dado que cerca de um quarto da população adulta em Portugal não acede à internet. Quanto à literacia financeira propriamente dita, a falta de conhecimentos, a inércia e o conservadorismo continuam a ser o calcanhar de Aquiles dos portugueses. Segundo o Conselho Nacional de Supervisores Financeiros – que integra a Autoridade de Supervisão de Seguros e Fundos de Pensões, o Banco de Portugal e a Comissão do Mercado de Valores Mobiliários –, alguns indicadores melhoraram face ao inquérito anterior, mas persistem importantes lacunas em questões relacionadas com o cálculo de juros simples e compostos, diversificação de risco e poder de compra. Estes são conceitos fundamentais para bem gerir as poupanças. A pouca proatividade na aplicação da poupança em produtos financeiros é outro resultado menos positivo.
A maioria dos inquiridos admitiu que deixa as poupanças na conta de depósitos à ordem. Além destes, os produtos mais detidos são os seguros (43,8%) e os depósitos a prazo (34,2 por cento). As fontes mais utilizadas para obter informação sobre produtos financeiros continuam a ser as recomendações da instituição onde se tem conta, de familiares ou amigos.
A sustentabilidade é uma área em que os entrevistados revelam pouco conhecimento, com a maioria a afirmar que não sabe o suficiente sobre investimentos sustentáveis. A maioria referiu ainda que paga as contas a tempo (85,9%), evita compras por impulso (85%), não tem demasiadas dívidas (78,5%) e controla sistematicamente as finanças pessoais.
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